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Mais de 1 Milhão de Portugueses Está a Deixar de Comer Carne

Lançado em novembro de 2021, um novo estudo da consultora Lantern faz um retrato da alimentação de base vegetal em Portugal, que tem aumentado, mostrando a evolução dos números, caracterizando os consumidores e respetivos hábitos de consumo e deixando ainda uma reflexão sobre as diferentes marcas no mercado e a sua presença junto dos consumidores. Vamos ver o que dizem os números.

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A população portuguesa que está a deixar de comer carne e que escolhe não consumir quaisquer produtos de origem animal continua a aumentar em Portugal, de acordo com o estudo “The Green Revolution 2021”, da Lantern. Já são cerca de 1 milhão e 19 mil pessoas! Este é o número de portugueses que segue uma alimentação veggie, ou seja, que abrange vegetarianos, veganos e flexitarianos.

Evolução do vegetarianismo entre 2019 e 2021

Nos últimos dois anos, mais de 250 mil pessoas adotaram uma alimentação de base vegetal. Os flexitarianos, isto é, pessoas que têm vindo a reduzir significativamente o seu consumo de carne e peixe, e a trocar a proteína animal pela vegetal, ainda que não completamente, são os que mais têm crescido, representando 9,3% da população.  

Já os ovolactovegetarianos (ou vulgarmente chamados de apenas vegetarianos) – quem exclui todos os produtos de origem animal à exceção dos derivados – serão cerca de 2,1% em 2021, enquanto que, há dois anos, eram apenas 0,9%. Em relação à fração de portugueses que exclui completamente os ingredientes e produtos de origem animal, isto é, os veganos, serão cerca de 0,5% em 2021, contra 0,7% em 2019, sendo o único grupo que diminuiu nestes últimos dois anos.

Finalmente, 88,1% dos inquiridos este ano indicam que ainda comem carne e peixe regularmente, sendo ainda a fatia mais significativa da população, valor que, em 2019, estava fixado nos 88,6%. 

Deixando as percentagens de lado e olhando para os números absolutos, somam-se mais de 1 milhão de pessoas que optam por uma alimentação vegetariana ou tendencialmente vegetariana: 43 mil veganos, 180 mil vegetarianos e 796 mil flexitarianos. Estamos a falar de 1 milhão e 19 mil pessoas em idade adulta, com mais de 18 anos, o que sugere que este número pode ser muito superior, se considerarmos que há muitos adolescentes a optar por este tipo de alimentação.

De todos estes grupos alimentares, o que registou um maior aumento foi aquele constituído por  vegetarianos, com um incremento de 137% entre 2019 e 2021. Também os flexitarianos têm vindo a aumentar, tendo crescido 27% em dois anos.

Olhando para isto em perspetiva, é possível compreender melhor o impacto desta realidade. Que influência tem o número de pessoas que reduzem o consumo de ingredientes de origem animal na população adulta? Estamos a falar de 11,9% do total de adultos em Portugal – em 2019, eram apenas 9% da população portuguesa.

Adultos, bancários ou artistas – quem e como são os vegetarianos em Portugal?

O estudo da Lantern traçou, mais uma vez, o perfil dos veggies em Portugal. Os dados não surpreendem, já que se mantêm nas tendências registadas desde 2019. São essencialmente mulheres, de faixas etárias jovens, entre os 18 e os 34, e vivem predominantemente nas maiores cidades do país (esta tendência ganha apenas por 2 pontos percentuais). Em concreto, 13,7% dos inquiridos que afirma seguir uma alimentação veggie (termo que incluí os vegetarianos, os vegan e os flexitarianos) são do sexo feminino, e isto representa 60% da comunidade veggie em Portugal. Por outras palavras, 1 em cada 7 mulheres considera-se veggie.

A transição para este regime alimentar apresenta ser uma tendência em forte crescimento, pelo que muitos dos inquiridos revelaram ter começado este género de alimentação recentemente – 25% dos veggie começaram a sê-lo apenas no último ano. 

