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O Consumo de Peixe Está a Matar 90% da População de Golfinhos do Oceano

As populações mundiais de golfinhos estão em declínio e o consumo de peixe pode ser a razão pela qual os mamíferos são frequentemente alvo de capturas acessórias da indústria pesqueira.
As populações mundiais de golfinhos estão em declínio

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As populações mundiais de golfinhos estão em declínio e o consumo de peixe pode ser a razão pela qual os mamíferos são frequentemente alvo de capturas acessórias da indústria pesqueira.

São cada vez menos os golfinhos que estão a surgir nas capturas acessórias da pesca. À partida, isto poderia ser um bom motivo para celebrar. Porém, e de acordo com um estudo recente, o que isto na verdade significa é que a população diminuiu e, portanto, há menos golfinhos para capturar nos oceanos.

O que é a Pesca Acessória?

A pesca acessória é uma das principais causas de morte de golfinhos e outros cetáceos em todo o mundo. Acontece quando os animais nadam acidentalmente em direção às redes destinadas a peixes, nomeadamente para o atum.

Entre 1950 e 2018, a indústria pesqueira capturou inadvertidamente cerca de 4,1 milhões de golfinhos, afirma a Dra. Putu Liza Mustika, uma das investigadoras do estudo. A equipa de investigação – liderada pelo Dr. Charles Anderson, da organização Maldivian Manta Marine – analisou as taxas de capturas acessórias no oceano Índico e retirou as suas conclusões. 

A equipa estima que a população actual de golfinhos, no oceano Índico, é de 13% em relação à que existia nos anos 1980. Mustika observa que os números do estudo são “números aproximados” e, portanto, têm muitas incertezas. Mas o que os números realmente confirmam é a magnitude do problema.

“Milhões de golfinhos [foram] acidentalmente apanhados entre 1950 e 2018”, referiu a Dra. Putu à LIVEKINDLY. “Milhões. Não foram apenas algumas centenas de golfinhos”.

Os peritos estimam que o Irão detenha a maior taxa de pesca acessória. Seguem-se a Indonésia, Índia, Sri Lanka, Paquistão, Omã, Iémen, EUA e Tanzânia.  

“O estudo abrange uma série de espécies de golfinhos (e algumas de baleias), incluindo os golfinhos roaz-do-índico, corcundas, golfinho-de-risso e golfinhos comuns”, acrescenta a Dra. Sarah Dolman, da organização Whale and Dolphin Conservation [WDC – Conservação de Baleias e Golfinhos].

A Dra. Sarah, uma das autoras, comenta: “É quase certo que a amplitude da pesca acessória esteja a impactar nas populações regionais e locais de golfinhos. O estudo mostra que, embora a pesca acessória de atum esteja a aumentar, a de golfinho estagnou durante a década de 1990. [Desde então] tem diminuído, por isso é insustentável e com repercussões nas populações”.

dolphin population dropping

Os golfinhos acabam muitas vezes como captura acessória.

O Problema das Redes de Emalhar

Segundo Mustika, as redes de emalhar – um muro de rede suspensa no oceano – são especialmente letais para os golfinhos. Podem variar em tamanho, tendo um comprimento que pode ir dos 100 metros aos mais de 30 quilómetros.

“As redes de emalhar costumavam ser feitas de algodão ou cânhamo”, diz Mustika. “Mas, no final dos anos 1950, mudaram para materiais mais fortes (monofilamentos). Assim como para malhas mais pequenas, a fim de capturar mais peixe (para satisfazer a procura humana)”.

Não são apenas os golfinhos que acabam como pesca acessória. O World Wildlife Fund [WWF – Fundo Mundial para a Vida Selvagem] afirma: “o enredamento nas redes de pesca é a principal ameaça para as baleias e golfinhos em todo o mundo. Estima-se que cause pelo menos 300 000 mortes por ano”.

A pesca acessória conduziu ao quase certo desaparecimento da toninha mais pequena do mundo, a vaquita no Golfo da Califórnia”, acrescenta. “É provável que várias outras espécies se sigam, se os governos e os pescadores não forem capazes e eficazes a travar esta indesejada e desnecessária causa de mortalidade para os cetáceos em todo o mundo”.

De acordo com Dolman, nos últimos 20 anos, os pescadores capturaram 75 por cento das espécies de odontocetos (cetáceos dentados) em redes de emalhar. Sessenta e quatro por cento das espécies de misticetos (baleias barbas) acabaram como captura acessória no mesmo período de tempo, bem como 66 por cento de pinípedes (ou seja, animais como focas, leões marinhos e morsas).

