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Uma compilação de citações e pensamentos sobre vegetarianismo e respeito pelos animais ao longo dos tempos

Associação Vegetariana Portuguesa, 2015 Nota: Nem todos os autores das citações foram vegetarianos. A linguagem poderá conter algumas expressões aos nossos olhos desadequadas (e.g. “animais inferiores”), no entanto, deverá ter-se em conta a época em que foram escritas. Notámos que muitas compilações de citações sobre vegetarianismo e direitos dos animais que há na internet (a até em alguns livros) contêm citações que não são, na verdade, da autoria das figuras históricas a que são atribuídas (como as famosas citações atribuídas a Leonardo da Vinci e a Abraham Lincoln). Tendo isso em consideração, procurámos incluir aqui apenas aquelas cuja autenticidade conseguimos verificar.

“É que varões não medíocres, mas insignes e doutos, Pitágoras e Empédocles, declararam que só existe uma condição jurídica para todos os seres animados e proclamaram que penas inexpiáveis impendem sobre aqueles que tenham maltratado um animal.”- Cícero (106-43 a.C.), Tratado da República, III, 3.19 (tradução de Francisco de Oliveira, Circulo de Leitores/Temas e Debates, 2008).  

  “…abstendo-se esses povos da carne como se fosse impiedoso comê-la ou com o se o sanguemaculasse os altares dos deuses; em substituição a isto, os homens que, comonós, existiam então viviam o que é chamado de “vida órfica“,sustentando-se totalmente de alimento de seres inanimados e abstendo- setotalmente de alimento oriundo de seres animados.”-Platão (ca. 429-347 a.C.), “As Leis”. Foto: Marie-Lan Lguyen.

“Alguém, no entanto, talvez possa dizer que nós também tiramos algo às plantas [quandoas comemos e usamos em sacrifícios aos Deuses]. Mas a ablação não é parecida,uma vez que não tiramos isto daqueles que não têm vontade que o façamos. Pois,se negligenciássemos colhe-los, elas deixariam os seus frutos caírem espontaneamente.A colheita dos frutos, também não é acompanhada pela destruição das plantas,como acontece quando os animais perdem o seu princípio vital.”-Teofrasto (ca. 371 a.C.-ca.287 a.C.)provavelmente em “Sobre a piedade”,conforme citado por Porfírio na sua obra “DaAbstinência do Alimento Animal”, II, 13. A partir da tradução de ThomasTaylor, na edição de Esmé Wynne-Tyson.  


Ó mortais, parai de poluir os vossos corpos com alimentos

abomináveis! Há searas, há os frutos que vergam os ramos

com o seu peso, e os cachos de uvas inchados nas vinhas;

há vegetais deliciosos e aqueles que podem ficar agradáveis

e mais tenros pelo fogo. […]

A terra pródiga dá riquezas e fartura de alimentos gentis,

e oferece iguarias sem necessitar de matança e de sangue. […]

Oh! que medonho crime, enterrar vísceras nas vísceras,

engordar o sôfrego corpo amontoando nele outro corpo,

um ser vivo viver à custa da morte de outro ser vivo!

E entre tantos recursos que a terra, melhor das mães,

produz, nada te contenta senão mastigar com cruel dente

feridas horríveis e trazer de volta os hábitos dos Ciclopes?

Nem poderias acalmar a fome da tua voraz e imoral

pança, sem que destruas a vida de uma outra criatura?

– Ovídio (43 a.C- 17/18 d.C), Metamorfoses, Livro XV, O discurso de Pitágoras. (Tradução de Paulo Farmhouse Alberto, Livros Cotovia, 2007, pp. 366-367.)

“Vê bem a mistura de iguarias que o nosso luxo gastronómico – e para tal devasta a

terra e o mar ! – consegue fazer passar por um só esófago!”

Lúcio Aneu Séneca (ca.4 a.C. – 65 d.C.),

“Cartas a Lucílio”, 95.19. (tradução

de J. A. Segurado Campos, Fundação Calouste Gulbenkian, 2009).

“Sótion

costumava explicar as razões por que Pitágoras, e tarde Sêxtio, se recusavam a

comer carne de animais. As razões de um de outro eram distintas, mas ambas

dignas de admiração. Sêxtio entendia que o homem dispõe de alimentos

suficientes sem precisar de causar mortes; além disso, quando se cria o prazer

de dilacerar a carne dos animais, facilmente a crueldade se torna num hábito. […]

Pitágoras, por seu lado, afirmava o parentesco absoluto entre todos os seres

vivos, a ligação entre todas as almas e a respectiva transmigração de corpo para

corpo.”

Lúcio Aneu Séneca, “Cartas a Lucílio”, 108.17-19.

“Aos homens, imperador, a terra fez crescer tudo. E os que desejam viver em paz com os

animais não necessitam nada, pois há frutos da terra, para nutrição de seus

filhos, que são colhidos e outros que são obtidos com o arado, de acordo com as

estações. Mas os homens, como se não tivessem ouvido a terra, afinaram sua faca

contra os animais em busca de vestimentas e alimentos.”- Apolónio de Tiana (ca. 15- ca.100),

segundo Filóstrato, na “Vida de Apolónio de Tiana”, VIII, 7, 4 (passagem

no artigo “O vegetarianismo do mago Apolônio

de Tiana como exercício espiritual, de Semíramis Corsi Silva, no “Philía: Jornal Informativo de História

Antiga”, Nº 46).

“Perguntas-me por que motivos Pitágoras se absteve de se alimentar com a carne dos animais.

Pela minha parte, pasmo de que espécie de sentimento, espírito ou razão estava

possuído aquele que primeiro poluiu a sua boca com sangue e consentiu que os

seus lábios tocassem a carne dum ser assassinado, que espalhou sobre a sua mesa

os membros despedaçados de corpos mortos e pediu como alimento quotidiano e

prato delicado o que há pouco era um ser dotado de movimento, de percepção e de

voz?…

Que luta pela existência ou que excitada loucura incitou a ensopar em sangue as tuas mãos, a ti que tens sempre abundância de todas as coisas necessárias para viveres? Porque desmentes a terra como se ela fosse incapaz de te alimentar e nutrir? Porque atormentas Ceres que humaniza, e desonras as doces e suaves dádivas de Baco, como se não tivesses nelas o bastante? Não te envergonhas de misturar o assassínio e o sangue aos seus frutos benéficos?”

– Plutarco (ca. 46-120), “Moralia”, Sobre o consumo de carne, tradução de Jaime de Magalhães Lima.

“Uma aranha toda se ufana de ter capturado uma mosca; aquele homem, uma lebre;

outro, um robalo à linha; outro, um porco-bravo na ratoeira; aqueles, ursos;

aqueloutro, sármatas. Ora toda essa populaça, bem vistas as coisas, em que

difere dos salteadores?”

Marco Aurélio (121-180), Pensamentos, X, 10. (Tradução de João

Maia, Biblioteca Editores Independentes, 2008, p. 121.)

“Deixo de insistir no facto de que, se nos

pusermos na dependência do argumento da necessidade ou da utilidade (do

carnivorismo), não podemos deixar de admitir por implicação que nós mesmos

fomos criados só por causa de certos animais destruidores, como os crocodilos,

as serpentes e outros monstros, porque não recebemos deles o menor benefício.

Pelo contrário, são eles que apanham, destroem e devoram os homens que

encontram – fazendo o que não procedem de modo algum menos cruelmente do que

nós. De resto, eles são assim selvagens por necessidade e fome; e nós por

insolente lascívia e luxuriosos prazeres, divertindo-nos, como usamos no circo

e nos morticínios da caça. Em tais acções fortificamos em nós uma natureza

bárbara e brutal que torna os homens insensíveis ao sentimento da piedade e

compaixão. Aqueles que primeiro perpetraram essas iniquidades fatalmente

entorpeceram a parte mais importante da alma. Por isso é que os discípulos de

Pitágoras consideram a bondade e a graça com os animais inferiores um exercício

de filantropia e graça.”

Porfírio (ca. 234-ca.304/309), Da Abstinência do Alimento Animal, (tradução de Jaime de Magalhães Lima)

“Sairá um grande ruído das sepulturas dos que tiveram má e violenta morte.”

(Da boca do homem que é sepultura)

– Leonardo da Vinci (1452-1519), Bestiário, Fábulas e outros escritos (Tradução

de José Colaço Barreiros, Biblioteca Editores Independentes, 2007), p. 82.

“Estes não terão fim na sua malignidade; pelos ferozes membros destes cairão por terra

grande parte das árvores das grandes florestas do universo; e como serão

nutridos, o alimento dos seus desejos será dar morte e ânsia e fadigas e

terrores e fuga a toda e qualquer coisa animada. E pela sua desmedida soberba

les quererão erguer-se até ao céu, mas o peso enorme dos seus braços

mantê-los-á em baixo. Nada ficará sobre a terra, ou sob a terra e a água, que não

seja perseguida, retirada ou estragada; e a de um país levada para outro; e o

corpo destes se fará sepultura e trânsito de todos os seus já mortos corpos

animados.

Ó mundo, porque não te abres? E precipita nas altas covas dos teus grandes

abismos e grutas e não mostres mais ao céu tão impiedoso e cruel monstro!”

(Da crueldade do homem)

– Leonardo da Vinci, Ibid., pp. 83-84.

“Tinha grande apreço por toda a espécie de animais, que tratava com grande amor e paciência. Quando, por exemplo, passava em sítios onde vendiam pássaros, tirava-os muitas vezes da gaiola com as suas mãos e, tendo pago o preço pedido pelo vendedor, deixava-os voar, restituindo-lhes assim a liberdade perdida.”

– Giorgio Vasari (1511-1574), sobre Leonardo da Vinci, em “As Vidas dos Artistas” (tradução de Victor Hugo Antunes em “Leonardo da Vinci: O voo da mente” de Charles Nicholl, Bertrand Editora, 2006, p. 62).“A carne humana e a carne dos animais são idênticas e o seu sangue carmesim é também o mesmo.”

– Kabīr (ca. 1440- ca. 1518) (A Translation of Kabīr’s Complete Bījak, trans. Prem Chand, Calcutta, 1911)

“Com esta assídua perseguição às feras de que se alimentam com gosto, acabam por

degenerar em feras embora julguem levar uma vida régia.”-

Erasmo de Roterdão (1466-1536), “Elogio da Loucura” (1511), tradução de

Álvaro Ribeiro, Guimarães Editores.“Os

seus sacrifícios não são cruentos, pois pensam que Deus não se compraz no

sangue e na morte, pois deu a vida às criaturas para que a vivessem.”-

Thomas More (1478-1535),“Utopia” (1516),

Tradução de Maria Isabel Gonçalves Tomás, Publicações Europa-América.

