A pesquisa envolveu dois grupos de pessoas, sendo um deles instruído para substituir a ingestão semanal de carne por alternativas de base vegetal.
Como resultado, os participantes que comeram as opções veganas tiveram um aumento de micróbios produtores de butirato. Os especialistas de saúde referem que isto é bom para o organismo, uma vez que ajuda a prevenir doenças.
Vantagens das alternativas vegan à carne
O cientista Miguel Toribio-Mateas, Professor de Ciência Microbiota na London South Banck University (LSBU), é quem está por detrás deste estudo randomizado e controlado. A pesquisa teve como base um pensamento comum de muitas pessoas: as alternativas à carne de base vegetal (PBMA) são encaradas como ultraprocessadas e “de qualidade reduzida”, apesar da vontade em avançar para dietas sem carne.
Toribio-Mateas queria saber o que acontece à flora intestinal dos flexitarianos que consomem tais produtos veganos de rápida confecção, em comparação com as pessoas que comem carne.
A flora intestinal – que é uma área chave de investigação para Toribio-Mateas – desempenha um papel importante para ajudar a controlar a digestão e beneficiar o sistema imunitário.
“Assumi o estudo, sabendo que os PBMA [alternativas à carne de base vegetal] tinham má reputação e fiquei satisfeito por ver os resultados porque as alternativas à carne vieram para ficar e podem desempenhar um papel como parte de uma dieta saudável e equilibrada”.
Toribio-Mateas, neurocientista, na sua conta de Instagram.
Adicionalmente, na publicação da conta de Instagram da médica e autora britânica Dr Gemma Newman, na imagem acima, pode ler-se:
“Estudo ‘fresquinho’ acaba de ser impresso! Estou realmente orgulhosa por partilhar o trabalho do meu amigo @miguelmateas, um ensaio randomizado e controlado, recentemente publicado, que analisa os efeitos das alternativas à carne de base vegetal (PBMA) sobre a flora intestinal.
As carnes falsas têm sido muito criticadas por serem ultra processadas e insalubres. Mas será essa a verdadeira história? A hipótese deste estudo foi construída em torno do pressuposto de que as alternativas de base vegetal à carne são alimentos ultraprocessados (de acordo com a classificação alimentar NOVA), e os autores questionaram se tal seria sempre o caso. Analisaram as alterações na flora intestinal dos participantes, como um indicador disso mesmo. Poderiam os PBMA ter, de facto, um efeito neutro ou mesmo benéfico sobre a microbiota intestinal?
Os participantes no estudo (39 no total) receberam PMBA (suficientes para toda a família comer), tendo-lhes sido pedido que, em vez de usarem carne, os utilizassem, numa média de 5 refeições por semana. Foram-lhes dadas algumas receitas para inspiração. O grupo de controlo comeu a mesma dieta de base, que diariamente incluía carne, ovos e lacticínios. O grupo de intervenção não foi obrigado a substituir toda a carne, imitando assim opadrão de dieta do flexitariano. A microbiota intestinal foi então analisada, quer no grupo de intervenção, quer no grupo de controlo.
E o que é que descobriram?
Um aumento no potencial de metabolização de butirato – em especial nas 4 vias de aminobutirato/succinato e glutarato – e na abundância de micróbios produtores de butirato nas pessoas que comem PBMA. Isto indica uma mudança positiva nas populações de bactérias intestinais.
Os PMBA continham:
🍔 Fibras solúveis e insolúveis de raiz de chicória, cenoura, ervilha e batata, que se verificou terem uma gama de benefícios para a saúde humana;
🍔 Fitonutrientes de ervilhas inteiras, farinha de ervilha e concentrado de proteínas de ervilha (luteína, genisteína, daidzeína e ácido ferúlico, todos eles favorecendo o crescimento de micróbios que metabolizam os SCFA – ácidos gordos de corrente curta – de forma saudável).
Os PMBA não continham:
⛔️TMAO (N-óxido de trimetilamina), ferro hémico, dioxinas, microplásticos, neu5gc (ácido N-glicolilneuramínico) ou outras aminas heterocíclicas que são cancerígenas e estão presentes na carne.
Ao longo de um mês de estudo, os 39 participantes foram divididos em dois grupos. Ao primeiro solicitou-se que substituísse a carne pelas alternativas veganas, numa média de cinco refeições por semana. Enquanto o segundo comeu a sua dieta habitual que incluía carne e lacticínios.
Isto ocorre pela ‘nítida falta’ de informação sobre os benefícios dos produtos de ‘carne’ vegan, afirma Toribio-Mateas.
Flora intestinal
Apesar de ser um estudo de amostra reduzida, a investigação assume que definir um intestino ‘saudável’ pode ser um desafio, uma vez que a maior parte da variação na microbiota ainda está ‘por explicar’.
A profissional de saúde Dra. Gemma Newman elogia, assim, a pesquisa de Miguel Toribio-Mateas. Citando a mesma, o estudo indica “uma mudança positiva nas populações de bactérias intestinais” entre os participantes. Além disso, ingredientes como a raiz de chicória, cenoura, ervilha e fibras de batata beneficiam a saúde humana, acrescenta Gemma Newman.
“As alternativas à carne de base vegetal estão aqui para ficar. E a compreensão do seu impacto na saúde é importante”
Gemma Newman, médica e autora.
Pode-se ler o estudo completo aqui.
Adaptado da página Plant Based News
Crédito imagem de capa/destaque: foodtechconnect.com
Traduzido por Ana Luísa Pereira