A produção de alimentos como a “carne” e os “laticínios” de origem vegetal é uma indústria em grande crescimento. No ano passado, alguns peritos avaliaram o mercado global de “carnes vegetais” em mais de 5 mil milhões de dólares (perto de 5 mil milhões de euros), com previsões que esperam aumentar a um ritmo de 19% desde 2022 até 2030. O mercado das alternativas vegetais aos lacticínios correspondeu a 11 mil milhões de dólares em 2020, com projeções que apontam para que sejam atingidos os 32 mil milhões de dólares em 2031.
Agora, um novo estudo da Universidade de Bath diz que as alternativas vegetais à carne e aos lacticínios são mais saudáveis tanto para a saúde humana como para o meio ambiente. Este novo estudo foi publicado no jornal Future Foods.
O que são as alternativas vegetais à carne e aos lacticínios?
As alternativas de base vegetal à carne apareceram, pela primeira vez, na década de 1960 quando eram essencialmente feitas à base de soja. Mais tarde, as alternativas feitas com proteína vegetal texturizada também apareceram no mercado.
Os produtos que se constituem como alternativas vegetais disponíveis hoje em dia usam ingredientes como a soja, a proteína de ervilha, óleos, fécula de batata e uma enorme variedade de aromas e outros ingredientes que imitam, de perto, a textura e o sabor da carne de origem animal.
As alternativas vegetais ao leite de origem animal remontam a um início muito anterior e o primeiro testemunho da existência de bebida de soja data de há cerca de 2 000 anos. Os produtos à base de soja também parecem continuar a estar, hoje, entre os mais populares, ainda que agora partilhem as prateleiras do supermercado com opções à base de aveia, arroz, amêndoa, cânhamo, coco, entre outros. As bebidas vegetais têm-se, de facto, expandido bastante em termos de mercado. Estão cada vez mais longe de serem apenas bebidas que parecem leite mas não o são, sendo que os lacticínios estão também associados a outras alternativas de base vegetal, como “iogurtes”, “manteigas”, “queijos” e “gelados”.
Alternativas de base vegetal vs lacticínios e carne (de origem animal)
De acordo com o Dr. Bryant, o objetivo deste estudo era investigar como se comparavam as as alternativas vegetais a produtos de origem animal em termos de critérios como a saúde e a sustentabilidade ambiental.
“Parece haver muita falta de informação e até informação falsa neste tópico e equívocos com base na ideia de que este género de produtos são processados e pouco naturais”, disse o Dr. Bryant.
Para o médico, “muita gente parece achar que estes produtos não são saudáveis e que são nocivos para o ambiente, mas, como o estudo concluiu, a evidência científica mostra o contrário. Na realidade, as alternativas vegetais à carne e aos lacticínios são mais saudáveis e mais sustentáveis do que os produtos de origem animal que estes vêm substituir”, explicou.
Os investigadores reportaram a evidência de que os lacticínios e as carnes de base vegetal ajudam a reduzir as emissões de gases com efeitos de estufa, precisam de menos água e espaço de terra, e são menos poluidores do que os produtos de origem animal.
A equipa do Dr. Bryant também descobriu que estas alternativas vegetais são opções válidas numa fase de perda de peso e construção de músculo, e ainda oferecem uma grande variedade de benefícios adicionais como aminoácidos, vitaminas e antioxidantes.
“Em particular”, especificou Dr. Bryant, “os pacientes com excesso de peso podem beneficiar ao trocar carne de frango por microproteína, que vai aumentar os níveis de ingestão de fibra, aumentar a sensação de saciedade depois de uma refeição com menos calorias e diminuir a resposta corporal ao consumo de insulina.”
Prós e contras das alternativas de base vegetal à carne
O portal Medical News Today também falou sobre este estudo com Lauren Sepe, uma nutricionista clínica e nutricionista residente no Centro de Bem-Estar de Nova Iorque.
Sepe considerou que muitos dos pontos abordados no estudo relacionados com questões de saúde e ambientais são conceitos generalistas, por isso, alertou que, do ponto de vista nutricional, os produtos que encontramos hoje em dia como substitutos vegetais da carne ou dos lacticínios são “um pau de dois bicos” devido a alguns ingredientes muito pouco saudáveis que possam conter.
“A qualidade nutricional de alguns dos ingredientes destes alimentos é questionável, e em grandes quantidades podem não ser a opção mais saudável”, explicou.
“Dito isto, para pessoas que estão à procura de uma experiência de comer um hambúrguer sem comer carne, estas são boas opções para consumo ocasional. Agora, eu não recomendo estes produtos como algo a incluir regularmente na dieta porque, apesar de as opções de base vegetal serem vistas como mais saudáveis, muitas continuam a ser extremamente processadas, por isso, há que ser seletivo na escolha”, alertou Sepe.
Assim, são muitos os motivos que justificam a troca de carne de origem animal pela sua alternativa de base vegetal, incluindo aspetos ambientais e da saúde. Contudo, sugere-se que o consumo de alimentos processados seja feito apenas ocasionalmente, devendo-se primeiramente optar por alimentos de elevado valor nutricional sem qualquer processamento, como é o casos dos vegetais, das frutas, das leguminosas e dos cereais, ou com processamento mínimo, como é o caso do tofu e do seitan.
A nutricionista recordou ainda que, apesar de este tipo de comidas ter, certamente, o seu papel de proporcionar opções de base vegetal como uma alternativa ao consumo de carne, é preciso mais estudos de uma forma geral sobre a qualidade nutricional destes alimentos produzidos em laboratório.
“Alguns produtos de base vegetal são melhores do que outros. Vejo muitos destes produtos como bons substitutos para consumo esporádico e como um passo à frente para se conseguir a adoção de opções mais saudáveis ao nível da alimentação de base vegetal”, refere Lauren Sepe.
Traduzido e adaptado de Medicalnewstoday.com
Por Bárbara Baltarejo