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Presidenciais 2021: a posição dos candidatos sobre alimentação vegetariana, direitos animais e protecção ambiental

As eleições presidenciais de 2021 são uma oportunidade em termos de voto na matéria. Questionamos os candidatos deste ano sobre várias matérias relevantes ligadas com a protecção ambiental e dos animais. Eis as respostas deles!

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Nota importante:
Esta publicação não constitui uma tomada de posição da Associação Vegetariana Portuguesa ou dos seus parceiros promotores sobre as eleições presidenciais ou sobre os candidatos, e reflecte apenas as respostas obtidas às entrevistas feitas. A publicação não é necessariamente representativa da opinião dos candidatos sobre estas matérias.


Sobre esta Iniciativa

O sufrágio universal. Um direito conquistado com tanta luta e que em 2021 se reveste de uma importância extra especial.

A pandemia que estamos a viver afectou-nos, de uma forma ou de outra, a todos. E a reconstrução da vida normal que queremos ver precisa da nossa participação agora: precisamos de escolher quem achamos ser mais adequado para presidir um país neste (e noutros) processos.

Se já antes as alterações climáticas e os direitos dos animais eram assuntos urgentes, agora são-no ainda mais: a pandemia veio mostrar a necessidade de zelarmos já pela saúde do nosso planeta e pela nossa, a necessidade de fazermos escolhas alimentares locais e conscientes, a necessidade de reconhecermos os animais não-humanos como seres sencientes que, tal como os humanos, desejam viver livres, não encarcerados, e em harmonia com a natureza.

Mesmo a actual pandemia que afecta toda a população mundial poderá estar relacionada com a forma como exploramos o meio selvagem e os animais para consumo. Os especialistas alertam que esta pandemia poderá ter tido origem num dos mercados húmidos, assim chamados porque aqui os animais selvagens são amontoados para venda destinado ao consumo humano, confinados a pequenos espaços, quase colados uns aos outros – e é impossível não partilharem fluídos corporais como urina, fezes, sangue, entre outros, podendo assim dar-se a transmissão de vírus potencialmente letais através do contacto com humanos, na cadeia alimentar.

Exactamente para prevenir novas pandemias (e por outras razões) é tão importante termos em conta os direitos dos animais e a protecção dos ecossistemas naturais: pela saúde deles e, consequentemente, pela nossa também, das populações humanas.

As eleições presidenciais de 2021 são uma oportunidade! Uma oportunidade de termos, literalmente, voto na matéria. A Associação Vegetariana Portuguesa quis por isso ajudar-te a fazer uma escolha informada. Em conjunto com o Centro Vegetariano e o Movimento Animal Save Portugal, contactámos vários candidatos, procurando saber como se posicionam sobre várias matérias.

As perguntas que fizemos aos candidatos

  • Em primeiro lugar, expusemos aos vários candidatos uma situação real, passada em Portugal, mais concretamente na estrada N17-1, pero da Zona Industrial do Alto do Padrão, a 17 de Março de 2020: nesta estrada circulava um veículo que transportava animais vivos. Este veículo sofreu um acidente, que acabou por levar à morte de 100 animais. Para além destas mortes, muitos animais ficaram feridos, no chão, sem assistência, em agonia – tendo sido retirados do local apenas 9H depois do acidente. No local estiveram elementos da GNR e da DGAV, que nada fizeram porque nada podiam fazer: não há lei que proteja estes animais. Esta foi uma situação real, que se repete tantas vezes noutros locais de Portugal e no mundo – e sabemos já que estes transportes de animais ocorrem em condições desumanas e degradantes, onde inevitavelmente muitos animais acabam por perecer, e até podem transmitir novos vírus. Para evitar novas pandemias, e pelo próprio bem-estar dos animais, perguntámos aos candidatos como se posicionam em relação à possibilidade de criar uma Declaração dos Direitos de (todos) os animais?

  • Um regime alimentar de base vegetal correctamente planeado é hoje reconhecido como uma das alimentações mais saudáveis e com menor impacto ecológico.  Ao reduzir um elo na cadeia alimentar, é também do ponto de vista económico bastante mais eficiente. Apesar disso, tem sido dados vários apoios e incentivos monetários aos agricultores para que possam apostar em grandes explorações de animais, como aviários, vacarias, pocilgas, etc. Estes apoios não só não estão a incentivar para uma alimentação saudável, como também não estão a contribuir para a eficiência económica. Nesta linha de pensamento, perguntámos aos candidatos se acham que deve ser promovido um regime alimentar de base vegetal no momento difícil que se vive em Portugal e no mundo, designadamente como uma componente importante de uma futura “economia verde”? Perguntámos também mais especificamente como cada um se posiciona quanto à inexistência de incentivos para a transição dos agricultores para a proteína vegetal?

  • Sabe-se que cada vez mais Portugueses optam por uma alimentação de 
    base vegetal
    .  Por exemplo, um estudo da consultora de inovação Lantern para o jornal Público mostra que “existem em Portugal 764 mil adultos veggies, termo que engloba vegetarianos (que não incluem carne nem peixe, mas os seus derivados), vegan (que exclui qualquer produto de origem animal) e flexitariana (permite comer carne e peixe, mas só de vez em quando)”. Os chamados veggies representam já 9% da população, sendo que a maioria destes são mesmos os flexitarianos, que dizem preocupar-se principalmente com a sua saúde.  Tendo em conta esta grande fatia de portugueses que já mostraram a sua preferência por este estilo de vida, tentámos que os candidatos se pronunciassem quanto a crescimento, e que importância pensam este poder ter para o futuro do país.

