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A Produção Animal Europeia Está a Impulsionar as Alterações Climáticas

O futuro do clima depende da redução das emissões de gases com efeito de estufa. A pecuária tem de ser considerada como uma problemática no centro da discussão da urgência climática.

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O futuro do clima depende da redução das emissões de gases com efeito de estufa. Sendo uma grande causadora de emissões de gases, a pecuária tem de ser considerada como uma problemática no centro da discussão da urgência climática.

As alterações climáticas são um dos problemas mais urgentes do nosso tempo. A indústria pecuária é uma grande emissora de gases com efeito de estufa e causadora das mudanças do uso do solo que contribuem para as alterações climáticas causadas pelo Homem. A humanidade enfrenta uma batalha árdua para combater as alterações climáticas a tempo de evitar uma ruptura climática total, e não teremos sucesso se não existirem mudanças significativas no setor da pecuária. 

Um novo relatório da Greenpeace – elaborado a partir de estudos científicos e publicações de agências ambientais – procura analisar o papel específico das nações europeias, a sua cumplicidade atual nas alterações climáticas causadas pelo Homem, e o seu potencial para avançar em direção a um futuro mais sustentável ao alterar as suas práticas na pecuária. 

O Acordo de Paris estabeleceu uma meta para as temperaturas globais: não mais do que 1.5°C acima dos níveis pré-industriais. Os cientistas do programa ambiental das Nações Unidas concluíram que, para atingir este objetivo, teríamos que reduzir as emissões de gases de efeito de estufa em 65% até 2030 e alcançar zero emissões até 2040. Os compromissos dos líderes europeus foram insuficientes, visando para apenas uma redução de 55% até 2030 e zero emissões líquidas até 2050. As políticas e práticas atuais estão aquém destes compromissos menos ambiciosos, deixando o futuro do clima terrivelmente incerto.   

A pecuária é uma grande contribuidora para as alterações climáticas, tanto na Europa como globalmente. A agricultura é responsável por 23% das emissões de gases de efeito de estufa antropogénicas (resultantes da atividade humana), e 70% destas emissões estão associadas à pecuária. 

Globalmente, as emissões de gases de efeito de estufa da indústria pecuária são aproximadamente equivalentes às do setor de transportes inteiro. No que diz respeito ao uso do solo, 71% do solo para agricultura na União Europeia é usado para cultivar comida para os animais, não para os humanos. Entre 1960 e 2011, 65% do uso global do solo foi direcionado para a pecuária. O aumento da pecuária na última década produziu a mesma quantidade de gases de efeito de estufa que o equivalente a 8.4 milhões de carros nas estradas. 

Para além da degradação climática, a pecuária contribui para outros tipos de problemas, incluindo a destruição de florestas e a perda de biodiversidade. A indústria também impacta a saúde humana diretamente. O consumo elevado de carne e laticínios está ligado a doenças cardíacas, alguns cancros, e diabetes tipo 2. 73% das doenças infecciosas emergentes têm origem em animais, sendo que a indústria da pecuária tem também sido ligada consistentemente ao surgimento e à propagação de doenças virais e pandémicas.

Devido a esta enorme escala, a pecuária causa enormes danos no clima. No entanto, a sua grandiosidade também significa que mudanças neste setor podem ter um grande impacto positivo. Uma redução global na pecuária e na implementação de mudanças na alimentação poderiam significar uma redução de 66% das emissões da pecuária até 2050

Se fôssemos capazes de reduzir a produção de animais na União Europeia em 75%, poderíamos alcançar uma redução nas emissões de gases de efeito de estufa equiparável a cessar todos processos industriais (produção, processamento de alimentos, processos químicos e minerais, trabalho em metal e produção de pasta e papel) na União Europeia.  Esta grande redução pode ser mais viável do que parece, uma vez que um europeu, em média, come atualmente 60% a mais de carne e laticínios do que a Organização Mundial de Saúde recomenda. Uma grande redução é necessária, uma vez que as emissões globais da pecuária estão projetadas para aumentar 50% nas próximas décadas. 

Para alcançar uma redução significativa nas emissões da pecuária, a Greenpeace recomenda que:

  • Os líderes da União Europeia estabeleçam metas com reduções mais proeminentes, alinhadas com as recomendações feitas pelo Programa Ambiental das Nações Unidas; 
  • Os governos da UE acabem com os subsídios à indústria da pecuária e incentivem uma transição para produção agrícola ecológica;
  • As agências reguladoras limitem a densidade de animais para produção, sob penalização de perda de subsídios;
  • A União Europeia adote medidas para incentivar a redução do consumo de carne e laticínios, com enfoque numa dieta rica em vegetais e fruta.

As emissões da pecuária são um enorme problema por resolver, mas se pudermos orquestrar a sua redução significativa, igualmente daqui resultará um impacto considerável.

Artigo original: Faunalytics

Traduzido por Ana Lúcia

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