“Quanto a mim, nunca pude sequer ver perseguirem e matarem um inocente animal, sem

defesa, e do qual nada temos a recear, como é o caso da caça ao veado, o qual,

quando sem fôlego e sem forças, e sem mais possibilidade de fuga, se rende e

como que implora o nosso perdão com lágrimas nos olhos: “gemendo, ensangüentado,

pede misericórdia” [Virgílio]. Um tal espetáculo sempre me pareceu muito

desagradável. Se pego algum animal vivo, dou-lhe liberdade. O mesmo fazia

Pitágoras que comprava peixes e pássaros para os soltar: “Foi, creio, como o

sangue dos animais que o ferro se tingiu pela primeira vez.” [Ovídio]. Os que

são sanguinários com os bichos, revelam uma natureza propensa á crueldade.

Quando se acostumaram em Roma com os espetáculos de matanças de animais,

passaram aos homens e aos gladiadores.”

Michel de Montaigne (1533-1592),“Ensaios”,

Livro Segundo, capítulo XI, “Da crueldade”,

tradução de Sérgio Milliet, São Paulo, Nova Cultural, 1991.

“Essa falha que impede nossa comunicação recíproca tanto pode ser atribuída a nós

como a eles, que consideramos inferiores. Está ainda por estabelecer a quem

cabe a culpa de não nos entendermos, pois se não penetramos o pensamento dos

animais, eles tampouco penetram os nossos e podem assim nos achar tão irracionais

quanto nós os achamos. […]

Disse tudo isso para estabelecer a semelhança

que há entre os seres da criação e recolocarmo-nos entre as demais criaturas.

Não estamos acima nem abaixo delas. Tudo o que existe sob os céus esta sujeito

á mesma lei e às mesmas condições: “tudo se prende ao destino” [Lucrécio]. Há

diferenças, ordens e graus diversos, mas de um modo geral os caracteres

essenciais são os mesmos: “cada coisa viva tem a sua organização própria, e

todas conservam as diferenças estabelecidas pela natureza” [Lucrécio]. É

preciso limitar o homem e coloca-lo entre as barreiras dessa ordem universal.” […]

Eis por que eu não digo que não haja razão para

pensar que os animais fazem instintivamente e determinadamente o que nós mesmos

fazemos por vontade e intervenção própria. Os mesmos resultados decorrem de

idênticas faculdades, e quanto mais ricos os resultados mais ricas as

faculdades, o que nos leva a concluir que raciocínios e meios idênticos aos

nossos atos acompanham os atos dos animais, os quais têm, ocasionalmente,

faculdades superiores às nossas. Por que imaginar que neles a ação é maquinal e

em nós não? […] Os habitantes da Trácia, quando têm que atravessar um rio

gelado, servem-se de uma raposa que caminha á sua frente. Vê-se o animal

aproximar o ouvido do gelo, até toca-lo para verificar se a água corre perto ou

longe. Verificada a espessura do gelo, avança ou recua. Não somos levados a

pensar que em seu cérebro se observa um processo racional semelhante ao que se

processaria no nosso? […] Atribuir o acto da raposa á acuidade de ouvido, sem

reflexão de sua parte, é uma quimera que o nosso espírito não pode aceitar.

Igual opinião devem merecer todas as invenções e astúcias a que recorrem os

bichos para se verem livres da nossa perseguição. Se em prol da nossa

superioridade, quisermos argumentar com o facto de os aprisionarmos,

emprega-los á vontade a nosso serviço, direi que o mesmo podemos fazer com

outros homens.”

Michel de Montaigne,“Ensaios”,

Livro Segundo, capítulo XII, “Apologia de

Raymond Sebond”

“Vi outrora homens vindos por mar de longínquos países. Como não compreendíamos sua

língua e seus costumes, suas atitudes e suas vestimentas não se assemelhavam

aos nossos, consideramo-los selvagens e estúpidos. Atribuímos à sua estupidez o

fato de não falarem francês e se calarem, de ignorarem o beija-mão, nossas

reverências requintadas, nossas maneiras, tudo isso a que, sob pena de

incorreção, desejaríamos se moldasse toda a humanidade. Condenamos tudo o que

nos parece estranho e também o que não compreendemos. E por esse prisma

julgamos os animais.”

Michel de Montaigne, Ibid.

“ReiHenrique[…]Tu nunca os prejudicaste, nem a ninguém causaste prejuízo; mas assim como o magarefetira o vitelo do estábulo, amarra o infeliz, e lhe bate, quando intenta fugir,ao ser levado ao sangrento matadouro, assim, sem remorsos, o trouxeram elesaqui. E assim como a vaca corre, amorosa, para um lado e para o outro, olhandopara o caminho por onde o seu inocente filho foi, e nada pode senão mugir pelaperda do seu querido, assim eu também deploro a situação do bom Glocester comas tristes lágrimas da desesperança; e com os olhos marejados sigo-o com avista, mas impossibilitado de fazer-lhe bem – tão poderosos são os seusencarniçados inimigos.”-William Shakespeare (1564-1616), “O Rei Henrique VI”, acto terceiro, (traduçãode Henrique Braga, Porto: Lello & Irmão, 1955).   

“O

Duque

Pois

bem, e se fôssemos matar alguma caça?Contudo,

tenho pena de ver esses inocentes

Malhados,

esses burgueses das cidades florestais,No

seu próprio terreno, assassinados por setas,

Que

sujam com sangue os seus bonitos flancos arredondados.”-

William Shakespeare, “Como lhe aprouver”, acto segundo,

(tradução de Henrique Braga, Porto: Lello & Irmão, 1955).“Tudo

o que nos é necessário como alimento, tudo o que deve refrescar-nos, e dar-nos

prazer, nos é oferecido abundantemente nesse armazém inesgotável do reino

vegetal.”

John Ray (1627-1705), em “Acetaria” (1699) de John Evelyn (tradução

em O Vegetariano, vol. I, p. 134).

  “Priva-te sempre daqueles alimentos que não possam ser obtidos sem violência e opressão.”- Thomas Tryon (1634-1703), “Wisdom’s Dictates” (1691)“Muitas vezes pensei que, se não fosse pela tirania que o costume exerce em nós, os homens duma natureza medianamente boa nunca se reconciliariam com a acção de matarem tantos animais para seu sustento quotidiano, enquanto a liberalidade da terra tão abundantemente lhes faculta as delicadas variedades de vegetais.”- Bernard de Mandeville (1670-1733), The Fable of the Bees, 1714, (tradução de Jaime de Magalhães Lima)

“Não consigo encontrar nenhuma diferença, com base apenas na razão e na equidade,

entre a alimentação com carne humana e a alimentação com carne animal,

excepto o costume e o exemplo.”

– George Cheyne (1671-1743), “Essay

on Regimen” (1740).

“As lagostas assadas vivas, os porcos fustigados até à morte, as avesamanhadas, são testemunho da nossa luxúria. Aqueles que, na frase de Séneca, repartem a vida entre uma consciência ambiciosa e um estômago enauseado, têm ajusta recompensa da sua gula nas doenças que ela acarreta. Porque os selvagens humanos, como os outros animais bravios, encontram ratoeiras e venenos nasprovisões da vida e enganados pelo apetite correm à própria destruição. Nãoconheço nada mais repelente do que o aspecto duma das suas cozinhas coberta de sangue onde se ouvem os gritos dos seres que expiram em torturas. Dá-nos a imagem da caverna dum gigante nos romances, juncada de cabeças dispersas e membros lacerados daqueles que a sua crueldade chacinou.”- Alexander Pope (1688-1744), ”The Guardian”, No. 61, Thursday, 1713. (tradução de Jaime de Magalhães Lima)  

“A Franga: Que horrendos patifes! Estou

prestes a desfalecer. Como? Furarem-me os olhos! Cortarem-me o pescoço!

Assarem-me e comerem-me! Esses celerados não têm um pingo de remorsos?

O Frango: Não, minha amiga; os dois abades de

que te falei diziam que os homens nunca têm remorsos das coisas que têm o

hábito de fazer.

A Franga: A detestável corja! Aposto que

quando nos devoram ainda se põem a rir e a contar ditos anedóticos, como se

nada fosse.”

– Voltaire

(1694-1778), “Diálogo da frango e da

franga” (1763), tradução de Susana Pires, Estrofes & Versos, 2010.

  “Que néscio é afirmar que os animais são máquinasprivados do conhecimento e do sentimento, agindo sempre de igual modo, e que nãoaprendem nada, não se aperfeiçoam, etc.!Pode lá ser!… Então esse pardalico queconstrói o ninho em semi-círculo quando o prende a uma parede, que o constróinum quarto de círculo quando o faz num ângulo e em círculo num ramo de árvore –faz tudo de igual modo? O cão de caça que ensinaste a obedecer-te durante trêsmeses, não estará a saber mais ao cabo desse período do que sabia no inicio daslições? O canário a quem tentas ensinar uma melodia, repete-a logo no mesmoinstante, ou não levarás um certo tempo a fazer-lha decorar? E não reparastecomo se engana, com frequência, e vai corrigindo depois?”- Voltaire, “Dicionário filosófico”(1764), tradução de João Lopes Alves e Bruno da Ponte, Presença, 1966.

“Qual é o bárbaro que poderia

assar um cordeiro, se esse cordeiro nos conjurasse por um discurso comovedor a

que não fôssemos ao mesmo tempo assassinos e antropófagos?”- Voltaire,

“Dicionário filosófico”, tradução de Jaime

de Magalhães Lima.“Ah! Foi porque os homens, infelizmente, acabaram por adquirir o hábito de nos comer, em vez de conversar e de se instruir connosco. Bárbaros! Não deviam estar convencidos de que, uma vez que temos os mesmos órgãos que eles, os mesmos sentimentos, as mesmas necessidades, os mesmos desejos, tínhamos aquilo a que se chama uma alma, assim como eles; que éramos seus irmãos […]? […]Os homens alimentados de carne animal, e cuja sede é saciada por bebidas fortes, têm todos o sangue azedo e adusto que os deixa loucos de cem maneiras diferentes. A sua principal demência é o furor de derramar o sangue dos seus próprios irmãos, e devastar as planícies férteis para reinar sobre cemitérios.”

