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Pitágoras, Da Vinci e Hitler: Quem foi ou não vegetariano?

Ao longo do tempo, são muitas as figuras históricas consideradas vegetarianas. Pitágoras, Leonardo da Vinci e Hitler fazem parte das personalidades associadas ao vegetarianismo, havendo por vezes dúvidas se esta afirmação é verdadeira ou mito. Qual destes três terá sido vegetariano? Descobre neste artigo!
Pitágoras, Da Vinci e Hitler quem foi ou não vegetariano

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Pitágoras

Pitágoras é sempre citado como o primeiro filósofo da Grécia Antiga a questionar e a criticar o consumo de carne e o abate de animais. A ele é atribuída a célebre frase: 

“Enquanto o ser humano for implacável com as criaturas vivas, ele nunca conhecerá a saúde e a paz. Enquanto os homens continuarem a massacrar animais, eles também vão continuar a se matarem uns aos outros. Na verdade, quem semeia assassinato e dor não pode colher alegria e amor.” 

Pitágoras defendia que derramar o sangue de um animal era tão bárbaro como derramar o de um ser humano. Para o pensador, não consumir animais poderia possibilitar ao ser humano um grau mais elevado de consciência. Este posicionamento influenciou filósofos e pensadores como Plutarco, Sócrates, Platão, Empedócles, Ovídio, entre outros. 

Quien fue Pitagoras
Crédito imagem: Gatocurioso.es

Para o investigador Nathan Morgan, Pitágoras foi o primeiro filósofo do ocidente a deixar um legado vegetariano.

“Ele sentiu que o consumo de carne era prejudicial e fazia com que os humanos lutassem uns com os outros. Por estas razões, ele absteve-se da carne e encorajou os outros a fazerem o mesmo.”

Investigador Nathan Morgan

Pitágoras reprovava o sacrifício de animais e incentivava os seus alunos e seguidores a pensar o mesmo. Acredita-se que o filósofo tenha decidido deixar de consumir animais por volta dos 19 ou 20 anos, passando a priorizar especialmente o consumo de plantas. 

O filósofo foi por isso um nome de grande relevância entre os vegetarianos até o século XIX, sendo que até então os vegetarianos eram chamados de “pitagóricos”.

Leonardo Da Vinci 

Leonardo da Vinci foi uma das figuras mais importantes do Renascimento. É considerado um dos maiores pintores de todos os tempos. O artista, cientista, inventor, engenheiro, escritor e músico italiano terá sido provavelmente vegetariano e ativista pelos direitos dos animais, como podes ver nas citações seguintes!

“Tinha um grande apreço por toda a espécie de animais, que tratava com grande amor e paciência. Quando, por exemplo, passava em sítios onde vendiam pássaros, tirava-os muitas vezes da gaiola com as suas mãos e, tendo pago o preço pedido pelo vendedor, deixava-os voar, restituindo-lhes assim a liberdade perdida.” 

Giorgio Vasari, artista e biógrafo italiano, referindo-se a Leonardo.

Nos diários de Leonardo, a compaixão pelos animais e o horror face ao consumo de carne são evidentes. Segundo a biografia de Leonardo da Vinci escrita por Walter Isaacson, “ele foi vegetariano a maior parte da vida, e de fazer inveja aos ativistas de hoje.” 

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Crédito imagem: Biography.com

Numa das citações de Leonardo da Vinci publicadas na obra Quaderni d’Anatomia – I-VI pode ler-se: “E devo dizer mais, se me for permitido dizer toda a verdade, você não acha que a natureza já produz alimentos o suficiente para que se satisfaça? E se não está contente, saiba que ela oferece tanta diversidade que lhe permite criar uma infinita combinação de ingredientes”. 

O historiador Edward McCurdy menciona: “a mera ideia de permitir o sofrimento desnecessário e, mais ainda, de matar, era abominável para ele”. O inventor terá adoptado uma dieta vegetariana em idade jovem, por razões éticas. Leonardo teria atacado a vaidade humana com as seguintes palavras: “Rei dos animais – é como o humano descreve a si mesmo – eu te chamaria Rei das Bestas, sendo tu a maior de todas – porque as ajudas só para que elas te dêem seus filhos, para o bem da tua goela, a qual transformaste num túmulo para todos os animais”.

Hitler

A ideia de que Hitler foi vegetariano é bastante conhecida. Mas será que foi mesmo?

De acordo com Robert Payne, autor de “A Vida e Morte de Adolf Hitler”, biografia considerada como definitiva, o vegetarianismo de Hitler foi uma ficção inventada por Joseph Goebbels, o seu ministro de propaganda, para atribuir a Hitler a aura de um revolucionário ascético e pacifista, de forma a proclamar a sua dedicação ao serviço do seu povo.

“O ascetismo de Hitler desempenhou um papel importante na imagem que ele projetou sobre a Alemanha. De acordo com a lenda largamente aceite, ele não fumava nem bebia, nem comia carne nem tinha qualquer relacionamento com mulheres. Apenas a primeira informação é verdadeira. Ele bebia cerveja e vinho diluído frequentemente, tinha um gosto especial por salsichas da Baviera e manteve uma amante, Eva Braun, que vivia com ele discretamente em Berghof (…)”.

Robert Payne, autor de “A Vida e Morte de Adolf Hitler”

Outro exemplo que indica que Hitler não era vegetariano é a edição do New York Times do dia 14 de abril de 1996, que celebrava o seu centésimo aniversário, incluindo uma descrição da dieta de Hitler:

“Em casa com o Fuhrer (30 de maio de 1937): É sabido que Hitler é vegetariano e não bebe nem fuma. O seu almoço e jantar consistem, portanto, na sua maioria em sopas, ovos, vegetais e água mineral, apesar de ele ocasionalmente saborear uma fatia de fiambre e aliviar o tédio da sua dieta com iguarias como o caviar”.

Como se pode ler no excerto, Hitler era descrito como vegetariano, mesmo consumindo fiambre e caviar. 

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Créditos imagem: Telegraph.co.uk

Para além disso, durante o Reich, os vegetarianos foram proibidos de organizar novos grupos ou de fazer publicações. Uma das principais revistas vegetarianas, Vegetarian Warte, suspendeu a sua publicação em Frankfurt em 1933. O jornal The Vegetarian Press foi existindo durante os anos nazistas, mas foi severamente prejudicado: foi proibido de usar o termo “movimento vegetariano” e impedido de publicar a data e o local de encontros vegetarianos. Curioso em saber mais sobre porque é que Hitler não era vegetariano? Descobre aqui, no nosso artigo dedicado ao tema.

Artigo da autoria de Ana Lúcia Pereira

Referências: 

Davidarioch.com
Vista-se.com.br
Cantinhovegetariano.com.br
Labs.mil.up.pt
Nathan Morgan, “The Hidden History of Greco-Roman Vegetarianism”. Encyclopaedia Britannica, 2010
Robert Payne, “The Life and Death of Adolf Hitler”. New York: Praeger, 1973.

Crédito imagem usada no cartaz do artigo: science.howstuffworks.com

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