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3 Países que Promovem a Proteína Vegetal: Inspiração para Portugal

Nos últimos meses, alguns países têm dado passos inéditos em direção a sistemas alimentares mais sustentáveis, apostando na produção e consumo de proteínas de origem vegetal. Entre os exemplos notáveis, destacam-se Dinamarca, Coreia do Sul e Alemanha, que implementaram estratégias abrangentes para impulsionar a transição para dietas de base vegetal. Este movimento global reflete que existe alguma consciência sobre os impactos ambientais, económicos e de saúde associados à produção de alimentos de origem animal, mas também constitui um exemplo para que países como Portugal sigam o mesmo rumo.

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Numa altura em que foi assinada a Declaração sobre Agricultura Sustentável, Sistemas Alimentares Resilientes e Ação Climática, na 28.ª cimeira da ONU sobre alterações climáticas (COP28), é cada vez mais consensual a necessidade de os sistemas agrícolas e alimentares serem considerados em planos nacionais para combater as alterações climáticas. Nomeadamente, por via das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDC), até 2025, que são a principal forma pela qual os países podem definir metas climáticas na COP.

De facto, as emissões de gases de efeito estufa provenientes do sistema alimentar representam 30 % das emissões globais, pelo que é necessário agir ao nível de políticas públicas.

Portugal irá investir cerca de 85 mil milhões de euros na transição climática ao longo das próximas duas décadas, ou seja, 35 % do PIB, conforme anunciado nesta mesma cimeira. Assim, é de esperar que tal financiamento promova um sistema alimentar que privilegie os alimentos de base vegetal, como estratégia para cumprir o objetivo do Acordo de Paris de 2015, que visa limitar o aumento da temperatura global abaixo de 2 oC, tal como outros países já estão a fazer. 

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Dinamarca: Um Modelo de Políticas para a Alimentação do Futuro

O governo da Dinamarca lançou, em outubro de 2023, um plano nacional inédito que promove a produção e o consumo de alimentos de base vegetal. Esta iniciativa, que faz parte de um acordo agrícola político de 2021, tem como objetivo fortalecer e impulsionar o setor dinamarquês de alimentos de base vegetal, e visa inspirar o resto do mundo.

O plano delineia estratégias e medidas oficiais que pretendem mudar os padrões alimentares dos cidadãos dinamarqueses para que passem a privilegiar produtos de base vegetal. Entre outros, este plano tem como base o potencial económico de se promoverem as proteínas alternativas à carne, tendo-se assistido no país, entre 2017 e 2022, a um aumento na produção de culturas proteicas de base vegetal, que ascendeu a 1,2 mil milhões de dólares.

Entre as ações cruciais do plano estão os requisitos que determinam licitações públicas de alimentos e o estabelecimento de um financiamento para alimentos de base vegetal (Plant-based Food Grant), um fundo robusto de 195 milhões de dólares destinado a acelerar a transição do setor alimentar para um que privilegie alimentos de base vegetal, até 2030. 

Adicionalmente, o plano abraça uma abordagem abrangente, incluindo a oferta de formação a chefs da restauração pública e privada, que se debruça na preparação de refeições de base vegetal, bem como um maior foco em dietas de base vegetal nas escolas primárias. Destaca-se também a ambição de aumentar as exportações de alimentos de base vegetal, sublinhando o compromisso do país com a disseminação global desta abordagem.

Rune-Christoffer Dragsdahl, Secretário-geral da Sociedade Vegetariana da Dinamarca, ressalta a singularidade do plano, sendo a Dinamarca o primeiro país a desenvolver uma estratégia tão abrangente para alimentos de base vegetal. Adicionalmente, Rune-Christoffer enfatiza o facto de este plano ter como particular foco a pesquisa e o desenvolvimento de produtos que constituem alternativas aos alimentos de origem animal, mas também a exportação dos mesmos e o reforço na formação de profissionais de cozinha. Destaca também a determinação dos vários intervenientes para garantir o sucesso dessa missão, sublinhando a necessidade de existirem investimentos em toda a cadeia de valor para impulsionar a transformação desejada.