– Voltaire, “A Princesa da Babilônia” (1767), Tradução de Renata Cordeiro, Landy Editora, 2006, pp. 42-43, 45.“[…] a sala era asseada, cómoda, e bem ornada; os convivas alegres; o ouro e a prata brilhavam sobre os aparadores; o espírito, os bons pensamentos, a alegria, a feliz concepção, e a graça animavam a conversação; porém nas cozinhas corriam o sangue e a gordura; as peles dos quadrúpedes, as penas das aves, e as suas entranhas confusamente amontoadas oprimiam o espírito, e espalhavam a infecção.”

– Voltaire, “Cartas Indianas ou correspondência entre Amabed, Adaté, e o grão-brama Shastasid” (1769), Lisboa, 1835, p. 88.

“… Despojar os animais das suas vidas, de forma a transforma-los em comida,contraria imensamente os princípios de benevolência e compaixão.”- David Hartley (1705-1757), “Observationson man” (1749)“Os animais que comeis não são os que comem os outros; vós não comeis esses animais carnívoros, vós os imitais; só tendes fome de bichos inocentes que não fazem mal a ninguém, que se apegam a vós, que vos servem e que, devorais como paga dos seus serviços.”- Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), citando livremente Plutarco, (“Emílio”, tradução de Sérgio Milliet, São Paulo, 1968).  

“Mas no entanto (consegues acreditar?) eu tenho visto o próprio homem que se gaba da sua ternura, a devorar de uma só vez a carne de seis animais diferentes num fricassé. Estranha contradição de conduta! Têm piedade, e comem os objectos da sua compaixão!”

– Oliver Goldsmith (1728-1774),“Letters from a Citizen of the World to His Friends in the East”

“Que vezes, à sombra daqueles rochedos, participei com elas de vossos manjares campestres, que não custaram a vida a animal algum!”

– Jacques-Henri Bernardim de Saint-Pierre (1737-1814), “Paulo e Virgínia”, tradução de Bocage

“A ovelha não foi mais “criada” para o homem, do que o homem foi para o tigre.”

– Joseph Ritson (1752-1803), An essay on abstinence from animal food, as a moral duty (1802), edited by Sir Richard Phillips.

“Todo o alimento são é colhido sem rede nem armadilha.”

– William Blake (1757-1827), “A União do céu e do inferno”, tradução de João Ferreira Duarte, Relógio d’Água, 1991, p. 26.

“Ele acreditava ser um pecado matar qualquer criatura para alimento, e pensava que tudo o que era necessário para o sustento humano era produzido pelo solo.”

– Numa biografia de Johnny Appleseed (1774-1845) escrita por W. D. Haley (1871)

“Quem pode contestar a inumanidade do desporto da caça – de perseguir uma pobre criatura indefesa por mero divertimento, até esta ficar exausta de terror e fatiga, e aí fazer com que ela seja rasgada aos bocados por um grupo de cães? De que tipo de instrução podem os homens, e até as mulheres, absorver princípios como estes? Como é possível que o possam justificar? E em que pode o seu prazer nisso consistir? Não será somente na agonia que produzem no animal? Eles irão alegar que não, e tentarão fazer-nos acreditar no mesmo – que é meramente na perseguição. Mas qual é o objectivo da perseguição deles? Haverá outro para além de atormentar e destruir?”- Lewis Gompertz (1779-1861),“Moral Inquiries on the Situation of Man and of Brutes” (1824), tradução: Nuno Metello (AVP).  

“Minha mãe estava convencida, assim como foi sempre a minha convicção, de que matar os animais para nos sustentarmos com a sua carne e o seu sangue é uma das mais deploráveis e mais vergonhosas enfermidades da condição humana; que é uma dessas maldições lançadas sobre o homem pelo endurecimento da sua própria perversidade. Ela acreditava, assim como eu, que esses hábitos endureciam o coração… essas imolações, esses apetites de sangue, essa vista de carnes palpitantes, só servem para tornar o coração mais feroz. Ela julgava, assim como eu, que esse sustento mais suculento e mais energético na aparência, contém em si princípios irritantes e pútridos que agitam o sangue e abreviam os dias do homem. Ela citava, como prova das suas afirmações, os povos da India… as raças fortes e sadias dos povos pastores… e mesmo as populações trabalhadoras dos campos que não comem carne dez meses na vida.

Um dia minha mãe, indo à cidade, levou-me ao pátio de um matadouro. Vi homens com os braços nus matando violentamente bois e carneiros, despedaçando-lhes os membros ainda palpitantes. Regatos de sangue fumegavam aqui e ali pelo pavimento: uma profunda piedade, misturada de horror, se apoderou de mim e pedi para sair imediatamente dali.

A ideia destas horríveis cenas e degolamentos, preliminares obrigados de um desses pratos de carne que eu via servir na mesa, fez-me repugnar o sustento animal e ter horror aos carniceiros… foi-me sempre difícil deixar de ver num carniceiro alguma coisa do carrasco.”

– Alphonse de Lamartine (1790-1869), “Les Confidences”, 1854 (tradução em O Vegetariano, volume I, p. 153.)

“As regiões mais férteis do globo habitávelsão agora cultivadas pelo homem para alimentar animais, a um atraso edesperdício de alimentos absolutamente impossíveis de calcular.”-Percy Bysshe Shelley (1792-1822), “A Vindication of Natural Diet” (1813)“A minha alimentação não é a dos homens. Não tenhode matar cordeiros e cabras para saciar o meu apetite; as glandes e as bagasbastam-me.”- Mary Shelley (1797-1851), “Frankenstein” (1818), capítulo XVII (tradução de Mário Martins de Carvalho, Editorial Sol 90,2006).  

  “Quanto tempo levará após termos começado a olharcom indiferença para a dor e para o sofrimento nos animais, para começarmos a ser menos afectados do que éramos antes pelo sofrimento humano?”-Dr. William A. Alcott (1798-1859), “Vegetable Diet” (1859), tradução: Nuno Metello.“Em especial, aqueles que apreendem a sabedoria mais profunda e conservam durante a sua vida o gosto por elegantes estudos e demandas devem abster-se da carne, venerando a justiça pela qual os animais clamam às mãos do homem e não os massacrando por causa de comida ou lucro.”- Amos Bronson Alcott (1799-1888), “Tablets” (1879), tradução: Ricardo Morais-Pequeno (AVP).

“Nas relações dos humanos com os animais, com as flores, com os objectos da Criação, existe toda uma grande ética que ainda não se vislumbra bem, mas que acabará por despontar à luz do dia e que será o corolário e o complemento da ética humana. […] Sem dúvida que foi preciso primeiro civilizar o homem em relação aos seus companheiros. […] Mas é também preciso civilizar os seres humanos em relação à natureza. Aí, tudo está por fazer.”- Victor Hugo (1802-1885),“Alpes et Pyrénées”, pp. 180-181. (Tradução de Pedro Vidal no “Manifesto dos Animais” de Marc Bekoff).  

  “A fundação para a verdadeira cultura – um completo civilizar e refinar da humanidade – é claramente impossível enquanto um sistema organizado de assassinato e de consumo de cadáveres prevalecer por costume aceite.”- Georg Friedrich Daumer (1800-1875), (citado por Howard Williams, em “The Ethicsof Diet”), tradução: Nuno Metello.“Mas mesmo aqueles que não tomam parte na matança, pelo contrário, nem sequer a vêem, estão conscientes de que os pratos de carne sobre as suas mesas vêm do matadouro, e que os seus banquetes e o sofrimento dos outros estão intimamente ligados.”- Gustav Struve (1805-1870), “Pflanzenkost, die Grundlage einer Neuen Weltanschauung”, 1869 (citado por Williams, em Ibid.), tradução: Nuno Metello.

“Talvez eles digam às crianças que elas não devem ser cruéis nem para com os “Animais” nem para com os seres humanos mais fracos que elas. Mas quando a criança entra dentro da cozinha, ela vê Pombos, Galinhas e Gansos chacinados e depenados; quando ela vai para as ruas ela vê animais pendurados com os corpos sujos de sangue, os pés cortados e as cabeças torcidas para trás. Se a criança prosseguir ainda mais, ela chega ao matadouro, no qual inofensivos e úteis seres de todos os tipos estão a ser chacinados ou estrangulados. Não iremos tratar aqui extensamente dos barbarismos ligados à carnificina de animais; mas da mesma maneira que alguns humanos abusam dos seus poderes superiores em relação às outras espécies, geralmente também fazem com que a sua tirania seja sentida pelos seres humanos mais fracos que estão em seu poder.

Qual é a utilidade de toda a conversa bonita sobre moralidade, em contraste com actos de barbarismo e de imoralidade que lhes são mostrados por todos os lados?”

– Gustav Struve (1805-1870), “Das Seelenleben; oder die Naturgeschichte des Menschen”, 1869 (citado por Williams, em Ibid.), tradução: Nuno Metello.

“Diz-me, conseguias, com as tuas próprias mãos, matar hoje um doce Cordeiro, uma delicada Pomba, com quem tinhas talvez estado a brincar ontem? Respondes – Não? Não te atreves a dizer que conseguias. Se respondesses sim, irias, de facto, desvendar um coração duro. Mas porque não conseguias? Porque é que te causou angústia a visão de um animal indefeso conduzido para o abate? Porque sentiste, no mais intimo da tua alma, que é errado, que é injusto matar um ser indefeso e inocente!”

– Gustav Struve, Mandaras’ Wanderungen, 1845 (citado por Williams, em Ibid.), tradução: Ricardo Morais-Pequeno.

“Tal como, nos nossos dias, expor crianças ao perigo, os combates de gladiadores, a tortura de prisioneiros, e outras atrocidades são consideradas escandalosas e vergonhosas, embora nos tempos remotos se acreditasse que fossem bastante justificáveis e correctas, também no futuro o assassinato de animais, para se alimentar dos seus corpos, será declarado imoral e indefensável.”

Wilhelm Zimmermann, “The Way to Paradise” (citado por Williams, em Ibid.), tradução: Nuno Metello.

“A forma como uma nação, na sua totalidade trata as outras espécies, é uma das principais formas de avaliar a sua civilização”

– David Friedrich Strauss (1808-1874) (citado por Williams, em Ibid.)

