A preocupação com o meio ambiente pode manifestar-se de diferentes formas. No dia-a-dia, com a circulação em transportes públicos em vez do automóvel particular, com a reciclagem dos resíduos ou através da compra de energia renovável, por exemplo. Mas também é possível reduzir a pegada ecológica na hora de ir para a mesa. Como? Uma alimentação de base vegetal pode ser um bom ponto de partida.
Os números são claros: produzir 1kg de carne implica mais de 15 mil litros de água, 7,9m2 de solo e 16Kg de dióxido de carbono, enquanto que para 1kg de cereal bastam 1300 litros, 1,5m2 e 0,8Kg de dióxido de carbono. O consumo de carne e peixe tem um impacto ambiental considerável e a indústria da pecuária é uma das mais poluentes, mais do que todo o sistema de transportes mundial em simultâneo.
Se gostavas de ter um papel mais ativo na mudança deste paradigma, podes ver esta Carta Aberta que escrevemos a António Guterres e assinar a petição Plead For Planet.
Além disso, damos-te cinco sugestões de restaurantes portugueses para reduzires a tua pegada ecológica. A alimentação de base vegetal, matéria-prima de produção biológica, ingredientes sazonais e produzidos localmente são alguns dos conceitos-chave.
O Botanista (Lisboa)
“Comida à base de plantas para o corpo e a alma”. É assim que se apresenta O Botanista, um restaurante no Cais do Sodré movido pela crença de que a comida 100% vegetal é mais criativa, sustentável e saudável. Há pão e doces sem glúten, queijos à base de caju fermentado, bebidas feitas de raiz como a kombucha e, claro, muitos pratos coloridos onde os protagonistas são os vegetais. A carta muda conforme as estações do ano, mais um sinal de que os ingredientes chegam à mesa de acordo com o ritmo a que a natureza os produz. Veja-se o “Lawolitini”, onde tem destaque a curgete, servida em fatias laminadas, com queijo de amêndoa e azeitona, molho de tomate seco e fresco, espinafres e, para finalizar, pesto de manjericão.
Nota: Este restaurante é parceiro da AVP, pelo que os sócios da AVP podem usufruir de 10% de desconto nas suas refeições.
Green Affair (Lisboa)
O Green Affair é, provavelmente, um dos restaurantes vegetarianos mais badalados na capital portuguesa e a preocupação com a redução da pegada ecológica do espaço é evidente. Descreve-se como um espaço “sofisticado sem ser formal, ético sem ser chato, consciente, mas indulgente”. A prova disso são os pratos que servem, de aparência cuidada e elaborados com ingredientes 100% vegetais. Na carta há ingredientes bem portugueses, presentes em pratos como o Risotto de espinafres, espargos e cogumelos ou o Caril Katsu, feito com panados de abóbora, courgete e tofu, arroz integral e salada, mas também outros ingredientes feitos de raíz na cozinha, reduzindo a pegada do transporte de matérias-primas: bife de seitan caseiro com molho de pimentas, batata doce frita e coleslaw. Para terminar refeições, também há sobremesas livres de ingredientes de origem animal e onde a fruta da época é estrela, como o crumble de com molho de caramelo salgado e natas cremosas de limão ou a fruta em calda de Rooibos, natas cremosas de limão e crocante de amendoim. Vale a pena experimentar este restaurante, de portas abertas no Saldanha e no Chiado.
Fava Tonka (Leça da Palmeira)
O restaurante do chef Nuno Castro em Leça da Palmeira, que se caracteriza pela comida orgânica e sazonal, é uma paragem obrigatória para quem duvida do potencial dos vegetais para criar um prato marcante. De matriz vegetariana, mas com muitas opções 100% vegetais, o menu muda consoante as estações do ano e os produtos de época disponíveis. Assim, nesta altura de Verão, a carta conta com pratos mais leves como o Morangos, tomate e caril verde, o Espargo branco, beurre blanc e algas ou o Beterraba, endívias e alho negro. Nas sobremesas, também se recorre ao que a natureza nos dá – podes escolher entre Ananás dos Açores e eucalipto, Frutos vermelhos, espargos brancos e sabugueiro ou Pastinaca, feno e caramelo salgado. Bom apetite.
Em Carne Viva (Porto)
Instalado numa casa imponente em plena Avenida da Boavista, no Porto, e com um jardim romântico ideal para fugir ao alvoroço da cidade, o Em Carne Viva dedica-se a servir refeições vegetarianas com uma grande preocupação com a pegada ambiental. O chef Victor Rodrigues comanda a cozinha de onde saem pratos de inspiração regional com produtos locais. Há clássicos com o Sem espinhas à lagareiro, uma recriação do prato de bacalhau onde a proteína é o tofu; Risotto de cogumelos ou Brigadeiros de Mirandela, umas trufas de alheira em crocante de sésamo torrado, legumes salteados e batata doce. Como vês, não faltam boas razões para fazer uma refeição neste espaço.
Outro Lado (Faro)
É verdade que o maior número de restaurantes de base vegetal está nas grandes cidades, nomeadamente na capital e na cidade Invicta. Mas pelo resto do país também há restaurantes bem verdes e amigos do ambiente que merecem ser visitados. É o caso do Outro Lado, em Faro. É até possível juntar o útil ao agradável ao marcar presença neste espaço durante uns dias de sol na capital algarvia. O que há para comer? Risoto de abóbora e cogumelos shitake, tofu à lagareiro ou legumes à Brás são apenas três opções que mostram como há mesmo um outro lado na cozinha tradicional portuguesa, mais ecológico e igualmente saboroso. As sobremesas também são 100% vegetais e muito gulosas – há pastéis de Belém, brigadeiros de chocolate e até bolos de aniversário por encomenda. É marcar mesa e experimentar.
