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A Europa está a tornar-se “Vegan”. Dicas para as marcas de pequena e média dimensão.

O sector alimentar de base vegetal europeu tem tido um crescimento explosivo durante os últimos dois anos. De acordo com relatórios de consumidores, o mercado cresceu de 2,4 mil milhões de euros, em 2018, para 3,6 mil milhões de euros, em 2020.

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Além disso, a pandemia acelerou este crescimento, uma vez que os clientes estão cada vez mais conscientes da sua saúde – este e muitos outros foram os tópicos de um debate da V-Label, em 2021, com conferencistas de toda a Europa. Entre investigadores, retalhistas e diversos CEO [Chef Executive Officer – Director Executivo], foi possível apurar o seguinte:

  • O Reino Unido e a Alemanha são os maiores mercados na Europa. O mercado britânico está avaliado em 502 milhões de euros, mais 36 % do que em 2019; e o mercado alemão está avaliado em 357 milhões, mais 76 % do que em 2019.
  • No Reino Unido, os produtos de substituição de carne mais populares são as salsichas, os hambúrgueres congelados e os fiambres (e afins) de origem vegetal; já na Alemanha foram as carnes refrigeradas, os fiambres (e afins) e as pastas para barrar de base vegetal. Uma inovação promissora neste campo são os bifes de origem vegetal com sabor e textura que replicam a carne.
  • O mercado do leite de origem vegetal estava avaliado em 1,6 mil milhões de euros em 2020. A Alemanha é o país com maior dimensão, registando vendas na ordem dos 396 milhões de euros, mais 42 % do que em 2019; seguido de Espanha, onde o mercado está avaliado em 318 milhões, mais 13 % do que em 2019.

Aposta no queijo e no peixe (os de origem vegetal, claro!)

Não obstante o referido, um dos produtos com maior e mais rápido crescimento é o queijo de base vegetal. A taxa de crescimento duplicou no ano passado, aumentando de 31 % em 2018-19, para 62 % em 2019-20, num valor total de 60 milhões de euros. Os queijos de base vegetal mais populares são o queijo fatiado, o queijo cremoso e o queijo ralado.

Inquéritos aos clientes apontam para uma grande procura de produtos de queijo de origem vegetal. Porém, não existem tantas opções de consumo, e as que existem nem sempre estão disponíveis, ou nem sempre são económicas ou saborosas.

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Queijos vegan biológicos, artesanais e fermentados, da marca Muka. Créditos imagem: Público.pt

Durante o mesmo período de tempo, os produtos de peixe de base vegetal apresentaram um crescimento de três dígitos. Na Alemanha, o mercado cresceu 149 % em 2018-19 e 190 % em 2019-20, de 261 000 EUR em 2018 para 650 000 EUR em 2020. Os produtos disponíveis consistem, principalmente, em douradinhos de peixe e hambúrgueres de peixe desfiado, cujo foco está na imitação do sabor e na sensação de mastigação que o peixe providencia.

O grupo-alvo mais importante são os flexitarianos, consumidores que seguem uma dieta vegetariana ou vegan e que, ocasionalmente, comem carne ou peixe. De acordo com os inquéritos, estes consumidores procuram predominantemente opções de queijo de base vegetal, refeições prontas e alternativas à carne nos supermercados.

Uma maior variedade de alternativas de base vegetal à carne e aos produtos lácteos, bem como mais opções e mais qualidade dos produtos de queijo de origem vegetal, são apostas seguras para este sector.

Como uma start-up de queijo feta espanhol compete com as grandes marcas

O Ilowu é um produto inovador de queijo de origem vegetal, criado por uma start-up com sede em Barcelona. Sob a marca Yes. But, a empresa vende seis variedades de queijo de origem vegetal refrigerado.

O seu produto mais vendido é o queijo feta, dado que existem muitos concorrentes na mozarela e no cheddar de base vegetal, mas menos no feta e no parmesão.

Uma imagem com texto, de madeira, madeira, refeição

Descrição gerada automaticamente

Como é que uma pequena empresa compete com grandes concorrentes como a Nestlé e a Unilever, que compram marcas e indústrias inteiras?