  • Por último, não quisemos deixar de conhecer ainda mais pessoalmente cada candidato. Por isso, e tendo em conta as recomendações de várias entidades como a ONU, por exemplo, perguntámos aos candidatos se estariam dispostos a diminuir o consumo de carne e a substituí-la com refeições de base vegetal (pela saúde  deles e pela do planeta)?

As respostas dos candidatos

Todos os candidatos foram questionados da mesma forma, por email, no dia 23 de Dezembro de 2020. Infelizmente a adesão a esta iniciativa por parte dos candidatos presidenciais foi fraca, e apenas recebemos prontamente a resposta do candidato Vitorino Silva e da candidata Ana Gomes, que aqui partilhamos:

Vitorino Silva: as respostas

  1. Tendo em conta este relato, como se posiciona sobre a possibilidade de criar uma Declaração dos Direitos de (todos) os animais?

“Para mim os animais contam. O homem é apenas uma espécie, e se a nossa espécie não gosta de sofrer, as outras espécies têm o mesmo direito que a nossa.”

  • Acha que deve ser promovido um regime alimentar de base vegetal no momento difícil que se vive em Portugal e no mundo, designadamente como uma componente importante de uma futura “economia verde”? Como se posiciona quanto à inexistência de incentivos para a transição dos agricultores para a proteína vegetal?

“Não sei se é o homem que cava a terra, ou se é a terra que cava o homem. Mas quando o homem cava a terra, a terra dá-nos o melhor para termos um bom equilíbrio saudável e duradouro. Mais vale gastar em incentivos para uma alimentação saudável que aumente a esperança média de vida, do que em dinheiro para tratamentos e do que ter os hospitais cheios.”

  • O que pensa deste crescimento [o crescimento dos chamados veggies], e que importância pode ter para o futuro do país?

“A felicidade das pessoas começa no seu bem estar mental e físico. Fico contente que a juventude comece a ter preocupações nessa área.”

  • Tendo em conta as recomendações de várias entidades como a ONU, por exemplo, está disposto a diminuir o consumo de carne e a substituí-la com refeições de base vegetal (pela sua saúde e pela do planeta)?

“Não foram precisas as recomendações da ONU para perceber que tenho que diminuir o consumo de carne. Percebi que tenho me sentido muito melhor com a redução de carne. Percebo que comendo muitos vegetais, fruta e grãos há mais saúde.”

Ana Gomes: as respostas

  • Tendo em conta este relato, como se posiciona sobre a possibilidade de criar uma Declaração dos Direitos de (todos) os animais?

“ Em relação a estas preocupações já tive a oportunidade de afirmar, que sendo  uma defensora dos direitos humanos, não posso deixar de ser sensível aos direitos dos animais. São os nossos companheiros de Planeta, são os nossos companheiros, tantas vezes, nas nossas casas, e não podemos continuar a ter uma atitude laxista em relação a violações grosseiras, desumanas, dos direitos dos animais. Não podemos esquecer-nos que são seres vivos dotados de sensibilidade e que isso significa que independentemente da finalidade com que são detidos, devem ser tratados com respeito e dignidade, nomeadamente, salvaguardando o seu bem-estar, em particular em momentos como o transporte, a carga e descarga e o abate, pois bem sabemos que são momentos susceptíveis de causar maior stress e angústia aos animais. A lei de proteção dos animais, a Lei n.º 92/95, de 12 de setembro, na sua atual redação, é clara ao estabelecer que os animais feridos devem, na medida do possível ser socorridos e a par disso, também a legislação especial vai nesse sentido, ao prever até o abate de animais feridos, com vista a evitar o seu sofrimento, não compreendo por isso que os animais sejam deixados em sofrimento sem assistência médico-veterinária.

Nesse sentido, concordo com isso com a posição de se discutir e criar uma Declaração dos Direitos de (todos) os animais. “

  • Acha que deve ser promovido um regime alimentar de base vegetal no momento difícil que se vive em Portugal e no mundo, designadamente como uma componente importante de uma futura “economia verde”? Como se posiciona quanto à inexistência de incentivos para a transição dos agricultores para a proteína vegetal?

“Considero que devem ser estabelecidas políticas de sensibilização e para a adoção de comportamentos individuais e coletivos em prol da sustentabilidade. Garantir que há apoios para esta reconversão é uma das ferramentas-chave, assim como aderir a iniciativas como as 2.ªs sem carne, que nos convocam para a redução do consumo de carne, seja por uma questão de saúde, de sustentabilidade do planeta e de impacto no bem-estar animal.”

  • O que pensa deste crescimento [o crescimento dos chamados veggies], e que importância pode ter para o futuro do país?

“Considero muito importante que a população portuguesa e residente em Portugal tenha essa sensibilidade no que toca à mudança de comportamentos individuais em todas as frentes, para garantir a sustentabilidade do nosso país.”

  • Tendo em conta as recomendações de várias entidades como a ONU, por exemplo, está disposto a diminuir o consumo de carne e a substituí-la com refeições de base vegetal (pela sua saúde e pela do planeta)?

“Sim, é algo que tenho vindo a fazer, também influenciada pelas gerações mais jovens que me têm acompanhado. Novas receitas são bem-vindas, e inclusivamente as que adaptam os pratos tradicionais. Quem sabe se Belém não terá novo menu?”

E os outros candidatos?

Não recebemos até à data limite (19 de Janeiro de 2021) o posicionamento sobre estas questões tão pertinentes de mais nenhum candidato.

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