No entanto, também há quem tenha feito esta mudança e a consiga manter no tempo. A prova disso é que 43% dos vegetarianos inquiridos já seguem esta alimentação há mais de 5 anos. 

Além do sexo feminino, as faixas etárias mais jovens também se destacam no que diz respeito à alimentação vegetariana. A maior parte dos inquiridos que diz seguir uma alimentação maioritariamente de base vegetal está entre os 25 e os 34 anos (falamos concretamente de 6,3% dos inquiridos), seguidos pela faixa etária entre os 18 e os 24 anos, estes com uma percentagem de 5,7%. 

As restantes faixas etárias apresentam percentagens muito inferiores: dos 55 aos 64 com 1,7%, dos 45 aos 54 com 1,5%, os maiores de 65 anos com 1,4% e, em último lugar, os inquiridos que têm entre os 35 e os 44 representam 0,5%. 

Relativamente à zona de residência dos participantes, há dados interessantes. A maioria dos inquiridos que segue uma alimentação veggie reside nas grandes cidades, mas a diferença, face a quem vive em cidades com menos de 100 mil habitantes, é de apenas 2%. Ou seja, 51% vive em grandes cidades e 49% vive em cidades não tão grandes. Estes dados podem levar-nos a pensar que o facto de se viver em zonas urbanas ou rurais não terá um impacto tão considerável nas escolhas alimentares. 

Saúde, ambiente ou respeito pelos animais – quais são as motivações para ser vegetariano?

Outro parâmetro analisado foi a motivação para seguir uma alimentação com ou sem ingredientes de origem animal. Para os flexitarianos, a preocupação com a sua própria saúde e o interesse em prevenir as doenças é aquilo que mais os motiva a optar predominantemente pela proteína vegetal (68% indicou esse motivo), enquanto que a preocupação com os animais (30%) e sustentabilidade (29%) surge menos frequentemente. 

No que toca a vegetarianos e veganos, as preocupações principais diferem. A maioria (73%) aponta a preocupação ambiental como a principal força de motivação, seguida de perto da preocupação com o bem-estar e direitos dos animais (69%). 

De uma forma geral, os veggies (nominação que, tal como já referido, inclui flexitarianos, vegetarianos e veganos) são muito mais ativos em todos os comportamentos de compra relacionados com a sustentabilidade.

A população em geral que não segue uma alimentação vegetariana também está empenhada em reduzir o consumo de carne, pelo menos é o que afirmam 41% dos portugueses. Olhando em particular para as carnes vermelhas, 34% da população afirma ter reduzido o consumo, bem como de enchidos, número que sobe para os 37%. O consumo de aves, por sua vez, diminuiu apenas em 8%. O consumo de lacticínios também registou um decréscimo: 19% da população reduziu o consumo de leite, 13% o de iogurte e 19% o de queijo.

Outra boa notícia deste estudo é que o consumo de legumes e de leguminosas, alimentos essenciais de uma alimentação saudável independentemente do padrão alimentar, tem vindo a aumentar, tanto entre vegetarianos e veganos como no caso de quem ainda come carne e peixe frequentemente. Entre os veggies, o aumento foi de 59% e entre os omnívoros foi de 38%, segundo dados de 2021.

O estudo destaca ainda o facto de a pandemia provocada pela covid-19 não ter tido um impacto negativo na evolução do número de veggies, verificando-se, precisamente, um aumento neste número (+34% em comparação com 2019). Outra informação em destaque é a propensão das camadas mais jovens para a adoção de um estilo de vida mais sustentável (e que passa por uma alimentação com menos produtos de origem animal). 

Sobre o Estudo

O estudo pode ser consultado online. Foi realizado entre os dias 10 e 15 de junho de 2021, através de questionários online, tendo contado com uma amostra total de 1.012 participantes, com idade superior a 18 anos e residentes em zonas urbanas ou rurais do país. A amostra é representativa da população portuguesa através de diferentes variáveis: sexo, grupo etário, área geográfica e estratificação de habitat. A margem de erro fixou-se nos 3,1%. 

Artigo da autoria de Bárbara Baltarejo

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