A sua estratégia consiste em ter poucos clientes e muitos mercados. Em vez de passarem tempo a tratar de pormenores, tais como a fixação de preços e a programação de entregas em muitos retalhistas diferentes, a Yes. But concentra-se em três ligações fundamentais. Um grande distribuidor coloca o seu produto em lojas independentes. Uma loja online aumenta a presença na Internet. Um grande retalhista chega a um grande número de clientes”.

Painel de discussão.

O objectivo é que os clientes possam ver os produtos no maior número de locais possível. Para atingir este objectivo e obter sucesso, os empresários têm de escolher os parceiros certos.

É, igualmente, essencial ter em consideração o tamanho, o peso e o preço do produto. Se o peso for demasiado ou o preço muito alto, o cliente pode escolher um produto diferente. Manter os preços baixos pode comprometer as margens de lucro, mas é o risco a aceitar se a acessibilidade dos preços conduzir a mais vendas.

A mesma start-up também oferece molhos de base vegetal no Reino Unido, maionese refrigerada em Espanha, alimentos congelados na Finlândia e, em breve, oferecerá refeições prontas nos Países Baixos. Outros produtos seus incluem as asas de brócolos e nuggets de proteína de soja. Durante a pandemia da Covid-19, a Ilowu lançou 24 produtos diferentes sob duas marcas.

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YesBut Crispy Chick Burgers, da marca Yes. But

Como conseguir que os produtos apareçam nas lojas?

Os retalhistas estão sempre à procura de novos produtos”, concordam os conferencistas do debate

As marcas individuais são apenas uma pequena parte do universo do retalho. Os retalhistas têm de responder aos fornecedores, às tendências dos consumidores, à concorrência online e a muito mais. As suas estratégias para os produtos de base vegetal interagem lado a lado com várias esferas inerentes à sua própria área de negócio, bem como com actividades exteriores ao seu negócio. Quanto mais avançado for o mercado, mais factores os retalhistas devem ter em conta.

Os retalhistas estão sempre à procura de novos produtos. Para uma empresa colocar o seu produto nas prateleiras das lojas, os empresários têm de decidir que tipo de produto querem vender, que clientes querem alcançar e qual a cadeia retalhista que querem contactar. Ao acréscimo de novos produtos no retalho chama-se gestão de categorias, havendo quatro etapas no processo.

Decide-te antes de te dirigires a um retalhista – Qual é o problema do retalhista e como posso ajudá-los com o meu produto? – para que tenha uma melhor posição para ser integrado nas prateleiras”.

Floor Buitelaar, Consultora e Sócia Fundadora da Bright Green Partners.
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4 dicas para colocares os teus produtos nas prateleiras:

Contacto

Contactar o gestor da categoria por telefone ou e-mail. Não esperes uma resposta, dado que muitas vezes recebem cerca de 20 ofertas por dia. Sê concreto e objectivo – enumera os detalhes do produto, ingredientes, preços e margens de lucro estimadas. Se o produto estiver inventariado noutro retalhista, esses resultados podem ser utilizados. Concentra-te na linguagem do retalhista. Muitas start-ups têm boas ideias, mas não têm experiência de vendas, por isso, é essencial encontrar um conselheiro com experiência.

Negociação

Reúne-te com o gestor da categoria e discute a quantidade de espaço de prateleira que o teu produto irá utilizar, o preço e o orçamento da promoção. Define, igualmente, o posicionamento da tua marca ou marca privada. A concorrência é feroz, o espaço de prateleira é limitado e as marcas privadas estão a tornar-se cada vez mais populares.

Período Experimental

Depois de o retalhista definir a data de início, tens seis a oito semanas para provar a rotação do teu produto na prateleira. Envia pessoas “do terreno” para verificar a loja e para te assegurares de que o produto está bem posicionado. Observa como os produtos dos concorrentes estão posicionados. Durante este período, é muito importante fazer o máximo de promoção possível. Podes utilizar símbolos, cartazes, provas de degustação na loja e promoção nas redes sociais.