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Coreia do Sul: A Revolução das Proteínas Alternativas

A Coreia do Sul não ficou para trás nesta revolução alimentar. O Ministério da Agricultura, Alimentação e Assuntos Rurais anunciou um plano abrangente para impulsionar a indústria de alimentos de base vegetal, estando entre as medidas consideradas por este a criação de um centro de pesquisa para proteínas alternativas e o apoio à exportação desses produtos.

O mercado sul-coreano de alimentos de base vegetal tem vindo a viver um crescimento significativo, impulsionado por preocupações com o bem-estar animal e a sustentabilidade. Empresas locais, como UNLIMEAT, Veggie Garden e Better Meat, têm alcançado um sucesso notável, o que pode ser visto como uma crescente aceitação das alternativas vegetais.

Alemanha: Rumo a uma Agricultura e Alimentação Mais Sustentáveis

A Alemanha, reconhecida como líder europeia em alternativas proteicas, destinou 38 milhões de euros do seu orçamento federal de 2024 para promover a transição para uma agricultura de base vegetal e incentivar o desenvolvimento de proteínas alternativas. Este investimento abrange desde a pesquisa até ao apoio para agricultores, para que passem a privilegiar as culturas de base vegetal.

O enfoque alemão destaca uma mudança paradigmática no financiamento agrícola, que passa a priorizar o apoio à produção de proteínas vegetais para consumo direto pelas pessoas, em lugar da produção de alimentos que constituem rações para animais. O objetivo do país é posicionar-se na vanguarda da produção de proteínas alternativas até 2030.

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Portugal: O Projeto Proteína Verde e a Busca por Sustentabilidade Alimentar

Em consonância com estas tendências globais, Portugal deve começar a agir em prol de uma maior sustentabilidade alimentar, assente na proteína vegetal. 

O projeto Proteína Verde propõe precisamente a transição proteica nacional e, por conseguinte, a elaboração de um plano nacional português de promoção da proteína vegetal. Esta proposta é apresentada, em documento, ao governo português por via do Plano Nacional de Promoção à Proteína Vegetal, da autoria da Associação Vegetariana Portuguesa em parceria com ZERO, GEOTA e ASPEA. Constituído por 15 recomendações políticas, este Plano pede a Portugal que acompanhe o que se faz lá fora e implemente políticas que tornem o sistema alimentar capaz de combater as alterações climáticas, a sobre-exploração de recursos naturais e as problemáticas da saúde pública. Para o efeito, propõe uma maior aposta na produção e consumo de proteínas vegetais. 

O Plano Nacional proposto pelo projeto abrange diversas recomendações, incluindo o apoio ampliado aos agricultores para o cultivo de leguminosas, a consideração dos custos ambientais na concessão de subsídios públicos à pecuária, e a promoção de refeições de base vegetal em cantinas públicas. Além disso, recomenda a anulação da taxa de IVA para todas as leguminosas, a atualização das diretrizes alimentares nacionais e a criação de programas para incentivar o cultivo de leguminosas entre os jovens agricultores.

O projeto Proteína Verde representa um passo crucial para alinhar Portugal com os esforços globais em direção a sistemas alimentares mais sustentáveis, assentes na proteína vegetal. Ao observar as práticas bem-sucedidas em países como Dinamarca, Coreia do Sul e Alemanha, Portugal pode seguir os mesmos passos de modo a ser capaz de enfrentar os desafios climáticos e de saúde pública, promovendo uma transição para dietas mais equilibradas e amigas do ambiente. Existe também um valor económico associado a esta transição, já que, entre 2020 e 2022, se assistiu ao aumento de 20 % nas vendas do mercado de produtos de base vegetal, em Portugal.

A colaboração entre setores público, privado e organizações não governamentais é fundamental para o sucesso dessas iniciativas e para a construção de um futuro alimentar mais sustentável.

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