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Porque a dieta vegetariana vai ganhar a corrida da comida sustentável e ajudar a resolver os problemas do sistema alimentar

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Á medida que a população global cresce, cresce também a necessidade de produzir alimento. Mais pessoas implica mais calorias e nutrição a serem produzidos por agricultores e fabricantes. E por sua vez isso significa mais pressão no planeta para fornecer uma quantidade adequada de água, espaço, nutrientes, e um clima ideal para produzir mais comida. Não há forma de escapar as limitações ambientais. Ao perceberem isto, agricultores e cientistas procuram formas de produzir alimento de uma forma mais eficiente. Reconhecem a necessidade de mudar o sistema actual pois este não é sustentável.

A indústria pecuária domina o sistema alimentar apesar de ser altamente ineficiente, uma vez que uma grande quantidade de recursos são necessários para produzir carne e outros produtos de origem animal consumidos por todo o mundo. O gado de pastagem ocupa cerca de 26% do planeta, enquanto que 33% é usado para produzir alimento para estes. Além disso, cerca de 70% de água potável do planeta é usada para agricultura, sendo um terço para a alimentação dos animais. De notar ainda que a United Nations Food and Agriculture Organization (FAO) estima que a produção de gado é responsável por 14,5% das emissões globais de gases de estufa, enquanto outras organizações, como o Worldwatch Institute, sobem essa percentagem para perto dos 51%.

Com a possibilidade de a população mundial atingir os nove biliões de pessoas em 2050, acompanhada pelo aumento da procura de carne num futuro próximo, é importante questionarmos como conseguir produzir o suficiente. São necessários abastecimentos mais rápidos, maiores, mais acessíveis e que usem menos recursos. Assim, cientistas e agricultores já começaram a testar várias alternativas para tornar a carne mais acessível á crescente população.

Vamos conhecer algumas destas alternativas “eficientes”, e analisar o porquê destas falharem de um ponto de vista ambiental.

Animais Geneticamente Modificados

“Geneticamente modificado” é certamente um tópico popular e controverso hoje em dia. Mas qual o seu impacto ambiental? É seguro para consumo humano? E quantos mais ratos de laboratório terão de morrer para termos estas respostas? Actualmente, nenhuma carne ou lacticínios disponíveis para consumo são geneticamente modificados. E o salmão é o único animal geneticamente modificado que poderá estar disponível para consumo em breve. Com o aumento do consumo de carne, é compreensível que cientistas e agricultores queiram garantir que a produção acompanha a procura e é o mais eficiente possível. Mas alterar a genética da carne apresenta os mesmos riscos da alteração genética de qualquer outro organismo.

E quais as ameaças á diversidade genética do gado associada á modificação genética? Diversidade genética, ou a variedade nos genes de uma espécie, é vital para manter essa espécie saudável. Ajuda a ultrapassar vários desafios como doenças e garante que toda a população tem uma variedade de adaptações e características no seu arsenal de sobrevivência. Então, porquê multiplicar as semelhanças do código genético através de modificação genética? Os cientistas já reconheceram uma falta de diversidade genética em galinhas para consumo, o que as torna mais susceptíveis a doenças. E no caso de salmão geneticamente modificado, também chamado “frankenfish”, ao fugirem das operações de aquacultura, podem levar toda a espécie de salmão selvagem á extinção.

É natural que alguns genes possam ser mais úteis na industria pecuária, mas ter uma variedade de genes na população animal é o ideal. Ao eliminar a diversidade genética de vacas ou salmão, estamos a pôr em risco, não só a oferta de animais como fonte de alimento, mas também a linhagem e viabilidade da própria espécie.

O uso de esteroides e hormonas

Então, se não vamos alterar os genes dos animais que consumimos, porque não dar-lhes hormonas de crescimento para maximizar o rendimento do produto? Primeiro, isto não é uma competição de culturismo. Segundo, estes suplementos não são nada bons para nós nem para o ambiente.

Embora o uso de certas hormonas e esteroides na pecuária seja aprovado pelos governos, muitos discordam quanto á segurança dos mesmos. A hormona de crescimento bovina recombinante (também conhecida como rbGH, do inglês) é usada em vacas leiteiras desde 1993 para aumentar a produção de leite. Infelizmente, fraqueza, mastite e problemas reprodutivos também têm aumentado nas vacas que recebem rbGH. Assim, mais antibióticos são administrados aos animais, que acabam por contaminar o ambiente e também os lacticínios que consumimos. Esta tentativa de maximizar o rendimento dos animais acaba por criar problemas ainda maiores.

Também é comum o uso de esteroides nas vacas criadas para carne. No entanto, está a causar graves danos ambientais. As diversas hormonas administradas aos animais acabam por ser excretadas e infiltram-se nas fontes de água e solo próximas das explorações agrícolas. Os peixes são os mais sensíveis ás várias hormonas a que estão expostos e acabam por alterar os seus hábitos reprodutivos e características de género. E não são só os animais que podem experienciar os efeitos prejudiciais das hormonas usadas nas vacas – também se acredita que os humanos possam sofrer danos no sistema endócrino quando expostos a carne criada convencionalmente.

Insectos

Os insectos são vistos por muitos como a resposta para a escassez de proteína animal. As Nações Unidas declararam os insectos como uma fonte de alimento nutritiva, e pode ainda ser uma fonte pouco utilizada de alimento para gado. Em comparação com os produtos de origem animal tradicionais, insectos requerem menos água, comida e espaço e também causam menos poluição. Para além desta alternativa não ser muito atractiva para o palato moderno, o que mais há de errado com os insectos como fonte de proteína?