“Acabaram de jantar e, por muito escrupulosamente que o matadouro esteja oculto na

graciosa distância dos quilómetros, há uma cumplicidade.”

– Ralph Waldo Emerson (1803-1882), “The Conduct of Life”, (tradução

de Pedro Vidal, no “Manifesto dos Animais” de Marc Bekoff).

“Não tenho dúvidas de que faz parte do destino da raça humana, no seu processo de

evolução gradual, deixar de comer animais, tal como as tribos selvagens deixaram

de se comer umas às outras quando entraram em contacto com os mais civilizados.”

– Henry David Thoreau (1817-1862),“Walden”, capítulo 11.

“Sem dúvida o homem que matou pela primeira vez um boi foi tido como assassino; talvez tenha sido enforcado; se houvesse sido julgado por bois, sem dúvida teria sofrido essa pena, por certo merecida, se qualquer assassino a merece. Ide ao mercado de carne num sábado à noite e vede as chusmas de bípedes vivos olhando as longas fileiras de quadrúpedes mortos. Tal espectáculo não acorda o canibal? Canibal? quem não é canibal? Digo-vos que será mais tolerável o Dia do Juízo para o fidjiano que salgou um missionário magro na despensa, para se prevenir contra a fome à vista, do que para ti, meu civilizado e esclarecido guloso, que prendes os gansos ao chão e regalas-te com os seus fígados inchados em teu paté de foie gras.”

– Herman Melville (1819-1891), Moby Dick, volume I, capítulo LXV (Tradução de Péricles Eugênio da Silva Ramos, Abril Cultural, 1980, p. 363)

“A minha doutrina é esta: se nós vemos coisas erradas ou crueldades, as

quais temos o poder de evitar e nada fazemos, nós somos coniventes.”

– Anna Sewell (1820-1878), “Black Beauty” (1877)

“Seria possível comer carne se isto pudesse ser justificado por qualquerconsideração mais séria.Mas não pode; comer carne é simplesmente uma coisa má, queexiste sem qualquer tipo de justificativa.”- Leo Tolstói (1828-1910), “Pensamentos para uma vidafeliz: Calendário da Sabedoria” (Editora: Prestígio)
“Se não fosse já aceito cegamente, comoparte de nossos costumes e tradições, como poderia uma pessoa sensível aceitar o pensamento de que, a fim de nos alimentarmos, nósdeveríamos matar um número tão grande de animais, apesar de nossa terranos oferecer tesouros tão variados de vegetais?”- Leo Tolstói, Ibid. 
 

“O carneiro vivo estava ali deitado, tão silencioso quanto o morto e inflado, a não ser por

sacudir nervosamente o rabo curto e os lados a se alçarem com mais rapidez que

de costume. O soldado baixou gentilmente, sem esforço, a cabeça levantada; o

açougueiro, sem parar de conversar, agarrou com a mão esquerda a cabeça do

carneiro e cortou-lhe a garganta. O animal tremeu, e o rabinho endureceu e

parou de abanar. O camarada, enquanto esperava o sangue correr, começou a

reacender o seu cigarro, que se apagara. O sangue corria, e o carneiro começou

a agonizar. A conversa continuou sem a mínima interrupção. Era horrivelmente

revoltante.”- Leo Tolstói, “O Primeiro Passo” (originalmente

escrito como prefácio para a versão russa do livro “The Ethics of Diet”,

de Howard Williams, 1892). Tradução no Sítio Veg.

“Cada um de nós, especialmente aqueles que viveram em um canto da província, muito

longe das cidades vulgares ordinárias, onde todas as coisas estão metodicamente

classificadas e disfarçadas, – cada um de nós tem visto alguma coisa dessas

barbaridades cometidas pelos que comem carne contra os animais que eles comem.

Não há necessidade de ir a nenhuma Porcopolis da América do Norte ou a uma saladera

de La Plata, para contemplar os horrores dos massacres que constituem a

condição primária do nosso alimento quotidiano. Mas estas impressões gastam-se

com o tempo; cedem perante a perniciosa influência da nossa educação de todos

os dias, que tende a arrastar o indivíduo para a mediocridade, e o despoja de

quanto concorra para o tornar uma personalidade original. Pais, mestres, por ofício

ou por amizade, doutores, para não falar desta poderosa individualidade que

chamamos toda a gente, todos trabalham juntos para endurecerem o

carácter da criança com respeito a este «alimento de quatro pés» que, todavia,

ama como nós amamos, sente como nós sentimos, e sob a nossa influência progride

ou retrocede como nós… Não é uma digressão mencionar os horrores da guerra em

conjunção com o massacre dos gados e os banquetes carnívoros. A dieta dos

indivíduos corresponde exactamente aos seus modos. O sangue pede sangue.”

Élisée Reclus (1830-1905), “On Vegetarianism” (1901), tradução de Jaime

de Magalhães Lima.

“Eu mesma criei os animaizinhos, eles são como meus filhos. Ora eu não posso comer os meus próprios filhos!”

– Personagem do conto Figura (1889) de Nikolai Leskov (1831-1895)

“Não faço nenhuma declaração exagerada nem fantasiosa em prol do vegetarianismo. Ele não é, como afirmaram alguns, uma panacéia dos males humanos; é algo bem mais racional, parte essencial do moderno movimento humanitário, que não pode ter verdadeiro avanço sem ele. O vegetarianismo é a dieta do futuro, assim como a carne é a dieta do passado.Naquele contraste espantoso e comum, uma loja de frutas ao lado de um açougue, temos uma lição objetiva e importantíssima.”-Henry Stephens Salt (1851-1939), The Humanities of Diet (1914), traduçãoretirada do Sítio Veg  

“As senhoras delicadas que devoram bifes sangrentos gostariam de ver os seus filhos a

trabalharem como carniceiros? Se não, então não têm o direito de colocar esta

tarefa no filho de outra mulher. Não temos o direito de impor num cidadão nosso

semelhante um trabalho que nós próprios deveríamos declinar fazer.”- C.

W. Leadbeater (1854-1934), “Vegetarianism and Occultism” (1913)

  “É certamente preferível produzir vegetais, e penso, por isso, que ovegetarianismo é um louvável abandono de um hábito bárbaro instituído. Quepodemos subsistir com alimentos vegetais e fazer o nosso trabalho até comvantagens não é uma teoria, mas sim um facto bem demonstrado. Muitas raçasvivem quase exclusivamente á base de vegetais e são de constituição física eforça superior. Não há duvida que alguns alimentos vegetais, como os flocos deaveia, são mais económicos que a carne, e também superiores em relação aosrendimentos mecânicos e mentais. […] Tendo em conta estes factos, todos osesforços devem ser feitos para parar o abate cruel e desnecessário de animais,que certamente é destrutivo para os nossos princípios morais.”- Nikola Tesla (1856-1943), “The Problem of Increasing HumanEnergy” (1900) 

“Quando um homem quer matar um tigre, chamam-lhe desporto; quando um tigre quer matar um homem chamam-lhe ferocidade.”- George Bernard Shaw (1856-1950), “The Revolutionist’s Handbook”“Se tivéssemos de abater a nossa própria carne, haveria um grande aumento no número de vegetarianos.”- Ernest Howard Crosby (1856-1907), “Tolstoy and his Message” (1904)  

“Qualquer

dama de mãos mimosas que trinca com delicia uma costeleta coberta de pão e

embalsamada em loiro, em cravo, em salsa, em cebola, pimenta e limão,

empalidece de náusea sentindo o cheiro do açougue, considera imundície um

pedaço de carne crua nos seus vestidos e foge mais depressa da praça do peixe do

que da montureira que aduba a horta.”

Jaime de Magalhães Lima (1859-1936),

O vegetarismo e a moralidade das raças” (1912)”Quando

realmente soubermos dar aos nossos filhos um coração, o vegetarismo parecerá o

mais fácil e o mais cativante dos regimes; e as delícias de hoje serão as

repugnâncias de amanhã.”

Jaime de Magalhães Lima, “O

Vegetariano”, IV Volume

“Tem o vegetarismo uma qualidade singular: é que sendo calmante para os que o usam,

é bastas vezes irritante para os que o aborrecem e o combatem, mesmo sem o

terem experimentado. Aquece ao rubro os inimigos, só pelo crime de lhes

representar a privação de manjares que, na ira com que eles tentam defendê-los,

parecem a própria substância da sua alma.”

Jaime de Magalhães Lima, “O

Vegetariano”, IV Volume

“E se a subtileza de uma gula sanguinolenta incorrigível quiser distinguir entre

piedade e necessidade, fazendo entrar o carnivorismo no rol das crueldades

indispensáveis à vida humana, não deixaremos de lhe lembrar que também a pena

de morte e a tortura foram ”indispensáveis” à boa ordem e à saúde das

sociedades e tinham atrás de si um arsenal de justificações, qual delas a mais

poderosa, e todas tão lógicas e científicas como é científica e lógica a defesa

actual dos matadouros e açougues municipais e domésticos.”

Jaime de Magalhães Lima, “O

Vegetariano”, Janeiro de 1914

“Sinto que o mais alto mandamento é o da compaixão por todos os seres sensíveis. […] Quantas criaturas vivas são sacrificadas unicamente para adornar pratos num jantar festivo, uma grande porção dos quais sairão da mesa sem terem sido tocados!”- Rabindranath Tagore (1861-1941), Prémio Nobel da Literatura (1913), Glimpses of Bengal Selected from the Letters of Sir Rabindranath Tagore (tradução: Nuno Metello).  

“Não tenho a intenção de aprofundar aqui a

questão do vegetarianismo nem de ir ao encontro das objecções

que se lhe podem fazer; embora

se deva reconhecer que dessas objecções nenhuma

consegue resistir a um exame leal e atento.”-

Maurice Maeterlinck (1862-1949),

Prémio Nobel da Literatura (1911), “Le

Temple Enseveli” (1903).

