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Escolas Vegetarianas em Portugal e no Mundo

A introdução de refeições vegetarianas nas escolas não é uma preocupação de agora. Seja para atender às necessidades dos alunos vegetarianos ou para reduzir o impacto ambiental, várias medidas estão a ser implementadas nas instituições de ensino um pouco por todo o mundo. Descobre o que está a ser feito em Portugal e lá fora para dar resposta a esta questão, que se está a tornar incontornável.
Escolas Vegetarianas em Portugal e no Mundo

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Refeições vegetarianas nas escolas portuguesas

A questão das refeições vegetarianas nas escolas não é recente. Já há algum tempo que existe uma preocupação de introduzir pratos à base de vegetais nas instituições de ensino. Na verdade, em Portugal, desde 2017 que é obrigatório por lei existir pelo menos uma opção vegetariana nas cantinas e nos refeitórios das escolas públicas (Lei n.º 11/2017). 

Um bom exemplo é o caso da Escola Fornos de Algodres, que desde 2015 que todos os dias serve uma refeição vegetariana na cantina, a par das opções de carne e peixe. As ementas de origem vegetal são variadas e completas, além de serem alvo de muitos elogios por parte dos alunos.

Também nas escolas do Município de Pamela existe uma opção vegetariana todos os dias, como alternativa aos pratos de carne e peixe, e uma vez por mês é servida uma ementa totalmente vegetariana, sem outras opções. O objetivo é diversificar a dieta dos alunos, ajudando a reduzir o consumo em excesso de proteína animal e a aumentar o consumo de legumes e vegetais. Além disso, esta iniciativa mostra às crianças diferentes opções de pratos a que não estão habituadas, ajudando-as a ganhar gosto por alimentos variados.

Município de Palmela promove hábitos alimentares saudáveis.
Uma vez por mês, é, de facto, servida uma ementa vegetariana, sem outra opção.”, esclarece a Câmara Municipal de Palmela. Crédito imagem: Cm-palmela.pt

E no Município de Paredes de Coura a sustentabilidade é um dos pilares fundamentais nas escolas. Aqui, existe uma preocupação em oferecer aos alunos refeições saudáveis e que respeitem o ambiente desde o ensino primário. Além de disponibilizarem refeições vegetarianas, as escolas promovem ainda o consumo de produtos locais.

No entanto, nem tudo são bons exemplos. Apesar de a alternativa vegetariana ser obrigatória por lei há já algum tempo, em 2019 o Ministério da Educação divulgou que as refeições de origem vegetal ainda representavam menos de 2% da totalidade das refeições servidas nas cantinas das escolas. Além disso, segundo a Lusa, nesse mesmo ano, muitas escolas, apesar de cumprirem esta lei, serviam refeições baixas em proteína e outros nutrientes essenciais a uma dieta equilibrada. Isto levou a que muitas crianças e adolescentes tivessem várias vezes de levar comida de casa para poderem usufruir de uma refeição completa. 

Pratos nutricionalmente pobres, repetitivos e mal confecionados são as principais questões que continuam a preocupar pais e alunos atualmente. Mas também é assim nos outros países?

Escolas vegetarianas pelo Mundo

Nos últimos anos, já se têm visto alguns avanços relativamente à introdução de refeições vegetarianas nas escolas um pouco por todo o mundo.

Após o período de pandemia, várias escolas acreditam que o novo ano letivo é o momento ideal para começar a disponibilizar mais opções vegetarianas nas cantinas escolares. A vontade em reduzir o consumo de carne surge da preocupação em oferecer aos alunos opções mais saudáveis e sustentáveis, como também em apoiar o fim da agricultura agropecuária. 

Neste sentido, várias instituições estão a dar passos no sentido da sustentabilidade e da oferta de opções de origem vegetal aos alunos. É o caso da Sustainable Play Preschool, inaugurada em 2021 na Austrália. Focada em promover a sustentabilidade e em proteger o ambiente, esta pré-escola dedica-se a estimular a comunhão com a natureza e a preocupação ambiental nas crianças dos 2 aos 6 anos, além de dispor de uma ementa 100% de origem vegetal.

Sustainable Play Preschool
A Sustainable Play Preschool, na Austrália, promove a sustentabilidade e a proteção do ambiente. Crédito imagem: Livekindly.co

Um outro exemplo são as escolas da região de Aberdeenshire, na Escócia. Sendo este um país onde o veganismo se tem tornado muito popular, sobretudo nas cidades de Edimburgo e Glasgow, as escolas da região alargaram as opções vegetarianas nas suas cantinas, em 2020. Além desta, estão em curso outras iniciativas sustentáveis, como a substituição dos menus em papel por uma versão digital e o incentivo da utilização de garrafas reutilizáveis. O objetivo, explica a Presidente do Comitê de Educação e Serviços Infantis, Gillian Owen, é contribuir para proteger o ambiente, reduzir o desperdício e, igualmente, manter os custos baixos.

na Nova Zelândia, o consumo de alimentos de origem animal é desencorajado nas escolas. Esta é uma medida do próprio governo do país — que resulta de um compromisso em reduzir as emissões de carbono, tornando a Nova Zelândia um país com impacto neutro até 2050. Neste sentido, motivado por uma forte preocupação ambiental, é recomendado que os alunos neozelandeses consumam menos carnes e laticínios.

Outro bom exemplo é a escola vegana que abriu na Suécia em 2019, em Solna. Com o objetivo de promover o respeito pelo ambiente e pelos animais, a Hagaskolan disponibiliza aos alunos refeições sem qualquer ingredientes de origem animal.

Hagaskolan
Hagaskolan, a primeira escola vegan na Suécia. Crédito imagem: Vegconomist.com

Antes da Suécia, já em 2018 uma pré-escola vegana tinha sido inaugurada em Nova Iorque. A Peaceful Path Collective, em Brooklyn, tem uma filosofia vegana e holística e visa estimular a bondade e a preocupação com os animais. Todas as crianças, veganas ou não, são bem-vindas na instituição, mas devem estar abertas a uma alimentação livre de produtos de origem animal.

Com isto, podemos considerar que a introdução de refeições vegetarianas nas instituições de ensino, e mesmo a inauguração de escolas 100% vegetarianas, está num bom caminho. Em vários países do mundo, incluindo Portugal, já foram dados alguns passos a nível legislativo para assegurar a saúde e o bem-estar das crianças e adolescentes nas escolas.  

Quais as vantagens de servir refeições vegetarianas nas escolas?

Por outro lado, para que esta situação se alargue a um maior número de instituições, uma questão permanece. Por que razão é vantajoso ter refeições à base de vegetais todos os dias nas escolas onde a grande maioria dos alunos não tem uma alimentação vegetariana?

Na verdade, introduzir refeições vegetarianas nas ementas das escolas não é apenas benéfico para as crianças que adotam este estilo de vida, que em vários casos representam uma minoria. Mesmo para os alunos que praticam uma alimentação tradicional, disponibilizar mais opções vegetarianas que sejam igualmente ricas a nível nutricional, é uma forma de oferecer mais ementas mais variadas e que privilegiam o consumo de hortícolas e leguminosas, benéficas para a saúde.

Afinal, não é necessário sermos vegetarianos para apreciarmos e consumirmos uma refeição 100% de origem vegetal. Além disso, estas medidas tornam-se vantajosas por serem uma forma eficaz de reduzir o impacto ambiental e de instituir nas crianças e adolescentes uma maior preocupação ambiental a baixo custo. No entanto, é necessário garantir que as refeições vegetarianas são nutricionalmente adequadas e variadas, além de bem confecionadas.

Artigo da autoria de Ana Roquete.

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