Um estudo recente investigou qual a dieta que resultava na conversão mais eficiente de proteína nos grilos. Estes foram alimentados com uma variedade que incluía vários grãos e desperdício orgânico. Na conclusão do estudo, os cientistas descobriram que os grilos que comeram uma dieta á base de grãos, semelhante á das aves de capoeira, teve os melhores resultados. E, surpreendentemente, tiveram um rendimento nutritivo semelhante ao das aves. Nenhuma melhoria significativa em termos de eficiência.

Criar insectos para consumo humano pode apresentar os mesmos riscos das outras produções de animais. Operações de grande escala podem dar origem a doenças, fungos e bactérias. Insectos expostos a dejectos de animais no seu alimento podem ser contaminados com Salmonella, pesticidas e metais pesados acumulados dos dejectos. Até mesmo insectos de origem selvagem podem apresentar riscos semelhantes, pois podem ter sido expostos antes de serem apanhados. Embora os insectos sejam uma fonte de alimento para diversas culturas por todo o mundo, não parecem ser uma solução eficiente para a crescente procura de alimento.

Carne In Vitro

Com o aumento da procura de carne produzida de forma sustentável, os cientistas começaram a considerar a criação de carne in vitro como uma solução. Basicamente, as células são retiradas de um ser vivo e trabalhadas numa placa de Petri com uma solução rica em nutrientes. As células reproduzem-se e, após algum tempo, começa a surgir a carne! Certamente é um processo mais complexo, mas a ideia básica é esta.

Então, é carne produzida sem mortes, quintas de pecuária e poluição? Esta é uma ideia intrigante, mas ainda há algumas falhas. Primeiro, por ser uma tecnologia relativamente recente, é ainda muito dispendiosa. Em 2013, um grupo de cientistas criou o primeiro hambúrguer de laboratório, em Londres. O projecto foi o resultado de cinco anos de pesquisa, e apenas 150 gramas de carne custaram cerca de 280,000€! É sem dúvida um preço pouco acessível á maioria dos consumidores.

Apesar da carne in vitro não ser produzida directamente a partir de um animal, ainda são necessários muitos recursos para a sua produção. Seriam necessárias enormes quantidades de placas de petri para produzir cada pedaço de carne. E também enormes laboratórios para criar as condições necessárias para o crescimento da carne. Além disso, a carne, que tecnicamente é tecido muscular, necessita de ser “exercitada” por máquinas para obter um melhor produto. Não podemos apenas deixar algumas células numa placa e esperar que cresçam durante alguns meses – há muito mais trabalho a fazer para garantir que tudo corre como planeado.

Plantas - Muito melhores para o planeta

Plantas – Muito melhores para o planeta

Apesar dos vários esforços para acompanhar o aumento da procura de carne, é fácil ver onde esses esforços falham. Estas novas e inovadores alternativas podem diminuir o impacto ambiental, mas ainda falham comparativamente a uma dieta á base de plantas. Por muito que tentem, os produtores de carne não conseguem competir com a eficiência das plantas, ou com as maravilhas que esta dieta oferece tanto aos animais como ao ambiente. Quem acha que escolher um hambúrguer á base de vegetais em vez de um bife, ou uma salada em vez de salmão é mais amigo do planeta, está certo!

O One Green Plantet acredita que o sistema alimentar global dominado pela indústria pecuária está na base da crise ambiental que vivemos.

Esta indústria destrutiva ocupa actualmente mais de metade da terra arável disponível, usa grande parte das reservas de água potável e é a maior emissora de gases de estufa. Além disso, este sistema causa poluição excessiva da água e ar, degradação das terras, desflorestação e está a causar a extinção de cada vez mais espécies. Ainda assim, uma em oito pessoas ainda não tem acesso a comida suficiente.

“Este não é apenas uma preocupação relativa ao bem estar animal ou ambiental, é também uma crise humanitária”, diz Nil Zacharias, editor chefe e co-fundador do One Green Planet, “porque a indústria pecuária está a desviar recursos naturais como terra, água e combustíveis fósseis para criar espaço para os animais, enquanto milhões de pessoas em todo o mundo estão malnutridas e continuam sem acesso a água potável segura”.

Sendo uma organização líder no movimento do consumismo consciente, a One Green Planet acredita que o que escolhemos comer tem o poder de melhorar o nosso sistema alimentar, dando ás espécies uma hipótese de lutar pela sobrevivência, e de preparar o caminho para um futuro verdadeiramente sustentável.

A ciência mostra que pessoas que comem maioritariamente á base de plantas estão certas no que diz respeito a nutrir a Mãe Natureza com as suas escolhas. No acre de terra necessário para produzir cerca de 115 kgs de carne de vaca, poderíamos ter 20,000 kgs de tomate, 24,000 kgs de batata ou 13,000 kgs de cenouras. Uma pessoa normal que coma á base de plantas pode poupar cerca de 615,000 litros de água por ano e reduzir a sua pegada ambiental em metade. Mas a cereja no topo do bolo é o facto de podermos redirecionar grão suficiente, produzido para alimentar gado, para alimentar 1,4 biliões de pessoas, se todos os americanos parassem de comer carne.

Estas são razões mais que suficientes para apostar numa dieta á base de plantas. Os produtores de carne certamente tentarão fornecer o seu produto de uma forma mais eficiente e sustentável. Mas a aposta certa estará sempre do lado da proteína vegetal.

Fonte: http://www.onegreenplanet.org/environment/future-of-sustainable-food-is-plant-based/

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