“Dê-se

ao animal um lampejo de razão, imagine-se o sonho tremendo que o mundo é para

ele; estes homens indiferentes, cegos e surdos, que o degolam, que o rasgam,

que o estripam, que o cortam em pedaços e o fazem cozer vivo, e às vezes se

divertem com as suas contorções de dor. […] Para uma consciência livre, o

sofrimento dos animais tem qualquer coisa de mais intolerável que o sofrimento

dos homens. Porque neste, pelo menos, admite-se que é um mal e é criminoso

aquilo que o causa. Mas cada dia são massacrados, inutilmente e sem sombra de

um remorso, milhares de animais. Quem aludisse a isso, seria ridículo. – E este

é o crime sem remissão. Só por si justifica quanto o homem poderá sofrer. Clama

vingança contra o género humano. Se Deus existe e o tolera, clama vingança

contra Deus. Se existe um Deus bom, deve salvar-se a mais humilde das almas

vivas. Se Deus não é bom senão para os fortes, se não há justiça para os

miseráveis, para os seres inferiores oferecidos em sacrifício à humanidade, não

há bondade, não há justiça.”

Romain Roman (1866-1944), Prémio

Nobel da Literatura (1915), Jean-Christophe, tradução de Jaime de Magalhães Lima, no Almanaque

Vegetariano (1914).

“Se comprares a um açougueiro estás a autorizá-lo a matar – a matar criaturas indefesas, incapazes de falarem por si, que nem tu nem eu seriamos capazes de matar.”

– Paolo Troubetzkoy (1866-1938), entrevista ao “Morning Leader” (tradução: Nuno Metello).

“Algumas pessoas dizem que se os animais não forem usados para alimentação eles vão sobrelotar a Terra. Na Índia os hindus não matam vacas, mas não são sobrelotados por elas.”- Um Hindu eminente citado por Ralph Waldo Trine (1866-1958), “Every Living Creature”, p. 32. Tradução: Nuno Metello. “Paramim, a vida de um cordeiro não é menos preciosa que a de um homem. Não estariadisposto a sacrificar a vida de um deles em nome do corpo humano. Acho quequanto mais indefesa a criatura mais direito ela tem à protecção dos homenscontra a crueldade humana.”- Mohandas K. Gandhi (1869-1948), “A minha vida e as minhas experiências com averdade” (Editora: Bizâncio)  

“O animal é dotado tanto de

intelecto quanto de consciência e, por isso, o seu sofrimento deve suscitar no

homem uma profunda piedade. Não somente a conduta dos animais, mas seus

próprios comportamentos, gestos e fisionomia revelam neles a existência de uma

vida interior: uma vida talvez diversa e distante da nossa, mas dotada de

consciência, de modo que não pode ser reduzida a um simples mecanismo

fisiológico.”

– Piero

Martinetti (1872-1943), filósofo italiano, “Pietà per gli animali” (1920), tradução no artigo “A “Pietà” de Piero Martinetti”, por

Laerte Fernando Levai.

“A

ética no nosso mundo ocidental até agora foi muito limitada às relações entre

humanos. Mas esta é uma ética limitada. Precisamos de uma ética sem limites,

que inclua também os animais… Está a chegar o tempo em que as pessoas ficarão

admiradas por a raça humana ter existido tanto tempo sem ter reconhecido que o prejuízo

impensado à vida é incompatível com uma verdadeira ética. A ética na sua forma não

qualificada alarga a sua responsabilidade a tudo o que tem vida.”

Albert Schweitzer (1875-1965), Prémio

Nobel da Paz (1952), “Memórias da

infância e da juventude” (tradução de Ana Maciel, no livro “A Vida Emocional dos Animais”, de Marc

Bekoff).

 

“Vermorrer um boi é para uma consciência límpida e para um espírito moral umespectáculo canibalesco, incompatível com a humanidade.”-Dr. Amílcar de Sousa (1876-1940), nomensário O Vegetariano

“Ninguémque tenha sentimentos de bondade é capaz de a sangue frio matar uma pombabranca, que arrulha no pombal, ou um frango de plumagem macia e multicor.”-Dr. Amílcar de Sousa, no mensário O Vegetariano

“Não lhe têm feito tapar o nariz os cheiros da putrefacção do peixe ou dos miúdos dos cadáveres dos bois ou porcos que passam pela rua à cabeça das vendedeiras? Entrar num talho e assistir à repartição desses «defuntos» é um espectáculo nauseabundo: tais necrotérios enojam e fazem engulhos. Os magarefes, de facalhão empunhado e avental ensanguentado, dão a impressão de assassinos. A carne dos animais não é para o homem comer. Já assim não acontece com os cães, que sofregamente a tragam rilhando os ossos à guisa de sobremesa. A mulher ou o homem têm de preparar, na cozinha, esses restos decompostos já, da caça, da pesca, da morte fratricida enfim, para como eles se poderem banquetear, depois de terem usado a faca e o garfo, a pólvora e o anzol, a linha e a rede com que traiçoeiramente abatem as suas vítimas.”

– Dr. Amílcar de Sousa, no mensário O Vegetariano

“Bernard Shaw diz que enquanto os homenstorturarem e matarem animais e comerem a sua carne, teremos guerra. Eu pensoque todas as pessoas sãs e pensantes devem ser da mesma opinião. As crianças daminha escola eram todas vegetarianas, e cresceram fortes e bonitas com umadieta de vegetais e fruta. Por vezes, durante a guerra, quando ouvia os gritosdos feridos, eu pensava nos gritos dos animais nos matadouros e sentia que, damesma forma que nós torturamos estas pobres e indefesas criaturas, assim osdeuses nos torturam a nós. […]Enquanto formos as sepulturas vivas deanimais assassinados, como podemos esperar quaisquer condições ideais naterra?”- IsadoraDuncan (1877-1927), ”My Life”, tradução: Ricardo Morais-Pequeno.  

  “Para além de concordar com os objectivos do vegetarianismo por razões estéticas e morais, é a minha opinião que, um modo de vida vegetariano pelo seu efeito puramente físico no temperamento humano iria beneficiar muito o destino da humanidade.”- Albert Einstein (1878-1955), carta a Harmann Huth, 27 de Dezembro de 1930 (in Alice Calaprice (ed.), “The New Quotable Einstein”, Princeton, 2005, p. 281).“A nossa tarefa tem de ser libertarmo-nos desta prisão ao estendermos o nosso círculo de compaixão para que abrace todas as criaturas vivas e a totalidade da Natureza na sua beleza.”– Albert Einstein (New York Times, 28 de Novembro de 1972, conforme citado em The Extended Circle: A Dictionary of Humane Thought, de Jon Wynne-Tyson, Centaur Press, 2009, p. 86.)

“Visitouuma vez o Aquário Berlinense com a minha amiga. Aí falou aos peixes nasvitrinas iluminadas (ela contou-me isso mais tarde, comovida): «Agora já possoolhar-vos com sossego, já não vos como». Foi na altura em que se fez rigorosovegetariano. É difícil imaginar, para alguém que não tenha ouvido tais ditospela própria boca de Kafka, com quanta simplicidade e facilidade ele os dizia,sem qualquer afectação, sem a mínima ênfase (que lhe era, aliás, completamentealheia). Ainda encontro nas minhas notas uma outra menção de Kafka em relaçãoao vegetariano. Comparou os vegetarianos com os primeiros cristãos, perseguidose ridicularizados em toda a parte, em locais imundos. «No povo reles vegeta oque é destinado aos melhores e mais elevados».”-Max Brod, sobre o seu amigo Franz Kafka (1883-1924),no livro Franz Kafka (Tradução deSusana Schnitzer da Silva, Ulisseia, 1954, p. 63).   

“Três vaquinhas pretas de malhas brancas estavam deitadas sobre a relva, as tetas muito cheias, oferecendo-se aos bezerrinhos que as rodeavam.

– Pormenor interessante! exclamou Manfredo. Até nisso se revela a encantadora brandura dos vossos hábitos. A confiança com que estes animais vêm até nós, prova bem que não estão acostumados a que os maltratem.

– Não é como na vossa terra? Perguntou Apolínio.

– Lá, respondeu o náufrago, sob o pretexto de que é o rei da criação, o homem transformou-se no carrasco dos outros seres. A uns, mata-os e devora-os; a outros, fá-los bestas de trabalho; a estes, porque são lindos e estima a sua companhia, rouba-lhes a liberdade e conserva-os presos em casa; àqueles, prejudica-os de várias formas. Por exemplo: vós, em Irmânia, por certo nunca comeste os ovos destas galinhas nem provaste o leite daquelas vacas…

– Não, com certeza. Depois de grandes não costumamos mamar, respondeu com ingenuidade o moço filho de Herculino. E quanto aos ovos de galinha, são destinados ao nascimento dos pintainhos, só.

– Pois nós outros, porque somos muito civilizados, bebemos o leite que as vacas têm para amamentação dos seus bezerros, e comemos os ovos que as galinhas põem para reprodução da sua espécie.

– Seríeis capazes, pelo que vejo, de comer a própria lua, se algum dia ela caísse na tolice de vir cá baixo! concluiu, com graça, Apolínio.”

– Ângelo Jorge (1883-1922), “Irmânia” (1912; reedição: 2004).

“Tornei-me vegetariano porque estava convencido que a vida é tão válida para as outras criaturas como é para os humanos. Não preciso de corpos de animais mortos para me manter vivo, forte e saudável, por isso não matarei para comer…”

– Scott Nearing (1883-1983), “The Making of a Radical

“Assim é que tu entendes a Liberdade, tendo preso naquela infame gaiola aquele inocente passarito?”

– António Gonçalves Correia (1886-1967), em O Vegetariano, vol. VIII, n.º 12.

“Ora, se nos podemos abster do uso da carne sem o mais leve prejuízo para a nossa saúde, antes pelo contrário, porque é que nós, europeus e americanos, que nos consideramos povos civilizados, somos tão cruéis a ponto de assassinar barbaramente pobres inocentes animais? Porque obrigamos também milhares de homens a ocupar a abominável profissão de matadores de animais, ocupação esta que infalivelmente torna cruel e bestial o carácter daqueles que seguem semelhante mister? E a causa de tudo isto sois vós, ó gente que vos alimentais de carne! Se pudésseis sequer compreender que estais envenenando diariamente o vosso organismo com os cadáveres dos animais que vão apodrecer nesse cemitério que é o vosso abdómen, decerto vos voltaríeis para a alimentação vegetariana, que não só vos beneficia o corpo mas também vos eleva o espírito.”

– Eliezer Kamenesky (1888- 1957), panfleto reproduzido em “O Vegetariano”, vol. X, 2, pp. 41-48.