Manutenção

O foco principal não está em entrar nas prateleiras, mas em manteres o teu lugar nas prateleiras. Isto é especialmente decisivo durante as primeiras oito semanas. Os retalhistas fazem “mudanças” regulares nas prateleiras de seis em seis meses e, os maiores, de três em três anos.

Muitos gestores de categoria querem substituir produtos de origem animal por alternativas à base de vegetais. Pergunta a ti próprio/a: “qual é o problema que este retalhista enfrenta neste momento, e como posso eu ajudar?”

Uma história de sucesso no retalho: Gelados de uma cozinha londrina 

Cecilia Thomas começou por vender gelados totalmente naturais à base de fruta, a partir de cocktails: Poptails by LAPP. Cecilia iniciou a actividade com gelados não alcoólicos e gelados e sorvetes de base vegetal. O que começou numa cozinha londrina é agora vendido no Reino Unido, França e Bélgica. 

A empresária atribui o sucesso do seu produto a uma combinação de factores. As embalagens coloridas destacam-se e são imediatamente reconhecíveis. Uma pequena lista de ingredientes assegura aos clientes que o produto é saudável. A promoção do produto em eventos aumenta o conhecimento da marca, nomeadamente em festivais de música e festivais veganos, como o Veggie World. 

Contudo, houve um passo crucial que lhe deu acesso aos retalhistas e distribuidores. Essa etapa foi a obtenção da certificação do produto como vegan.

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Gelados totalmente naturais à base de fruta, a partir de cocktails: Poptails by LAPP.

Como a certificação pode aumentar as tuas hipóteses no mercado

Uma certificação V-Label ajuda as empresas a promoverem a transparência e a clareza com o seu produto. Para os consumidores, é um rótulo amarelo fácil e eficaz. Se o vires numa loja, sabes que o produto é vegano.

Os resultados de um inquérito recente revelaram que 92 % dos clientes preferem um rótulo oficial de certificação vegan e que 45 % só comprariam produtos com um rótulo oficial. A V-Label é líder, em termos de rótulos alimentares, sendo igualmente a mais conhecida na Europa. Dos clientes inquiridos, 95% já ouviram falar desta certificação. O processo de auditoria independente associa o rótulo à qualidade. Os clientes estão dispostos a pagar mais por produtos com certificação V-Label.

Queremos que as empresas promovam a transparência, para facilitar a clareza com os seus produtos. Para os consumidores que estão num qualquer estabelecimento, esperamos oferecer uma forma fácil e eficaz de saber se um produto é vegan e vegetariano”

Katharina Kretschmer, Chefe da V-Label Alemanha.

A V-Label verifica cada uma das etapas do processo de produção para se certificar de que um produto é vegan. O custo da certificação depende da empresa, de quantos produtos se pretende certificar, que tipo de produtos, em que país está sediada a empresa, em que países se pretende vender os produtos. A V-Label realiza auditorias regulares, verificando o local de produção. As empresas pagam pelas auditorias, pela verificação inicial do produto e pela taxa anual de licença para expor a certificação V-Label no seu produto.

À medida que os produtos veganos se tornam cada vez mais importantes no século XXI, é essencial proporcionar uma comunicação clara com os clientes, bem como os mais elevados padrões de qualidade.

V-Label consumer survey

Na imagem lemos:

Aumento de visibilidade, credibilidade, conveniência: O que é que um produto com o rótulo V-Label indica aos consumidores?

  • 79 % dos consumidores, em termos globais, concorda que dá mais atenção aos produtos com o símbolo V-Label
  • 61 % dos consumidores declara que estão à procura do símbolo V-Label quando estão nas compras
  • 64 % preferem comprar produtos 
  • com o símbolo V-Label do que outros similares sem esse rótulo
  • 78 % dos consumidores do mundo inteiro confiam mais nos produtos com o símbolo V-Label do que naqueles que não têm esse rótulo
  • Frequente 
  • Sempre

Adaptado da página European Vegetarian Union (EVU)

Na imagem de destaque: Greencook.pt

Traduzido por Ana Luísa Pereira

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