Os tubarões também podem ser vítimas da indústria pesqueira. Angie Coulter – investigadora da iniciativa Sea Around Us [O mar ao nosso redor], da Universidade British Columbia – falou à National Public Radio [NPR – Rádio Nacional Pública] sobre os perigos de os tubarões serem apanhados em capturas acessórias.

Os tubarões são predadores de vértice”, explicou a investigadora. “Eles mantêm todas estas cadeias alimentares juntas. Se estamos a remover estes tubarões [do ecossistema], eles não conseguirão recuperar o atraso e vão diminuir cada vez mais”.

dolphin population falling

Os pescadores pescam acidentalmente cerca de 80.000 golfinhos por ano.

Como Podemos Salvar os Golfinhos da Pesca Acessória?

O estudo aqui referenciado estima que, em cada 1000 toneladas de atum, 175 golfinhos são acidentalmente apanhados nas redes. Nos níveis atuais, isso significa que os pescadores capturam acidentalmente cerca de 80 000 golfinhos por ano. 

“A pesca acessória é uma das principais ameaças, se não a principal, às populações mundiais de golfinhos”, afirma Mustika. “Se conseguirmos pescar de forma mais sustentável estaremos a ajudar as populações de golfinhos”. A investigadora recomenda que os pescadores utilizem artes e materiais diferentes, como sejam a cana e a linha tradicionais. 

Dolman, uma das investigadores, salienta que as autoridades tomaram algumas medidas para mitigar a situação, incluindo proibição de pesca e alterações no material de pesca, mas é preciso fazer mais. 

Os países que estão a pescar na região e a Comissão do Atum do oceano Índico são a Organização Regional de Gestão das Pescas, os que têm responsabilidade nesta questão e que têm de agir”, afirma Dolman. “Existem muitas coisas que podem ser feitas para melhor monitorizar, atenuar este relatório e aplicar com rigor as regras da captura acessória de golfinhos”.

A mesma investigadora acrescenta que a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura [FAO – Food and Agriculture Organization of the United Nations] está atualmente a produzir directrizes de melhores práticas para prevenir e reduzir a captura acessória de mamíferos marinhos. “Este seria um bom ponto de partida para agir”, refere. 

E em relação ao Atum?

Os golfinhos, baleias e outros cetáceos precisam de protecção urgente. Mas o próprio atum também está em risco. Em 2018, os pescadores retiraram quase seis milhões de toneladas métricas de atum do oceano.

Tal como os golfinhos, algumas espécies de atum estão em declínio. O World Wildlife Fund [WWF – Fundo Mundial para a Vida Selvagem] afirma que o atum rabilho está seriamente em risco. 

“Os métodos de pesca de atum foram avançando ao longo dos anos, mas a conservação e gestão do atum não evoluíram tão rapidamente”, comenta o WWF.

De acordo com a FAO, a maioria dos stocks do atum são “totalmente explorados, sem espaço para a expansão da pesca”.

Shana Miller – a directora do Projecto de Conservação Global do Atum [Global Tuna Conservation Project] – disse à NPR: “Onde quer que os atuns nadem, são perseguidos pelas indústrias pesqueiras”. 

whS

Considera optar pelas novas alternativas veganas ao atum.

Peixe Vegan

Uma forma de salvar os golfinhos e o atum? Evita completamente o peixe e opta pelo peixe vegan. Marcas como Tuno, da Atlantic Natural Foods, e Good Catch oferecem alternativas ao atum, à base de vegetais. 

“A sobrepesca, ou pesca predatória, é um problema global que está a piorar de dia para dia”, afirmou o fundador da Tuno, Doug Hines, à Forbes. “O número de embarcações ilegais e de subnotificações é galopante no alto mar. E os governos tendem a ignorar”.

O “atum” Good Catch apresenta uma mistura de seis leguminosas, mas ainda tem esse sabor a peixe, graças à adição de algas marinhas e extrato de algas.

O CEO da marca, Chris Kerr, disse à LIVEKINDLY: “A nossa missão é criar opções deliciosas à base de vegetais de produtos do mar, dando às pessoas tudo o que elas gostam em relação aos produtos do mar, mas sem as preocupações do mercúrio e outros poluentes, sem danos para a o oceano ou sobrepesca”.

Adaptado da página LIVE KINDLY

Traduzido por Ana Luísa Pereira

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