“Precisamos

de outro e mais sábio e, talvez mais místico conceito acerca dos animais. Afastado

da natureza universal e vivendo num complexo artifício, o homem na civilização

vigia a criatura através do vidro do seu conhecimento e vê, dessa forma, uma

pena aumentada e a imagem global distorcida. Sentimo-nos paternalistas pela sua

incompletude, pelo seu trágico destino de terem tomado uma forma tão inferior à

nossa. E aí erramos e erramos muito. Pois o animal não deverá ser avaliado pelo

homem. Num mundo mais antigo e mais completo do que o nosso eles movem-se

acabados e completos, abençoados com extensões dos sentidos que nós perdemos ou

nunca possuímos, vivendo de vozes que nós nunca ouviremos. Eles não são confrades,

nem são subordinados; são outras nações apanhados connosco na rede da vida e do

tempo, companheiros prisioneiros do esplendor e da labuta da terra.”

Henry Beston (1888-1968), “The Outermost House” (1928), Tradução de Pedro Vidal no “Manifesto dos Animais” de Marc Bekoff.

  “Acarne enjoa-me, porque sei como é que matam os animais, e como eles choram.[…] Gosto dos animais, por isso achava que era pena comer carne, porque seique, se comer carne, terão que matar mais um animal. […] Desde que deixei decomer carne, reparei que o meu estômago funciona melhor, que as minhas ideiassão melhores, e que corro em vez de andar. Só ando para descansar. Corro muitoporque me sinto forte. Tenho músculos que me obedecem. Tenho um cérebro que meobedece. Danço com mais leveza e tenho mais apetite. […] Como legumes frescose toda a espécie de comida vegetariana. Sou vegetariano. Não sou um comedor decarne.”- VaslavNijinsky (1890-1950), “Cadernos: o sentimento”, Tradução de Maria Jorge Vilar de Figueiredo,Assírio & Alvim, 2004. 

“Matar por «desporto», por

sobrevivência, pela nação, pela paz – não há muita diferença em tudo isto.

Justificações não são resposta. Resposta existe apenas uma: não matem! No

Ocidente, pensamos que os animais existem para bem dos nossos estômagos, ou

para termos o prazer de matar, ou usufruir das suas peles. No Oriente ensina-se

há séculos e todos os pais repetem: não matem, tenham piedade, tenham

compaixão. Aqui os animais não têm alma, por isso podem ser mortos impunemente;

lá, os animais têm alma, portanto, pensem bem, abram o vosso coração ao amor.

Aqui, comer animais, aves, é considerado uma coisa normal, apadrinhada pela

Igreja e pela publicidade; lá, não o é e as pessoas cultas, religiosas, por uma

questão de tradição e de cultura, nunca o fazem.”

– Jiddu

Krishnamurti (1895-1986), “Natureza e

Meio Ambiente”, Tradução de Alexandra Agostinho, Edições 70, 1997, p. 38.

“É estranho termos tão poucos laços com a natureza, com os insectos, com a rã saltitante e com o mocho que pia por entre os outeiros, chamando a sua companheira. Nunca demonstramos ter uma certa simpatia por todos os seres vivos da terra. Se pudéssemos estabelecer uma relação intensa com a Natureza, nunca mataríamos um animal para saciar o nosso apetite, nunca feriríamos nem dissecaríamos um macaco, um cão, uma cobaia para nosso proveito. Encontraríamos outras formas de cicatrizar as nossas feridas, curar os nossos corações. […]

O Homem matou e continua a matar milhões de baleias e tudo o que obtemos desse massacre pode ser conseguido por outros meios. Mas, ao que parece, o Homem gosta de matar, gosta de matar o veado em fuga, a gazela maravilhosa e o elefante pujante. Adoramos matar-nos uns aos outros. Esta chacina humana nunca se deteve em toda a história da vida do Homem na Terra. Se conseguíssemos – e é imperativo fazê-lo – estabelecer uma relação profunda e duradoura com a Natureza, com as árvores, os arbustos, as flores, a erva e as nuvens velozes, nunca mais massacraríamos outro ser humano, por motivo algum. Assassínio organizado é sinónimo de guerra.”

– Jiddu Krishnamurti, Ibid., p. 71.

“Não será o Homem um animal muito mais perigoso do que todos os outros? E pergunta-me por que será que na Natureza existe morte e sofrimento… Um tigre mata uma vaca ou um veado, é o seu modo de vida, mas no momento em que nós interferimos, surge a verdadeira crueldade.”- Jiddu Krishnamurti, Ibid., p. 72.“Mas há aqueles que matam: matam por desporto, por divertimento, matam para obter lucro – por exemplo, a indústria da carne. São os mesmo que destroem a Terra, espalham gases venenosos, poluem o ar, as águas, e poluem-se uns aos outros. É o que estamos a fazer à Terra e a nós próprios. […] Viver sem causar sofrimento ou morte aos outros significa não matar um ser humano nem qualquer animal, por desporto ou para sustento.”- Jiddu Krishnamurti, Ibid., pp. 101-102.  

“Se perdermos o contacto com a Natureza,

perdemos o contacto com a Humanidade. Se não tivermos uma ligação com a

Natureza, tornamo-nos assassinos; então, matamos focas-bebé, baleias, golfinhos

e homens, seja por proveito, por «desporto», para sustento ou pela experiência.”

– Jiddu

Krishnamurti, Ibid., p. 104.

“Quando um humano mata um animal para comer, negligencia a sua própria fome por justiça. O homem reza por misericórdia, mas está relutante em estendê-la aos outros. Por que o homem espera misericórdia de Deus? É injusto esperar uma coisa que não se está disposto a dar.”

– Isaac Bashevis Singer (1902-1991), Prémio Nobel da Literatura em 1978, no prefácio para a primeira edição do livro “Food for the Spirit: Vegetarianism and the World Religions” (1987), de Steven Rosen

“Considero o meu vegetarianismo a maior conquista da minha vida.”

– Isaac Bashevis Singer, no livro “Isaac Bashevis Singer: Conversations”, editado por Grace Farrell

“Todo o tagarelar

sobre decência, misericórdia, cultura e ética parece tolo vindo das bocas de

pessoas que matam criaturas inocentes, perseguem uma raposa cansada com os seus

cães de caça, ou mesmo sustentam touradas e matadouros. […] Acredito que nunca

haverá paz alguma neste mundo enquanto os animais forem tratados da forma que

os tratamos hoje.”

– Isaac Bashevis Singer, Ibid.

  “Todas as vezes queHerman presenciava a carnificina de animais e de peixes, tinha sempre o mesmopensamento: em relação a todos os seres os homens comportavam-se como nazis. Apresunção com que o homem fazia o que queria com outras espécies, exemplificavaas teorias racistas mais extremistas, o princípio de que o poder está certo.”- Isaac Bashevis Singer, “Inimigos: uma história de amor” (Tradução de Marta Morgado, DomQuixote, 1990).

“Inicialmente tornei-me vegetariano por esta razão: eu tenho uma grande aversão ao tratamento dos animais naquilo a que chamamos criação intensiva. Eu sentia que isso era uma das coisas mais horríveis e bestiais, e estava constantemente a protestar em relação a isso. Então, quando eu protestava, alguém perguntava “Tu comes carne?” e se eu dissesse, “Sim”, eles diriam, “Bem, como é que sabes que não é produzida dessa maneira?” E eu percebi que se eu fosse continuar a ser comedor de carne eu não poderia continuar a protestar.”

– Malcolm Muggeridge (1903-1990), entrevista no livro “The New Vegetarians” de Rynn Berry, 1993, p. 95. Tradução: Nuno Metello.

“Eu penso que se o Homem trata mal os animais, ele vai quase de certeza tratar mal seres humanos quando chegar a altura.”

– Malcolm Muggeridge, Ibid., p. 101.

“Nunca temperei um facto verdadeiro com o

molho da mentira, para me facilitar a digestão.”

– Marguerite

Yourcenar (1903-1987), “A Obra ao

Negro” (tradução de António Ramos Rosa, Luísa Neto Jorge e Manuel João

Gomes, Publicações Dom Quixote, 1999, p. 99).“Carne, sangue, entranhas, tudo o que

palpitou e teve vida causava-lhe, nesta fase da sua existência, repugnância,

pois que, tal como o homem, o animal morre de forma dolorosa e a ele

desagradava-lhe digerir agonias. Desde o tempo em que ele próprio degolava um

porco num talho de Montpellier, com o fim de verificar se havia ou não coincidência

entre a pulsação da artéria e a sístole do coração, deixaram de considerar útil

o emprego de dois termos diferentes para designar o animal que se abate e o

homem que se mata, o animal que estoira e o homem que morre.”- Marguerite

Yourcenar, Ibid., p.

147.

“Revoltemo-nos contra a ignorância, a indiferença, a crueldade, que aliás tão frequentemente se exercem contra o homem apenas porque se abateram os animais. E, na humilde medida do possível, transformemos (quer dizer, melhoremos), se possível, a vida.”

– Marguerite Yourcenar, “O Tempo, esse grande escultor” (Tradução de Helena Vaz da Silva, Difel)“Debitada em fatias cuidadosamente embaladas em papel celofane num supermercado, ou conservada em lata, a carne do animal deixa de ser sentida como tendo sido viva. Atrevemo-nos a dizer que os nossos talhos, donde pendem nuns ganchos animais que ainda á pouco sangravam – e de tal modo atrozes para quem não está habituado a eles que alguns dos meus amigos estrangeiros mudam de passeio, em Paris, ao vê-los de longe – , talvez sejam um bem, enquanto testemunhos visáveis da violência feita pelo homem ao animal.”

– Marguerite Yourcenar, Ibid.

“Já

nos aconteceu a todos observar com horror cenas de execução na praça pública,

das pinturas medievais ou das gravuras do século XVII. Também já aconteceu a

muitos de nós passar rapidamente e com certo nojo, nalguma pequena terra de

Espanha ou do Oriente, diante do talho local, com as suas moscas, as carcaças

ainda quentes, ou os animais ainda vivos, presos e a tremer em frente dos

outros, mortos, e o sangue a escorrer pela rua fora. A nossa civilização tem

compartimentos estanques: protege-nos de tais espectáculos.

Em

La Villette, nas cadeias número dois dos novos matadouros, os vitelos e os

bois, estes últimos depois de uma queda brutal, são pendurados ainda

conscientes antes da execução, por uma questão de rapidez – time is money. […] As paredes dos novos

matadouros (bela realização técnica, sem dúvida, provida de todos os

aperfeiçoamentos) são espessas: não vemos as criaturas torcerem-se de dores;

não ouvimos os seus gritos, insuportáveis mesmo para o mais convicto apreciador

de bifes.”-

Marguerite Yourcenar,

Ibid.

