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Portugal na COP28: Desafios da Crise Climática, Segurança Alimentar e o Papel da Proteína Vegetal

A crise alimentar global, agravada por eventos meteorológicos extremos, afeta milhões de pessoas. A produção de carne é um fator a considerar para atenuar a crise climática e alimentar. Não é por acaso que a necessidade de integrar sistemas agrícolas e alimentares nos planos nacionais de combate às alterações climáticas foi destacada na COP28. Ao mesmo tempo, iniciativas globais, exemplificadas por países como Dinamarca, Alemanha e Coreia do Sul, apostam na promoção da proteína vegetal para fazer face aos desafios ambientais e económicos. Deveria Portugal seguir o mesmo caminho?
Portugal na COP28 Desafios da Crise Climática, Segurança Alimentar e o Papel da Proteína Vegetal

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A crise alimentar global atingiu proporções alarmantes, sendo agravada por fatores económicos, conflitos e condições climáticas extremas. 

Em 2022, mais de 250 milhões de pessoas enfrentaram insegurança alimentar aguda, representando um aumento significativo em relação a 2021, quando o número era de 193 milhões. Diversos fatores contribuem para essa situação, nomeadamente, crises económicas, conflitos e eventos meteorológicos extremos, que foram a causa da insegurança alimentar aguda em 12 países.

Numa altura em que foi assinada a Declaração sobre Agricultura Sustentável, Sistemas Alimentares Resilientes e Ação Climática, na 28.ª cimeira da ONU sobre alterações climáticas (COP28), existe uma crescente consciência de que é urgente incorporar os sistemas agrícolas e alimentares nos planos nacionais de combate às alterações climáticas, sendo estes determinantes em matéria de segurança alimentar. 

As emissões de gases de efeito estufa provenientes do sistema alimentar representam cerca de 30% das emissões globais, destacando a necessidade premente de ações robustas no âmbito das políticas públicas.

 A Contribuição da Produção de Carne para a Crise Climática e Alimentar

A produção de carne surge como uma peça crucial neste quebra-cabeças da insegurança alimentar global. Segundo estudos mais recentes, a criação de animais para consumo humano chega a ser responsável por cerca de 16,5% das emissões globais de gases de efeito estufa e é a maior fonte de emissões de metano, um gás extremamente potente. Além disso, contribui para a desflorestação, perda de biodiversidade, poluição dos recursos hídricos e zonas mortas nos oceanos, agravando a crise ambiental e climática e comprometendo, assim, a segurança alimentar.

Aumentar ainda mais a produção e o consumo de carne, com relação ao aumento populacional, provavelmente levará ao colapso de algumas funções do ecossistema global das quais a humanidade depende, o que nos leva a concluir sobre a importância de políticas públicas intervirem nesse desfecho.

Uma vez que, nas últimas décadas, o consumo global de carne aumentou, este risco está presente. Adicionalmente, prevê-se que a população mundial atinja 9,8 mil milhões em 2050, intensificando a pressão sobre a disponibilidade de alimentos.

Um Sistema Alimentar de Base Vegetal como Solução Eficiente

A produção de carne é bastante ineficiente em termos energéticos, utilizando mais recursos do que produz em termos de calorias e proteínas. Mais de três quartos das terras agrícolas são usadas para criar animais, que fornecem apenas 18% das calorias globais e 25% das proteínas.

É necessário repensar a distribuição de recursos naturais, considerando, para o efeito, a transição para um sistema alimentar de base vegetal.  

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Converter terras destinadas à pecuária em terrenos de produção de base vegetal. É possível?

A terra utilizada para criar animais não tem as mesmas características que a terra onde são cultivados alimentos de base vegetal (p.ex.: cereais, batatas e feijões). 

Isto levanta a questão sobre se poderíamos usar essa mesma terra para produção de alimentos de base vegetal. Sim, em muitos dos casos poderíamos e estaríamos a permitir que a vegetação e os ecossistemas naturais regressassem a estas terras, com grandes benefícios para a biodiversidade e para o sequestro de carbono.

Pesquisas sugerem que é possível alimentar todas as pessoas do mundo com uma dieta nutritiva, apenas utilizando as terras agrícolas existentes. Contudo, isso só será possível se ocorrer uma transição generalizada nos padrões alimentares em todo o mundo, passando a ter uma base vegetal.

Iniciativas Globais como Modelos Promissores

A colaboração global é fundamental para moldar um futuro mais sustentável. Iniciativas como as adotadas por países como Dinamarca, Coreia do Sul e Alemanha indicam um caminho possível. Os governos destes países estão a investir em planos e medidas nacionais que promovem a produção e o consumo de alimentos de base vegetal e as proteínas alternativas, reconhecendo a necessidade de uma abordagem abrangente.

Em Portugal, o projeto Proteína Verde propõe uma transição proteica nacional, destacando a importância de políticas que tornem o sistema alimentar capaz de combater as alterações climáticas, tendo já sido apresentado em audiência com a Comissão de Agricultura e Pescas

Conclusão: Um Futuro Sustentável Dependente de Escolhas Conscientes

Em suma, a crise alimentar global exige uma abordagem holística, onde a redução do consumo de carne e a transição para sistemas alimentares de base vegetal não são apenas soluções para a crise climática, mas também passos essenciais para a segurança alimentar de todas as pessoas do planeta. 

Créditos imagem de capa: cop28.com

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