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Vegetarianismo e performance desportiva: quão resistentes fisicamente são as pessoas veganas?

Contrariamente aos estereótipos culturais prevalecentes, uma nova investigação do Canadá demonstra que as dietas veganas não afetam negativamente a força e a resistência. Em alguns casos, podem até aumentar estas capacidades físicas.

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Contrariamente aos estereótipos culturais prevalecentes, uma nova investigação do Canadá demonstra que as dietas veganas não afetam negativamente a força e a resistência. Em alguns casos, podem até aumentar estas capacidades físicas.

São diversos os mitos e crenças acerca das dietas de base vegetal. Uma das ideias generalizadas, acerca das pessoas veganas e vegetarianas, é que têm menos massa muscular e pior resistência do que as omnívoras. É possível que já tenhas visto um filme ou um programa televisivo, no qual uma pessoa com dieta de base vegetal tenha sido questionada acerca da sua força. 

Num episódio da série “Foi assim que aconteceu” (How I met your mother), por exemplo, é dito a uma personagem vegana durante o jantar que ela necessita de mais proteína. Este exemplo, entre muitos outros e inúmeras anedotas entre os próprios vegetarianos e veganos, mostra-nos como este estereótipo ainda é tão comum na nossa cultura. Porém, como é que esta crença resiste ao escrutínio?

Neste estudo 1, os autores realizaram uma pesquisa que tenta responder a esta questão. Para tal, os investigadores propuseram a 56 mulheres jovens, metade veganas e metade omnívoras, que se deslocassem ao laboratório a fim de testarem a sua saúde física. 

Posteriormente, os investigadores compararam os dois grupos para verificar a existência de diferenças significativas. As mulheres do estudo encontravam-se todas entre os 18 e os 35 anos de idade, apresentavam índices de massa corporal típicos para o grupo e tinham estilos de vida ativos. 

Os investigadores quiseram assegurar-se de que fariam comparações adequadas entre os grupos, de forma a identificarem a dieta como variável-chave. Foram avaliadas cinco medidas: 

  • estimativa do VO2 máximo, 
  • força muscular da parte superior do corpo, 
  • força muscular da parte inferior do corpo, 
  • composição corporal e 
  • resistência submáxima. 

O objetivo de todas estas medidas era obter o quadro completo do que se pretendia alcançar: resistência e força muscular em pessoas veganas e omnívoras.

Uma medida não seria suficiente para pintar o quadro todo. Os investigadores solicitaram, ainda, que as participantes mantivessem um diário com o registo da ingestão de todos os seus alimentos, no sentido de confirmarem que eram realmente veganas ou omnívoras. É de notar que as participantes veganas já faziam este tipo de dieta há alguns anos.

Os resultados trazem algumas notícias muito boas para as pessoas veganas:

  • No que concerne à composição corporal, os investigadores descobriram que ambos os grupos apresentavam semelhanças em termos de peso corporal, índice de massa corporal, percentagem total de gordura e massa magra total. 
  • Em relação à estimativa do VO2 máximo, uma medida da resistência, esta era mais elevada no grupo vegano.
  • As participantes veganas também obtiveram um desempenho superior no teste de resistência submáxima. 
  • Não se observaram diferenças nos níveis da atividade física em geral, nem na força muscular da parte inferior do corpo. 

O grupo vegano apresentou, porém, uma força muscular da parte superior do corpo ligeiramente inferior (mas não significativa). 

Curiosamente, os investigadores também descobriram que as mulheres veganas tendiam a ingerir mais vitamina C, fibra, ferro e magnésio. Por outro lado, este grupo ingeria visivelmente menos quantidade de vitamina D e vitamina B12, enquanto consumiam menores quantidades de gordura saturada.

Os resultados deste estudo sugerem que uma dieta vegana não parece ser prejudicial para a resistência e a força muscular em mulheres jovens e ativas. Na verdade, é de salientar que:

  • algumas das medidas da resistência, como a estimativa do VO2 máximo, foram mais altas no grupo das participantes veganas;
  • de forma similar, outro estudo mostrou níveis mais elevados na estimativa do VO2 máximo 2

Uma potencial explicação é a quantidade de hidratos de carbono ingerida, que tende a ser mais elevada entre as pessoas veganas e vegetarianas. 

Investigações futuras devem focar-se nas pessoas veganas, uma vez que são inúmeros os estudos realizados com vegetarianos e pessoas que comem carne. 

1. Boutros, G. H., Landry-Duval, M.-A., Garzon, M., & Karelis, A. D. (2020). Is a vegan diet detrimental to endurance and muscle strength? European Journal of Clinical Nutrition. doi: 10.1038/s41430-020-0639-y

2. Lynch, H.M.; Wharton, C.M.; Johnston, C.S. Cardiorespiratory Fitness and Peak Torque Differences between Vegetarian and Omnivore Endurance Athletes: A Cross-Sectional Study. Nutrients 2016, 8, 726.

______

Artigo adaptado da Faunalytics
Tradução por Ana Luísa Pereira

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