“Curiosamente, desde a mais tenra infância, recusei-me a comer carne e tiveram a grande inteligência de não me obrigar a fazê-lo. Mais tarde, pelos quinze anos, naquela idade em que queremos «ser como toda a gente», mudei de opinião. Depois, aos quarenta, regressei ao meu ponto de vista dos seis anos de idade.”

– Marguerite Yourcenar, “De Olhos Abertos” (Tradução de Renata Correia Botelho, Relógio d’Água, 2011) “Nunca será demasiado tarde para tentar fazer o bem, enquanto sobre a terra houver uma árvore, um animal ou um homem.”

– Marguerite Yourcenar, Ibid.“É claro que não nego essa grandeza específica do Homem à qual Pico de Mirândola consagra uma admirável página que coloquei como epígrafe de A Obra ao Negro: o homem senhor, ordenador e escultor de si próprio, livre de escolher entre o bem e o mal, entre a loucura e a sabedoria, um dom e uma liberdade que o animal não tem. Mas, precisamente, essa quase liberdade de escolha (porque quem a dirá total?) torna-nos responsáveis.”

– Marguerite Yourcenar, Ibid.


Herman: Como é que o professor se alimenta? Tem cuidado com a sua alimentação para ter chegado a essa idade nessa forma estupenda?Agostinho da Silva: Eu não tenho cuidado, quer dizer, eu evito comer animal.Herman: Evita comer animal?Agostinho da Silva: Evito comer animal, coitado do bicho, que culpa tem ele que eu exista?- Agostinho da Silva (1906- 1994) no programa Conversas Vadias, RTP, 1990.Fotografia ® Associação Agostinho da Silva.  

“Desde

há cerca de quinze anos que o etólogo toma cada vez mais consciência de que os

problemas levantados pelos preconceitos raciais reflectem, à escala humana, um

problema muito mais vasto e cuja solução é ainda mais urgente: o das relações

entre o homem e os outros seres vivos; e não servirá de nada pensar resolvê-lo

no primeiro plano se não atacarmos também no segundo, porquanto é verdade que o

respeito que desejamos obter do homem para com os seus semelhantes não é senão um

caso particular do respeito que aquele deveria experimentar por todas as formas

de vida.”

Claude Lévi-Strauss (1908-2009), discurso

pronunciado na UNESCO em 1971 (citado em “Os

animais que nos fazem bem” de Jean-Louis Victor, tradução de Ana Cristina Leonardo,

Sinais de Fogo, 2012).

  “Osargumentos humanitários e económicos contra explorar animais para alimentação eoutros produtos tornaram-se, para mim, inescapáveis. Esta percepção começou asurgir quando criava bezerros para leite. A separação do bezerro recém-nascidoda sua mãe, que é um factor essencial na produção comercial de leite, tornou-seuma experiência cada vez mais insuportavelmente comovente.”- Robert Hart(1913-2000), “Forest Gardening”, tradução: Nuno Metello.

“Uma dieta vegetariana é essencial para a prática de yoga.”

– BKS Iyengar (1918-2014), Light on Yoga

“Se animais tivessem morrido para encher o meu prato, a minha mente e o meu coração ficariam pesados com tristeza.”

– BKS Iyengar, campanha para a PETA

“Um dia vi num documentário como alimentam os frangos, como os matam e destroçam, e pouco me faltou para vomitar.”

– José Saramago (1922-2010), Outros Cadernos de Saramago, Penas Chinesas

“Eupenso que chegará um tempo, e isto acontecerá daqui a muitos, muitos anos, emque as pessoas civilizadas olharão com horror para trás, para a nossa geração eaquelas que a precederam: para a ideia de que nós comíamos outros seres vivosque corriam em quatro patas, de que os criávamos apenas com o objectivo de osmatar! As pessoas do futuro dirão “comedores de carne!” com repugnância ever-nos-ão da mesma forma com que nós vemos os canibais e o canibalismo.”-Dennis Weaver (1924-2006), Entrevistano livro “The New Vegetarians” deRynn Berry, 1993, p. 66.Tradução: Ricardo Morais-Pequeno.  

“Logo no começo do Génesis, está escrito que Deus criou o homem para que ele reinasse

sobre os pássaros, os peixes e o gado. É claro que o Génesis é obra do homem e não do cavalo. Ninguém pode ter a certeza

absoluta que Deus realmente queria que o homem reinasse sobre todas as

criaturas. […]

É um direito que nos parece natural porque quem

está no topo da hierarquia somos nós. Bastava que entrasse mais outro parceiro

no jogo, por exemplo um visitante vindo de outro planeta cujo Deus tivesse dito

«Tu reinarás sobre as criaturas de todas as outras estrelas», para que toda a

evidência do Génesis ficasse logo posta em questão. Talvez depois de um

marciano o ter atrelado a uma charrua ou enquanto estivesse a assar no espeto

de um habitante da Via Láctea, o homem se lembrasse das costeletas de vitela

que costumava comer e apresentasse (tarde demais) as suas desculpas à vaca. […]A

verdadeira bondade do homem só pode manifestar-se em toda a sua pureza e em

toda a sua liberdade com aqueles que não representam força nenhuma. O

verdadeiro teste moral da humanidade (o teste mais radical, aquele que por se

situar a um nível tão profundo nos escapa ao olhar) são as suas relações com

quem se encontra á sua mercê: os animais. E foi aí que se deu o maior fracasso

do homem, o seu desaire fundamental que está na origem de todos os outros.”

– Milan Kundera (n. 1929), “A Insustentável Leveza do Ser”,

Sétima parte, 2, (Tradução de Joana Varela, Dom Quixote).“Eu

não acredito que, mesmo quando cumprimos as nossas obrigações mínimas de não

causar dor, nós tenhamos o direito de matar animais. Eu sei que não teria o

direito de te matar, ainda que fosse de forma indolor, apenas por gostar do teu

sabor, e não estou em posição de avaliar que a tua vida seja mais valiosa para

ti do que a de um animal para ele.”- Brigid Brophy (1929-1995),The

Rights of Animals, tradução: Ricardo Morais-Pequeno.

  “Sempreque as pessoas dizem “Não podemos ser sentimentalistas”, podes estar certo deque vão fazer algo cruel. E se acrescentarem “Temos de ser realistas”, queremdizer que vão ganhar dinheiro com a situação. Estes slogans têm uma longahistória. Depois de terem sido usados para justificar os traficantes deescravos, os industrialistas impiedosos e os empreiteiros que descobriram que ométodo mais económico e “realista” de limpar uma chaminé era forçar uma criançapequena a subir por ela, foram agora passados, como se fossem relíquias defamília, para os criadores intensivos de animais.”- Brigid Brophy, “Unlived Life– A Manifesto Against Factory Farming”, tradução: Ricardo Morais-Pequeno.

“Ninguém pode mais negar seriamente a

negação. Ninguém mais pode negar seriamente e por muito tempo que os homens

fazem tudo ou para se dissimular essa crueldade, para organizar em escala

mundial o esquecimento ou o desconhecimento dessa violência que alguns poderiam

comparar aos piores genocídios (existem também os genocídios animais: o número

de espécies em via de desaparecimento por causa do homem é de tirar o fôlego).

Da figura do genocídio não se deveria nem abusar nem se desembaraçar rápido

demais. Porque ele se complica aqui: o aniquilamento das espécies, de fato,

estaria em marcha, porém passaria pela organização e a exploração de uma

sobrevida artificial, infernal, virtualmente interminável, em condições que os

homens do passado teriam julgado monstruosas, fora de todas as normas supostas

da vida própria aos animais assim exterminados na sua sobrevivência ou na sua superpopulação

mesmo. Como se, por exemplo, em lugar de jogar um povo nos fornos crematórios e

nas câmaras de gás, os médicos ou os geneticistas (por exemplo, nazistas)

tivessem decidido organizar por inseminação artificial a superprodução e

supergeração de judeus, de ciganos e de homossexuais que, cada vez mais

numerosos e mais nutridos, tivessem sido destinados, em um número sempre

crescente, ao mesmo inferno, o da experimentação genética imposta, o da

exterminação pelo gás ou pelo fogo. Nos mesmos abatedouros.”- Jacques

Derrida (1930-2004) “O animal que

logo sou (A seguir)”, Tradução de Fábio Landa, Editora UNESP, São Paulo,

2002.

“Nós,

seres humanos, enquanto espécie, estamos interessados na comunicação com a

inteligência extraterrestre. Não seria um bom começo melhorar a comunicação com

a inteligência terrestre, com os outros seres humanos de culturas e de línguas diferentes,

com os grandes macacos, os golfinhos, mas muito especialmente com essas

inteligentes soberanas das profundezas, as grandes baleias?”-

Carl Sagan (1934-1996), “Cosmos” (1980). Edição portuguesa: Gradiva,

2012. “…tornei-me

muito amigo de um coelho – George, o coelho. Até que um dia, George, o coelho

foi George, o almoço. […] Foi obsceno

para mim enquanto criança. Eu lembro-me desse incidente vividamente. Penso que

entrei em estado de choque quando percebi que me estavam a pedir para comer o

meu amigo.”

– Marty Feldman (1934-1982), em “The Vegetarians” de Rynn

Berry, 1979, p. 30. Tradução: Nuno Metello. Foto: AVRO.

“Não nos devemos iludir a acreditar que, enquanto existir sofrimento humano, é moralmente aceitável ignorar o sofrimento não humano. Quem somos nós para dizer que o sofrimento de um ser humano é mais terrível que o sofrimento de um ser não humano, ou que importa mais?”

– Jane Goodall (n. 1932), no livro “The Great Ape Project” (editado por Peter Singer e Paola Cavalieri).

“Milhares de pessoas que dizem que ‘adoram’ animais sentam-se uma ou duas vezes ao dia a desfrutar a carne de criaturas que foram completamente privadas de tudo o que poderia tornar as suas vidas dignas de serem vividas e que suportaram o horrível sofrimento e terror dos matadouros.”

– Jane Goodall, no livro “The Ten Trusts”, escrito com Marc Bekoff.

