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O fim da carne está mais próximo do que se pensa

Imagina duas indústrias. A primeira está cada vez mais associada, aos olhos do consumidor, a doenças e sujidade. Não só está a maioria do seu produto coberto de fezes, injetado com grandes quantidades de antibióticos, e associado a um elevado risco de doenças cardiovasculares e cancro, como agora os seus trabalhadores estão a testar, em massa, positivo para o corona vírus, e a cadeia de fornecimento está em sofrimento.

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As alternativas à carne estão em crescimento. O fim da carne tradicional pode estar mais próximo do que se pensa.

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Imagina duas indústrias. A primeira está cada vez mais associada, aos olhos do consumidor, a doenças e sujidade. Não só está a maioria do seu produto coberto de fezes, injetado com grandes quantidades de antibióticos, e associado a um elevado risco de doenças cardiovasculares e cancro, como agora os seus trabalhadores estão a testar, em massa, positivo para o corona vírus, e a cadeia de fornecimento está em sofrimento.

A segunda indústria gera um produto que muitos consumidores consideram tão saboroso como o da primeira indústria, mas sem os riscos para a saúde. Mesmo durante uma pandemia, esta indústria não está a ter problemas com a sua cadeia de fornecimento, nem com os seus trabalhadores. O crescimento das suas vendas é incrível. O seu stock está em ascensão. Os seus investidores não conseguem abrir linhas de crédito suficientemente rápido.

Qual destas indústrias irá prosperar num mundo pós-COVID-19 ?

A primeira indústria, claro, é a produção de carne tradicional. Aproximadamente 5000 trabalhadores do setor da pecuária testaram positivo para o coronavírus, ao longo do mês de Abril, nos Estados Unidos da América, o que levou à racionalização da carne nos supermercados.

Quatro fábricas foram encerradas. De acordo com a United Food and Commercial Workers International Union, a produção de carne de porco diminuiu 25%, e a produção de carne de vaca 10%. “A cadeia de fornecimento está a quebrar-se.” – avisou a empresa Tyson Foods. Para os consumidores de carne, isto significa um aumento dos preços no futuro

Assim, é justo que os consumidores se questionem se os seus hábitos de consumo de carne – por si só, provavelmente a maior contribuição de cada um para as alterações climáticas – valem a pena.

Felizmente, o produto da segunda empresa está cada vez mais amplamente disponível, a sua cadeia de fornecimento expandiu-se exatamente na altura certa. À lista de empresas que estão a beneficiar com a pandemia, como o Zoom e a Amazon, podemos adicionar os dois novos líderes da carne de origem vegetal: a Beyond Meat e a Impossible Foods

A Beyond publicou os seus primeiros resultados trimestrais em Maio, sendo que estes incluíam algo pouco comum numa start-up: lucro. A empresa lucrou aproximadamente 2 milhões de dólares no primeiro trimestre deste ano, comparado a uma perda de 6.6 milhões, no mesmo período do ano anterior. O valor total de vendas disparou de 40 milhões de dólares para 97 milhões. 

E isto ocorreu antes do negócio da Beyond com a Starbucks, que começou a vender a salsicha de pequeno almoço Beyond no Canadá, e a carne Beyond em 4.200 lojas na China. 

“Este é o momento da indústria,” – disse o fundador Ethan Brown à Yahoo News, tendo o cuidado de expressar as suas preocupações e pesar pela situação pandémica.

A empresa Beyond teve uma vantagem relativamente à sua rival Impossible, durante a pandemia: Estava disponível de uma forma mais extensa em grandes superfícies (aproximadamente 25.000), a passo que, a Impossible Foods investiu mais em restaurantes (17.000, incluindo 1.700 restaurantes Burger King), estando agora a aumentar a sua disponibilidade em supermercados.

Contudo, as carnes de origem vegetal não vão conseguir ultrapassar a indústria da carne tradicional nos próximos tempos. Globalmente, esta é uma indústria de 1.7 bilhões de dólares. Antes do COVID-19, os analistas acreditavam que as alternativas à carne, conseguiriam ocupar aproximadamente 10% desse valor, no espaço de uma década. Mesmo que a pandemia e os problemas a ela associados, levem a um crescimento de clientes para o dobro, a indústria da carne continua a ter um lucro anual de mais de 1 bilhão de dólares.

Mas este tipo de tendências, uma vez postos em movimento, são difíceis de parar. A pandemia do coronavírus foi um teste para duas indústrias. A que utiliza ingredientes vegetais e conhecimento científico para replicar o sabor da carne, passou com facilidade. A oferta teve a capacidade de sustentar a procura. Ambas as empresas Beyond e Impossible abriram novas linhas de crédito de milhões de dólares para financiar expansões futuras. O próximo objetivo da Impossible é a replicação da carne de porco, uma das carnes mais procuradas fora dos Estados Unidos. A Beyond está, por seu lado, focada no bacon. E tudo isto antes das carnes de laboratório entrarem em cena.

A indústria da carne, entretanto, está a falhar o teste. A sua cadeia de fornecimento é frágil. O seu produto está comprometido, tanto a nível ético, como ambiental. Não é necessário assistir aos horrores de um matadouro para sentir quão errado todo o processo é; não é necessário ler sobre os antibióticos injetados nos porcos. Basta inspirar o ar a poucos quilómetros de uma quinta de produção animal. É um negócio sujo e homicida. Se um magnata da indústria da carne tradicional pudesse vender o mesmo produto, de forma mais barata a longo prazo, utilizando plantas, e um pouco de ciência, porque não o faria?

Até ao próximo século, pelo menos, será possível acabar com a indústria tradicional da carne, que apesar de estar longe de morrer, já sangra.

Fonte: Mashable

Traduzido por Ana Beatriz

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