Uma investigação da Universidade de Oxford revelou que em países desenvolvidos, como os EUA, Reino Unido, Austrália e em toda a Europa Ocidental, a adopção de uma alimentação vegana, vegetariana ou flexitariana poderá reduzir até um terço a factura da alimentação de cada pessoa, ou seja, são regimes alimentares que permitem economizar.
O estudo, publicado na revista The Lancet Planetary Health, comparou o custo de sete diferentes regimes alimentares sustentáveis com a actual dieta típica em 150 países, utilizando como métrica os preços médios dos alimentos do Programa de Comparação Internacional do Banco Mundial.
Assim, foi possível apurar que:
- Um regime alimentar vegano (estritamente vegetariano) é o mais acessível e permite reduzir os custos alimentares em até um terço.
- Um regime alimentar ovolactovegetariano é o segundo mais eficaz na redução dos custos, não muito longe do vegano. Os regimes alimentares mais flexíveis, com quantidades reduzidas de carne e lacticínios, reduzem os custos em 14 %.
- Em contrapartida, as dietas pescetarianas aumentaram os custos até 2 %.
“Pensamos que as pessoas vão ficar surpreendidas pelo facto de os regimes alimentares vegano, ovolactovegetariano e flexitariano permitirem poupar muito dinheiro. Quando, cientistas como eu, defendem uma alimentação saudável e amiga do ambiente, é frequente afirmar-se que temos uma atitude pouco prática, alheia aos problemas urgentes e que a promover algo financeiramente fora do alcance da maioria das pessoas. Este estudo mostra exactamente o contrário. Estas dietas podem ser melhores para o seu saldo bancário, bem como para a sua saúde e… para o planeta.”
Dr. Marco Springmann, investigador do Programa Oxford Martin, sobre o Futuro da Alimentação.
“Concordo definitivamente que cortar na carne, ou cortá-la completamente da alimentação, permite poupar dinheiro. Publiquei sete livros de receitas económicas e calculei o custo de centenas de receitas e não há dúvida de que as refeições veganas e vegetarianas se apresentam consistentemente a um preço muito mais baixo do que as receitas com carne”.
Miguel Barclay, autor da série de livros mais vendidos de cozinha, “One Pound Meals” [Refeições de 1 libra].
O estudo centrou-se em alimentos integrais e não incluiu substitutos de carne altamente processados, ou refeições em restaurantes ou takeaways.
Também concluiu que, em países de rendimentos mais reduzidos, como no subcontinente indiano e na África subsaariana, optar por um regime alimentar saudável e sustentável seria até um quarto mais barato do que uma dieta ocidental típica, mas, pelo menos, um terço mais caro do que a forma de alimentação que vigora actualmente.
Para analisar as opções que poderiam melhorar a acessibilidade económica e reduzir os custos da alimentação, o estudo examinou várias opções políticas. Concluiu-se, então, que será possível que os regimes alimentares saudáveis e sustentáveis se tornem economicamente acessíveis, nos próximos 10 anos. Ou seja, quando o desenvolvimento económico, especialmente nos países de rendimentos mais reduzidos, for acompanhado pela redução dos desperdícios alimentares e por um preço dos alimentos favorável ao meio ambiente e à saúde.
“É possível fazer uma dieta saudável e sustentável em todo o mundo, mas requer vontade política. Os regimes alimentares em vigor nos países de rendimento reduzido tendem a incluir grandes quantidades de alimentos ricos em amido, mas não tanto alimentos que sabemos serem saudáveis. E as dietas de estilo ocidental, muitas vezes vistas como as mais desejáveis, são, não apenas insalubres, como também notavelmente insustentáveis e inacessíveis em países de baixos rendimentos. Todos os padrões alimentares saudáveis e sustentáveis que analisamos são melhores para a saúde, o ambiente e em termos financeiros. No entanto, é necessário apoio ao desenvolvimento de políticas alimentares progressivas para os tornar acessíveis e desejáveis em todo o mundo.”
Dr. Marco Springmann
O trabalho de investigação, cujo nome traduzido é “Os custos globais e regionais de padrões dietéticos saudáveis e sustentáveis: um estudo de modelagem”, foi publicado na revista The Lancet Planetary Health, a 10 de Novembro de 2021. Os resultados de cada país podem ser consultados aqui.
O livro, “Green One Pound Meals” [Refeições ecológicas de 1 libra], de Miguel Barclay, foi publicado a 30 de Dezembro. Apresenta receitas amigas do planeta e inclui dicas e ideias para fazer compras inteligentes e evitar desperdícios alimentares.
Adaptado da página University of Oxford
Traduzido por Ana Luísa Pereira