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A realidade dos Matadouros em Portugal: pelos olhos de uma activista

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Quando se fala em animais de consumo, normalmente pensamos em animais de quinta. Animais que vivem em liberdade num campo verde. Vacas felizes, porcos na lama, galos a cantar…Mas depois de um ano a co-organizar o Braga Animal Save Porto Animal Save, visitei várias explorações, quintas e até mesmo matadouros em Portugal e no estrangeiro, e percebi que a realidade não poderia ser mais distante.

A vida dos animais usados na indústria agropecuária é, não só curta, mas, essencialmente, dura. Queremos acreditar que o que vemos nas inúmeras imagens que vão circulando nas redes sociais apenas acontece noutros países. Imaginamos que, por alguma razão, nós o fazemos de forma diferente, de forma mais humana.

Talvez o que mais me tenha surpreendido foi o facto de nada, em todo este processo, ser natural ou deixado à sorte, todos os pormenores são controlados de forma a gerar o maior lucro possível. A história de todos estes animais começa com inseminações artificiais e modificações genéticas. É escolhido aquele que poderá dar a melhor carne, pôr mais ovos ou engordar mais rapidamente. Os restantes, são apenas prejuízo.

Poucas horas depois de nascerem, os bebés são afastados das mães e selecionados de acordo com a sua utilidade. Os machos são considerados um inconveniente e, muitas vezes, inúteis por estas indústrias. Os bezerros, por exemplo, não produzem leite e são por isso mantidos em pequenos espaços para depois serem vendidos como carne de vitela, muitos deles com menos de 4 meses. Os pintainhos machos não põem ovos e são, por isso, triturados vivos. Os porcos são castrados sem anestesia para que as suas hormonas não interfiram com o sabor da carne.

Já as fêmeas, têm, normalmente, o mesmo destino das mães. Vivem um ciclo de gravidezes consecutivas e estimulação hormonal, até estarem demasiado exaustas para continuarem.

Longe da sua família, enclausurados e cobertos de fezes e urina, estes animais vivem a sua curta vida apáticos, sem conseguirem manifestar os seus comportamentos naturais. Os seus dias consistem em comer, dormir e esperar que no dia seguinte o processo se repita.

Mas independentemente da forma como são criados, todos os animais veêm a sua rotina quebrada quando chega o dia de seguirem para o matadouro. Saem pela primeira vez do único espaço que conheceram e são levados para um camião, onde outros como eles os esperam. Mais assustados do que nunca, lutam, entre os dejetos que vão largando, para manter-se em pé durante uma viagem atribulada que pode por vezes durar várias horas.

À chegada ao matadouro, alguns terão a oportunidade de serem olhados com carinho e respeito pela primeira e última vez. Esta é a missão do The Save Movement. Um grupo de ativistas que testemunha a chegada de animais à sua morada final, com o objetivo de lhes transmitir a compaixão que provavelmente nunca sentiram. Queremos que sejam olhados como os indivíduos que são, com personalidade e sentimentos. Queremos que saibam que, apesar de não os podermos salvar, não os esquecemos e que continuaremos a lutar até que o último camião passe.

Para lá das paredes do matadouro, todos são iguais. Não importa quem são ou de onde vieram, a ração que comeram ou a vida que levaram. Todos eles acabam atordoados, normalmente através de choques elétricos e, de seguida, degolados.

Horas depois de passarem as portas do edifício, o que antes eram indivíduos com histórias e vivências próprias, nada mais são do que pedaços de carne, embalados e despersonalizados.

Então, a próxima vez que vires um anúncio de vacas felizes, porcos na lama ou galos a cantar, lembra-te disto: haverá alguma forma humana de matar alguém que não quer morrer?

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