“A grande maioria do público tem uma atitude equívoca em relação ao uso industrial de animais: fazem uso dos produtos dessa indústria, mas ficam todavia com algumas náuseas, algum constrangimento, quando pensam no que se passa nas quintas de criação intensiva e nos matadouros. Por conseguinte organizam as suas vidas de tal forma que se lembrem das quintas e dos matadouros o menos possível, e dão o seu melhor para garantir que os seus filhos fiquem na ignorância também, pois todos sabemos que as crianças possuem corações mais delicados e que são facilmente tocadas.”

– J. M. Coetzee (n. 1940), “Animals can’t speak for themselves- it’s up to us to do it”, 2007.

“Estive

presente numa feira agrícola anual em Auckland, na Nova Zelândia. […] Entre

outras pessoas, falei com várias mulheres que trabalham diariamente com bois e

vacas. «Que vê quando olha para eles?», perguntei, esperando com isso ficar com

alguma ideia das suas emoções. «Vejo boa carne vermelha», disse-me uma delas, e

a irmã concordou. «E quanto aos sentimentos delas?», perguntei. «Não têm

sentimentos», concordaram ambas. […] .Nessa altura ouvimos um mugido forte.

Perguntei-lhes por que razão faziam as vacas aquele ruído. «Não é nada»,

assegurou-me uma mulher. «São só as vacas a chamar os vitelos.» Que queria ela

dizer com isso? «É que foram separados e os vitelos têm medo e estão a chamar

as mães, e as vacas têm receio pelos vitelos e estão a chamá-los, provavelmente

a tentarem tranquilizá-los.» E ali estava, pelas suas próprias bocas, as mesmas

que tinham dito que aqueles animais nada sentiam, nem medo, nem a dor da

separação, nem o desejo de ser reconfortados, nem amor pelas crias, nem a falta

das mães.”

Jeffrey Mussaieff Masson (n. 1941),

“O Porquinho que cantava à lua: o mundo

das emoções dos animais domésticos”, tradução de Margarida Sousa, Sinais de

Fogo, 2005, p. 167.

“Enquanto

falávamos de liberdade e justiça para todos, sentámo-nos para comer bifes.

Estou a comer infelicidade, pensei, ao dar a primeira dentada. E cuspia-a.”

– Alice Walker (n. 1944), “Am I

Blue?” (tradução de Ana Maciel, em “A Vida Emocional dos Animais”, de Marc Bekoff).

  “…Aquelesque afirmam preocupar-se com o bem-estar dos seres humanos e com a preservaçãodo ambiente deveriam tornar-se vegetarianos por essa mesma razão. Assim,contribuiriam para o aumento da quantidade de cereal disponível para alimentaras pessoas necessitadas, para a redução da poluição, para a poupança de água eenergia e deixariam de contribuir para a desflorestação.…Quandoos não vegetarianos dizem que “os problemas humanos vêm em primeiro lugar”, nãoposso deixar de me interrogar sobre o que estarão eles exactamente a fazerpelos seres humanos que os obrigue a prosseguir a exploração supérflua e crueldos animais de criação.”-Peter Singer (n. 1946), “Libertação Animal” (Tradução de Maria deFátima St. Aubyn, Via óptima, 2008)

“Eu dei conta de que era estranho cuidar da proteção de meu filho e comer os filhos dos outros.”

– Philippe Starck (n. 1949), no livro “Entre Aspas – Diálogos Contemporâneos”, de Fernando Eichenberg, Editora Globo.

“Tu não podes ser um ambientalista, um cuidador dos oceanos, sem verdadeiramente passares à acção, e não podes passar à acção no mundo do futuro, no mundo que está à nossa frente, no mundo das nossas crianças, sem fazeres uma alimentação à base de plantas.”

– James Cameron (n. 1954), James Cameron challanges environmentalists to go vegan

“Sempre que presumimos algum nível de inteligência para [os outros animais], investigações posteriores mostram que eles são mais inteligentes do que alguma vez pensámos ou mais espertos do que alguma vez lhes demos crédito de serem.”

– Neil deGrasse Tyson (n. 1956), entrevista para a PETA

“Os seres humanos têm uma tendência para medir a inteligência dos outros animais em termos humanos. […] Os gorilas são inteligentes enquanto gorilas. Similarmente, uma ratazana não será provavelmente menos inteligente do que um rinoceronte, mas para ser mais exacto, uma ratazana é inteligente segundo os padrões de inteligência da sua espécie, tal como um rinoceronte o é dentro da sua espécie. […] Cada um deles tem a sua própria inteligência, que evoluiu para lidar com os desafios apresentados pelos seus estilos de vida e meio ambiente.”

– Jonathan Balcombe (n. 1959), “O Reino do Prazer: saiba como os animais são felizes” (Tradução de Maria Emília Novo, Europa-América, 2008).

“Ao fim-de-semana, a minha família, que vivia em Chicago, viajava até ao Wisconsin, e parava num restaurante de que eu não gostava, e então eu esperava no carro enquanto todos os outros comiam. Uma noite, aborrecida, eu saí do carro e caminhei à volta do parque de estacionamento. Reparei num camião cheio de bezerros, e liguei-me a um em particular, que não parava de me dar beijos. Cerca de uma hora depois, o condutor do camião saiu do restaurante. Perguntei-lhe qual era o nome do bezerro, e ele disse ‘Vitela, amanhã pelas 7 horas’. E foi assim: eu deixei de poder dissociar a criatura daquilo que estava no meu prato.”

– Daryl Hannah (n. 1960), entrevista à revista “Vegetarian Times”, tradução: Ricardo Morais-Pequeno.

  “Eu gosto de animais. De todos os animais. Não magoaria um gato ou um cão – ou uma galinha, ou uma vaca. E não pediria a outra pessoa que os magoasse por mim. É por isso que sou vegetariano.”- Peter Dinklage (n. 1969), da série “A Guerra dos Tronos”, entrevista para a PETA [Fotografia por Gage Skidmore.]

 “Sempre que eu me sento para comer, tomo umadecisão sobre quem sou neste mundo: Quero contribuir para o nível deviolência, miséria e derramamento de sangue que há no mundo? Ou quero fazer umaescolha compassiva e misericordiosa? Existe tanta violência no mundo, dasregiões devastadas pela guerra em África e na Europa às nossas próprias cidades.A maior parte desta violência é difícil de compreender, e mais difícil ainda deinfluenciar. O veganismo é uma área em que cada um de nós pode fazer adiferença, de cada vez que se senta para comer.”- BruceFriedrich, “Uma definição para vegano”(tradução: Ricardo Morais-Pequeno).Foto de Buce e Catalina: Jo-Anne McArthur.  

“Ao crescer, aprendi a amar e respeitar toda a vida. Agora, que sou pai, estou a ensinar o meu filho a também amar e respeitar toda a vida. Nós não achamos que qualquer criatura deva sofrer ou morrer para o nosso jantar quando há tantas outras comidas para nós escolhermos.”

– Masta Killa (n. 1969), do grupo Wu-Tang Clan, Testemunho para a PETA.

  “Quando eu tinha 9 ou 10 anos, o meu pailevou-me a uma quinta vizinha para eu ajudar a obter coisas para a refeição.Vic, o agricultor, disse-me para olhar para todos os perus e para escolher um.Eu vi um peru adorável com um andar tolo e exclamei “Ele!” Antes que meu dedoindicador tivesse tempo de baixar, o Vic agarrou o animal pelo pescoço ecortou-lhe a garganta. Sangue e penas voaram. Eu condenei aquele peru à morte!Até àquele momento, eu não sabia de onde vinha a carne – e tenho sidovegetariana desde então.”- SarahSilverman, (n. 1970), “Marie Claire”, Novembro de 2009. (Foto de JoanGarvin.) 

“Eu tinha 3 anos – e até hoje permanece uma memória bem viva. Aminha família e eu estávamos num barco, a apanhar peixe. Um peixe que foiapanhado estava a contorcer-se e depois atiraram-no contra a amurada do barco.Não havia maneira de esconder aquilo. Era isto que fazíamos aos animais para oscomermos. O animal deixava de ser uma criatura viva e vibrante a lutar pela suavida e era atirado para uma morte violenta. Eu reconheci isto, tal como os meusirmãos e as minhas irmãs.”- Joaquin Phoenix (n.1974), entrevista à PETA. Tradução: Ricardo Morais-Pequeno. [Fotografia de Joaquin Phenix por aphrodite-in-nyc.]   

“Se um dia encontrássemos uma forma de vida mais

poderosa e inteligente do que a nossa, e se ela nos visse como nós vemos os

peixes, qual seria o nosso argumento para não servos consumidos?”

Jonathan Safran Foer (n. 1977), “Comer

Animais” (Tradução Luís Santos, Bertrand, 2010).

“A pesca de arrasto, quase sempre de camarão, é o

equivalente marinho do abate da floresta tropical. Seja qual for o alvo, os

arrastões apanham peixes, tubarões, raias, caranguejos, lulas, vieiras – geralmente,

cerca de uma centena de peixes e outras espécies diferentes. Praticamente todas

morrem. […]

Segundo um estudo recente publicado na Applied

Animal Behaviour Science, os peixes morrem lenta e dolorosamente ao longo

de um período que pode chegar aos catorze minutos depois de terem sido atirados

completamente conscientes para uma mistura gelada imunda (algo que acontece

tanto aos peixes apanhados no mar como aos de criação). […]

Nunca terá de se interrogar se o peixe que tem no

prato terá sofrido. Sofreu.”

Jonathan Safran Foer, Ibid.

  “Lembro-me de que na Faculdade um professor pediu à nossa turmapara pensar sobre o que é que os nossos netos considerariam como sendo umcomportamento ou um pensamento retrógrado da nossa geração, da mesma forma queficamos chocados com o tipo de misoginia, racismo e sexismo que hoje sabemosque era comum no mundo dos nossos avós. Ele incitou-nos a utilizar esteprincípio para examinarmos os comportamentos das nossas vidas e das nossassociedades, para que fizéssemos parte da mudança. A criação industrial deanimais será uma das coisas para as quais olharemos como relíquias de uma eramenos evoluída.”-Natalie Portman (n. 1981), HuffingtonPost, 27 de Outubro de 2009, tradução: Ricardo Morais-Pequeno. [Foto por Benjamin Ellis.] 

“Eu nunca comi carne na minha vida, tenho 1,78m e

não estou propriamente a definhar.”

– JossStone (n. 1987), Introducing Joss Stone: Singer, Songwriter, Perfeormer, Vegetarian

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