5 organizações de diferentes países juntaram-se para elaborar um relatório com 11 recomendações políticas ao Parlamento Europeu: Associação Vegetariana Portuguesa (Portugal), Green REV Institute (Polónia), Associação Vegetariana Francesa (França), Sociedade Vegetariana da Dinamarca (Dinamarca) e Compassion in World Farming (representação europeia).
O novo relatório designado de ‘Plant-Powered Politics: transição europeia para um sistema alimentar de base vegetal’ (da tradução ‘Plant-Powered Politics: Europe’s Shift Towards a Plant-Based System’) está disponível gratuitamente e visa ser um roteiro político e uma carta aberta.
Nota: Ao aceitares a nossa Política de Privacidade, consentes que a informação fornecida seja armazenada pela Associação Vegetariana Portuguesa (AVP), e aceitas receber atualizações e notícias de e-mail da AVP. Poderás revogar o teu consentimento em qualquer altura no futuro, enviando email para info@avp.org.pt.
Segundo as organizações, a razão para este estudo e coligação é clara: é urgente salvaguardar os ecossistemas e a preservação da vida tal como a conhecemos e isso exige a transição para um sistema alimentar mais sustentável.
De acordo com Francisco Guerreiro, eurodeputado pelo grupo dos Verdes/Aliança Livre Europeia (Verdes/ALE) no Parlamento Europeu, “este estudo revela a importância de politicamente se caminhar para uma economia descarbonizada baseada na ciência, nas melhores práticas agrícolas mas sobretudo focada na saúde pública”.
Principais destaques do novo relatório ‘Plant-Powered Politics’
A produção alimentar é responsável por 26% das emissões globais de gases com efeito de estufa, sendo a agricultura responsável pela maior parte das emissões. A agricultura é responsável por 10,3% das emissões de gases com efeito de estufa da UE, e quase 70% destas emissões provêm do sector animal. A agricultura animal compete com a produção vegetal pelos recursos naturais, aumentando os real custo dos alimentos e contribuindo para a insegurança alimentar.
“A transição para um modelo alimentar e agrícola com mais alimentos de origem vegetal é urgente. No contexto das perturbações climáticas e da escassez de água que conhecemos, temos de abordar o problema na sua raiz”
Élodie Vieille Blanchard e Astrid Prevost, da Associação Vegetariana Francesa.
“O atual sistema alimentar europeu deveria sofrer uma profunda transformação pela salvaguarda do ambiente, saúde pública, biodiversidade, segurança alimentar e bem-estar animal”, defende Joana Oliveira, da Associação Vegetariana Portuguesa e coordenadora da iniciativa.
O ‘Plant-Powered Politics’ sublinha a necessidade de aumentar a produção e o consumo de alternativas de origem vegetal e apresenta uma série de recomendações políticas para alcançar esta transição.
De acordo com as organizações, mesmo os mais conservadores podem confiar nesta mudança. O mercado europeu de alimentos de base vegetal crescerá a longo prazo, proporcionando oportunidades económicas. Lembrando que, em Portugal, este mercado já cresceu 20% em apenas dois anos.
“Apostar numa estratégia para a promoção da proteína vegetal é catapultar Portugal para o século XXI reforçando estrategicamente o papel do sector agroalimentar na União Europeia mas também no mercado internacional”, segundo Francisco Guerreiro.
A saúde pública também beneficia de uma maior produção e consumo de uma dieta de base vegetal. “Uma maior predominância de dietas de base vegetal pode gerar poupanças de milhares de milhões de euros em custos com a saúde”, afirma Joana Oliveira.
Também são tidos em conta outros factores. O relatório ‘Plant-Powered Politics’ aborda a questão dos trabalhadores das explorações agrícolas (e dos matadouros), que estão expostos a vários riscos para a saúde.
Defende, igualmente, a importância em melhorar as condições dos animais criados para consumo, incluindo a proibição do uso de gaiolas e de todos os sistemas que dependem do confinamento e de uma elevada densidade populacional. “O bem-estar animal é um requisito fundamental para o desenvolvimento de sistemas alimentares mais sustentáveis”, de acordo com os autores e co-signatários deste relatório.
“Herdámos o nosso modelo alimentar atual de uma visão de crescimento eterno, que remonta a uma época em que as questões ambientais não eram reconhecidas. Por conseguinte, há que mudar profundamente. A implementação de mudanças no sentido de uma produção mais baseada em plantas também traria benefícios em termos de saúde global e bem-estar animal, o que seria muito bem-vindo”, de acordo com Élodie Vieille Blanchard e Astrid Prevost.
11 Medidas Políticas para um futuro sustentável
As alterações climáticas e os problemas de saúde pública são algumas das razões por trás da urgente necessidade de mudança alimentar na Europa. E o relatório ‘Plant-Powered Politics’ promete ser um roteiro para esta mudança por via de 11 recomendações políticas.
Com foco em práticas agrícolas sustentáveis e numa transição para uma maior produção e consumo de proteínas de origem vegetal, este relatório defende um equilíbrio harmonioso entre oportunidades económicas, gestão ambiental, saúde pública e bem-estar animal.
“Uma estratégia europeia para alimentos de base vegetal seria um primeiro passo importante para a transição do nosso sistema alimentar”, afirma Rune-Christoffer Dragsdahl, Secretário-Geral da Sociedade Vegetariana da Dinamarca.
Num passo ambicioso em direção a escolhas mais saudáveis com impacto ambiental reduzido, são propostos impostos de saúde sobre a carne vermelha e processada. Dadas as associações estabelecidas entre estes alimentos e um risco elevado de cancro colorrectal, diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares, o relatório sublinha o papel dos decisores políticos em tornar os padrões de consumo mais saudáveis.
Um momento crucial para a Europa
A coligação de organizações por trás deste movimento acredita que as eleições europeias podem representar uma oportunidade para medidas transformadoras no sistema alimentar. Com as crescentes preocupações sobre as alterações climáticas, a saúde pública, o bem-estar dos animais e o esgotamento dos recursos, o relatório apresenta 11 recomendações políticas para resolver questões urgentes através de escolhas alimentares e reformas públicas.
Este relatório também está em linha com uma carta aberta enviada recentemente à presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, pela União Vegetariana Europeia, instando-a a defender as ambições do Pacto Ecológico Europeu e da estratégia do Prado ao Prato, tendo em vista a necessidade de uma transição para sistemas alimentares sustentáveis, a dar prioridade à reforma da Política Agrícola Comum e a demonstrar ambição na normativa da sustentabilidade do sistema alimentar, que deverá ser anunciada em breve.
Explora o relatório completo em proteinaverde.pt