A marca Adidas divulgou, em 2021, o modelo Mylo Stan Smith, uma versão vegan dos seus icónicos ténis Stan Smith, produzidos com couro à base de cogumelos.

Os sapatos conceito foram criados em parceria com a Bolt Threads, que forneceu o couro Mylo – couro vegan feito de micélio, ou seja, o conjunto dos sistemas radiculares de crescimento rápido dos cogumelos. Enquanto o couro convencional provém do crescimento e desenvolvimento de uma vaca ao longo de meses, e por vezes anos, o micélio utilizado no Mylo cresce em menos de duas semanas, de uma forma eficiente em termos de recursos. 

O material é renovável, amigo do ambiente, e funciona exactamente da mesma forma que o couro tradicional, mas sem crueldade para com os animais. A parte superior externa, as linhas perfuradas, a sobreposição da aba do calcanhar e a marca premium são feitas com Mylo e a sola intermédia do sapato é produzida com borracha natural.

“A introdução do Mylo, como um material novo, é um grande passo em frente na nossa ambição ousada para ajudar a acabar com os resíduos plásticos. Como planeta, devemos aprender a trabalhar com a natureza em vez de contra ela e colocar todos os nossos esforços na procura de soluções inovadoras, que sejam criadas de forma responsável com recursos que se renovem a um ritmo sustentável, concebidos em sinergia com os ecossistemas da Terra. E, como marca, continuamos a explorar as possibilidades na inovação do material”.

disse Amy Jones Vaterlaus, Chefe Global do Futuro, na Adidas.

“Ao criar o icónico Stan Smith com um material Mylo superior, a Adidas está a demonstrar o potencial de longo alcance deste material inovador. Estamos entusiasmados por trabalhar com a Adidas, num tipo de parceria de desenvolvimento que torna a inovação uma realidade. Mylo tem a força e o desempenho que tem hoje, graças à orientação e ao profundo conhecimento técnico da equipa da Adidas no fabrico de calçado de óptima qualidade”.

afirmou Jamie Bainbridge, Vice-Presidente de Produto na Bolt Threads.

A revelação do modelo Mylo Stan Smith segue-se ao lançamento da iniciativa da Adidas: “Our Icons Go Vegan” [Os nossos ícones vão vegan], através da qual a marca de sapatos está a criar versões vegan dos seus estilos clássicos. Esta colecção inclui os modelos Samba ($80) e Continental 80 ($80), ambos gravados com o logótipo “Adidas Original Vegan” e produzidos com materiais sem animais, até à cola. Para além do couro vegan, este último estilo apresenta espuma EVA, à base de algas, para a produção da sua entressola. Em 2020, a Adidas também lançou uma versão das suas sapatilhas Stan Smith, que apresentava PRIMEGREEN – um material que não utiliza qualquer plástico virgem –, com uma parte superior feita de 50% de materiais reciclados.

Os designers abraçam o couro vegan

A Adidas lançou o primeiro vegan Stan Smith em 2018, criado em parceria com a designer ecológica Stella McCartney. Desde o lançamento dos ténis vegan – que ganharam fãs famosos, incluindo Madonna e Meghan Markle – que McCartney também começou a experimentar Mylo.

Em março de 2021, McCartney tornou-se a primeira estilista a apresentar o couro de cogumelos em duas peças conceito: um corpete e calças. A Adidas e McCartney fazem parte do Mylo Consortium – uma parceria multimarcas da Bolt Threads anunciada em 2020, que também inclui a Lululemon e a Kering –, que têm programado, para 2021, o lançamento de novos produtos produzidos com o seu couro inovador à base de cogumelos.

Para além do couro de cogumelos, um número crescente de marcas utiliza agora outras alternativas de couro vegan amigo do ambiente. As marcas de moda icónica, incluindo Karl Legerfeld, H&M, e Fossil, lançaram coleções produzidas com Desserto – um couro composto de folhas de cacto, desenvolvido pelos empresários mexicanos Adrián López Velarde e Marte Cázarez. Existe outra inovação adicional no horizonte, de marcas como a Allbirds, que recentemente investiu 2 milhões de dólares na criação de alternativas, quer aos couros animais, quer aos sintéticos, a partir de óleo vegetal, borracha natural e outros materiais amigos do ambiente.

Adaptado da página VegNews

Traduzido por Ana Luísa Pereira